O dronabinol, um medicamento à base de delta-9-tetrahidrocanabinol (THC) sintético, foi aprovado pela agência para medicamentos dos EUA em 1985 para tratar perda de peso em pacientes com AIDS. Hoje em dia, também é prescrito para as náuseas associadas à quimioterapia.
Esse medicamento marcou um avanço no uso medicinal da Cannabis, abrindo portas para que a comunidade científica reconhecesse o potencial terapêutico dos compostos da planta para outras condições de saúde. Estudos mostram que o dronabinol também pode ajudar no tratamento de dores crônicas, espasmos musculares e distúrbios do sono.
Nesse sentido, um estudo clínico recente observou que pílulas de dronabinol podem reduzir a agitação em pacientes com Alzheimer em até 30%. Comparando com a medicação convencional, como antipsicóticos, o THC sintético causou efeitos calmantes similares, mas sem os efeitos colaterais, como delírios e convulsões.
Dronabinol em comprimidos duas vezes ao dia
O estudo clínico foi feito por pesquisadores das universidades Johns Hopkins e Tufts, com os resultados apresentados na Conferência da Associação Internacional da Psicogeriatria, em Buenos Aires, na Argentina, em setembro de 2024.
No estudo, que durou oito anos, os pesquisadores selecionaram 75 pacientes com Alzheimer que tinham agitação grave. Para participar, os voluntários precisavam ter um diagnóstico confirmado da doença e apresentar sinais de agitação por pelo menos duas semanas.
Os pacientes passaram por uma avaliação antes do estudo para registrar os níveis de agitação antes do tratamento. Depois disso, os separaram em dois grupos: um recebeu 5 mg de dronabinol em pílulas e o outro recebeu um placebo. O medicamento foi administrado duas vezes ao dia por um período de três semanas.
Uma nova estratégia contra a agitação
Os resultados foram animadores e sugerem que o dronabinol tem potencial terapêutico para tratar a agitação em idosos com Alzheimer.
O grupo que tomou o THC sintético apresentou uma queda de 30% em média na pontuação de agitação após três semanas, enquanto o grupo que tomou o placebo não apresentou melhora. Além disso, o dronabinol não causou efeitos colaterais graves, sendo bem tolerado pelos pacientes.
Na conferência, Paul Rosenberg, um dos pesquisadores do estudo, falou sobre as novas perspectivas que os resultados dessa análise abrem para o tratamento do Alzheimer.
“Resultados como este são encorajadores. Estamos entusiasmados que o dronabinol aprovado pela FDA foi robustamente eficaz e pareceu seguro para o tratamento da agitação. A agitação é um dos sintomas mais angustiantes da demência de Alzheimer, e estamos satisfeitos em fazer avanços positivos no tratamento desses pacientes.
Isso adiciona outra ferramenta em nossos esforços para melhorar o cuidado de nossos entes queridos com doença de Alzheimer.”
Outro pesquisador, Brent Foster, também falou sobre os resultados e ressaltou a importância de tratar a agitação nesse tipo de paciente.
“É a agitação, não a perda de memória, que frequentemente leva os indivíduos com demência ao departamento de emergência e às instalações de cuidados de longo prazo. O dronabinol tem o potencial de reduzir os custos com assistência médica e causar um impacto positivo importante na saúde mental e física dos cuidadores.”
Os pesquisadores planejam continuar estudando os efeitos do dronabinol em pacientes com Alzheimer e explorar outros benefícios que o THC pode oferecer tanto para os pacientes quanto para os seus cuidadores.
Tratamentos com Cannabis para Alzheimer
Embora o estudo tenha usado um medicamento à base de THC sintético, os produtos feitos com derivados produzidos naturalmente pela planta Cannabis também têm benefícios para os pacientes com Alzheimer. Utilizando medicamentos ricos em THC e/ou canabidiol (CBD), é possível aliviar diversos sintomas do Alzheimer além da agitação, como:
- Insônia;
- Problemas alimentares;
- Irritabilidade;
- Perda de memória.
Estudos anteriores destacaram que o esses medicamentos podem melhorar o bem-estar e qualidade de vida dos pacientes e suas famílias, trazendo novas esperanças para essas pessoas. No entanto, a orientação de um profissional da saúde é fundamental para obter os melhores resultados.
Como iniciar um tratamento
Se você se interessou e quer começar um tratamento com medicamentos à base dos derivados da planta, é muito simples. De acordo com as regras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é necessário ter uma recomendação médica para adquirir a medicação de forma legal e segura. Para isso, é fundamental se consultar com um profissional da saúde experiente nesse tipo de prescrição.
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