A utilização de Canabidiol na Oncologia tem respaldo de diversos estudos, especialmente internacionais, reconhecidos por instituições como a ASCO (Sociedade Americana de Oncologia).
De acordo com a Dra. Carolina Nocetti, coordenadora da Academia Americana de Medicina Canabinoide, os benefícios dessa abordagem são vistos no alívio de sintomas provocados pela quimioterapia e radioterapia, além de ajudar no controle da dor decorrente do próprio câncer.
O Canabidiol também possui efeitos ansiolíticos, anti-inflamatórios e pode estimular o apetite. Isto é, embora não seja uma cura, ele pode oferecer uma vida mais confortável aos pacientes oncológicos.
A dor é um dos desafios mais recorrentes no tratamento do câncer, mas os pacientes ainda enfrentam uma série de outros problemas, como insônia, ansiedade e depressão.
Hoje, temos uma gama de evidências que demonstram como o Canabidiol pode auxiliar no controle de todos esses sintomas, ajudando na melhoria da qualidade de vida e aumentando a adesão ao tratamento convencional.
Com isso em mente, veja abaixo como funciona o tratamento com Canabidiol na Oncologia e o que esperar dessa abordagem:
- Quais são os benefícios do Canabidiol na Oncologia?
- Quais estudos apoiam o uso do Canabidiol na Oncologia?
- Como o Canabidiol é usado na Oncologia?
- Quais tipos de câncer podem ser tratados com Canabidiol?
- Como iniciar um tratamento à base de Cannabis medicinal?
Quais são os benefícios do Canabidiol na Oncologia?
Na Oncologia, os óleos e produtos derivados de Cannabis são prescritos principalmente no combate aos efeitos colaterais de tratamentos intensos contra o câncer.
Eles podem ajudar a amenizar sintomas como náuseas, vômitos, dor, oscilações de humor e até problemas de sono.
Especialistas notam que muitos pacientes conseguem reduzir a dependência de outros medicamentos ao integrar canabinoides em suas rotinas terapêuticas.
Outro benefício importante do Canabidiol é a sua habilidade de aliviar a dor, que costuma ser um desafio para quem enfrenta o câncer, seja pela doença em si ou como efeito colateral das terapias oncológicas.
Além disso, a ansiedade e depressão, condições frequentemente observadas entre pacientes com câncer, podem ser prevenidas e/ou gerenciadas com o uso de Canabidiol.
Outro benefício importante é a capacidade do composto em estimular o apetite, que muitas vezes fica comprometido durante a quimioterapia. Ao ajudar os pacientes a se alimentarem melhor, o Canabidiol pode facilitar a recuperação.
Dentre outros benefícios do Canabidiol na Oncologia, vale citar:
- Ajuda a reduzir a inflamação no corpo, potencialmente auxiliando na recuperação;
- Pode melhorar a qualidade do sono em pacientes que têm dificuldade para dormir;
- Ajuda a minimizar os efeitos colaterais associados à quimioterapia;
- Muitos pacientes relatam uma melhor qualidade de vida ao usar CBD durante o tratamento;
- Possui propriedades antioxidantes que podem ser benéficas para a saúde celular;
- Possivelmente auxilia no manejo de sintomas psicológicos associados ao câncer;
- Pode ajudar a aliviar a dor neuropática;
- O CBD pode potencializar a eficácia de outros medicamentos usados no tratamento do câncer.
É crucial lembrar, no entanto, que a utilização do Canabidiol deve ser sempre acompanhada por um profissional de saúde.
A interação do CBD com outros medicamentos e as particularidades da condição de cada paciente precisam ser cuidadosamente avaliadas.
Quais estudos apoiam o uso do Canabidiol na Oncologia?
Uma pesquisa online com 612 membros da comunidade Breastcancer.org, que relataram ter câncer de mama nos últimos cinco anos, revelou que 42% usavam Cannabis para alívio de sintomas como dor (78%), insônia (70%), ansiedade (57%), estresse (51%) e náusea/vômito (46%).
Além disso, 46% acreditavam que a Cannabis poderia ser eficaz no tratamento do próprio câncer. Entre os que faziam uso de Cannabis, 79% a utilizavam durante o tratamento (incluindo terapias sistêmicas e cirurgia).
Uma parte significativa dos participantes da pesquisa (42%) utilizou Cannabis para tratar os sintomas da doença.
A maioria dos pacientes que usavam Cannabis o fazia durante o tratamento ativo, mesmo considerando o risco de efeitos adversos nesse período delicado. Ainda assim, muitos acreditavam na segurança do uso da Cannabis.
Outra pesquisa transversal foi realizada com pacientes adultos diagnosticados com câncer em um centro de tratamento designado pelo National Cancer Institute.
Dos 2.737 pacientes elegíveis, 926 (34%) responderam à pesquisa. A maioria dos pacientes demonstrou grande interesse em aprender sobre o uso de Cannabis durante o tratamento e 74% preferiam receber essas informações diretamente dos seus médicos oncologistas.
O uso foi principalmente direcionado ao alívio de sintomas físicos (75%) e neuropsiquiátricos (63%). A legalização da Cannabis foi apontada como um fator que aumentou a probabilidade de uso em mais da metade dos entrevistados.
Como conclusão, este estudo revelou altas taxas de uso ativo de Cannabis entre pacientes com câncer em um estado onde a substância é legalizada.
No entanto, muitos relataram não receber informações suficientes de seus oncologistas sobre o uso de Cannabis durante o tratamento.
Como o Canabidiol é usado na Oncologia?
Devido aos efeitos colaterais indesejados dos tratamentos convencionais para o câncer, muitos pacientes têm optado por usar produtos à base de CBD como tratamento adjuvante para aliviar os sintomas relacionados à doença.
Estes produtos contêm CBD e/ou THC em diversas formas, como óleos, tinturas, cápsulas, comestíveis, tópicos, adesivos e sprays.
Eles têm demonstrado benefícios no alívio da dor, náusea, vômito, perda de apetite, caquexia, distúrbios do sono e ansiedade, contribuindo para uma melhor qualidade de vida em cuidados paliativos.
Ou seja: embora sua ação direta sobre as células cancerígenas ainda esteja sendo estudada, o Canabidiol ainda complementa as terapias oncológicas de forma altamente eficiente.
O Canabidiol substitui a quimioterapia?
O Canabidiol não substitui a quimioterapia, mas pode ser considerado como um complemento na maioria das situações.
Embora existam estudos que sugerem que o CBD pode ter propriedades anti-inflamatórias e até potencial anticancerígeno, ele não é um tratamento aprovado para câncer. A quimioterapia continua sendo uma abordagem mais indicada para este caso.
Além disso, algumas pessoas usam o CBD para ajudar a aliviar os efeitos colaterais da quimioterapia, como náuseas e dor.
Se alguém estiver considerando o uso de CBD para este fim, é importante discutir isso com um médico ou oncologista para garantir que o uso concomitante seja seguro.
Quais tipos de câncer podem ser tratados com Canabidiol?
Como dito anteriormente, o Canabidiol é, ainda, um tratamento complementar na Oncologia.
Por isso, cabe ressaltar que o CBD não cura o câncer, mas pode ser útil no alívio de sintomas associados à doença e na melhora aos tratamentos convencionais, como quimioterapia e radioterapia.
A pesquisa ainda está em andamento, e os resultados são preliminares, mas o CBD mostra potencial em algumas áreas. Aqui estão alguns tipos de câncer em que o CBD tem sido explorado:
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Câncer de pulmão
O câncer de pulmão permanece como uma das principais causas de mortalidade globalmente.
No entanto, tanto o CBD quanto o THC têm demonstrado potencial no tratamento direcionado desse tipo de câncer, devido à sua função na indução de apoptose em células cancerígenas pulmonares.
Por isso, uma revisão de estudos feita em 2022 avaliou os mecanismos antitumorais do CBD em células de câncer de pulmão.
Foram consultadas bases de dados utilizando termos específicos. Entre os 246 estudos identificados, nove foram selecionados e analisados.
Os resultados sugerem que o CBD exerce efeitos antineoplásicos diretos sobre células de câncer de pulmão, atuando por meio de diferentes mecanismos mediados pelos receptores canabinoides.
Em sua maioria, os estudos apontaram um papel da imunidade inata nos efeitos citotóxicos dos canabinoides em células de câncer de pulmão.
Esse efeito ocorreu por meio de receptores canabinoides.
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Câncer de mama
Estudos pré-clínicos indicam que os canabinoides podem ter efeitos positivos no tratamento de diferentes subtipos de câncer de mama.
Em um experimento feito em 2023, o CBD foi utilizado para tratar células de câncer de mama, seguido por uma terapia oncológica combinada in vitro.
As terapias convencionais contra o câncer de mama, como quimioterapia e radioterapia, são frequentemente associadas a efeitos colaterais graves, recorrência da doença e redução da qualidade de vida.
No estudo, as células cancerígenas foram expostas a várias concentrações de Canabidiol e incubadas por 12 e 24 horas. As doses mais eficazes foram então aplicadas na terapia combinada.
Os resultados demonstraram que, de forma dependente da dose, características clássicas de morte celular, como a vacuolização e formação de bolhas, foram observadas nas células tratadas.
As análises bioquímicas também revelaram aumento nos níveis de LDH, diminuição do ATP e redução da viabilidade celular.
Ou seja, o estudo apontou que o CBD induz a morte celular nas células cancerígenas, embora mais pesquisas sejam necessárias para confirmar isso.
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Câncer de cérebro
Os tumores cerebrais geralmente se originam a partir de células gliais, como os astrócitos, em vez de células neuronais.
Eles são classificados em uma escala da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 1 a 4, sendo que números mais altos indicam maior malignidade.
Entre os diversos tipos de tumores cerebrais, o astrocitoma é o tumor glial primário mais comum, representando cerca de 60% dos diagnósticos de tumores cerebrais primários.
Tumores malignos de alto grau do sistema nervoso central (SNC) estão entre os mais letais e, nas últimas duas décadas, não houve grandes avanços no desenvolvimento de terapias eficazes para esses casos.
Um estudo de 2023 indica que os canabinoides podem ajudar na inibição do crescimento de células tumorais, por meio da regulação de proteínas e fatores nucleares envolvidos nos processos de sobrevivência e morte celular.
Um exemplo disso é a inibição da adenilil ciclase através da ativação dos receptores canabinoides CB1 e CB2, o que aciona diversas vias metabólicas que resultam na inibição do crescimento celular.
A indução de apoptose em células de glioma através do uso de canabinoides foi primeiramente descrita por Manuel Guzman em 1998.
Em seu estudo, foi observado que um agonista sintético dos receptores CB1 e CB2 (WIN 55,212-2) causava efeitos apoptóticos em células de glioma derivadas de ratos.
Experimentos subsequentes demonstraram que a aplicação local de THC ou WIN55,212-2 reduziu o tamanho de tumores de células de glioma, resultando na erradicação completa dos tumores e no aumento da sobrevivência de aproximadamente um terço dos animais tratados.
Esses achados sugerem que os canabinoides têm um grande potencial como adjuvantes no tratamento de tumores cerebrais malignos.
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Câncer de próstata
Um estudo realizado pela Associação Americana de Pesquisa de Câncer (AACR) revelou que o Canabidiol pode auxiliar na inibição do crescimento tumoral no câncer de próstata.
Os cientistas sul-africanos Lesetja Raymond Motadi e Nonhlanhla Moleya analisaram diferentes concentrações de extrato full spectrum de Cannabis, em combinação com o agente quimioterápico Cisplatina.
Os resultados indicaram que o efeito do CBD no câncer de próstata ocorre principalmente pela indução da morte das células cancerígenas PC3, o que acontece através da inibição da proteína RBBP6.
Os pesquisadores então concluíram que o Canabidiol pode ser uma terapia adjuvante viável para tratar células de câncer de próstata, em combinação com tratamentos convencionais, resultando na redução da progressão da doença.
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Câncer de cólon
O Canabidiol também demonstrou efeitos positivos no combate às células cancerígenas do cólon, de acordo com uma pesquisa publicada no Journal of Pharmaceutical Analysis.
O artigo revelou que o CBD não apenas pode inibir o crescimento das células cancerígenas, como também potencializa a eficácia de tratamentos imunoterápicos.
Experimentos com animais mostraram que o Canabidiol afeta células do sistema imunológico conhecidas como macrófagos, que auxiliam na defesa do organismo, eliminando células e partículas indesejadas.
Contudo, no contexto do câncer, esses macrófagos podem, paradoxalmente, contribuir para a proliferação tumoral. A atuação do Canabidiol reverte essa dinâmica, transformando os macrófagos em aliados contra o câncer.
O estudo indicou que o CBD inibe a ativação alternativa dos macrófagos, restabelecendo assim suas propriedades antitumorais naturais.
Adicionalmente, a plasticidade dos macrófagos mediada pelo CBD melhorou a resposta de camundongos tratados com a imunoterapia.
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Câncer de pâncreas
Apesar de não ser um dos tipos mais comuns, o câncer de pâncreas ocupa a décima quarta posição nas estatísticas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) e é responsável por um número significativo de óbitos.
Essa elevada taxa de mortalidade pode ser atribuída ao fato de que esse tipo de tumor maligno geralmente não apresenta sintomas nos estágios iniciais.
A respeito de suas formas de manejo, em um estudo publicado na revista Scientific Reports, pesquisadores investigaram o potencial anticancerígeno de um extrato que combina CBD e THC na proporção de 6:1.
Os resultados mostraram que o extrato inibiu a proliferação de células tumorais em modelos animais.
Essa inibição foi avaliada por meio de dois indicadores: um aumento na taxa de apoptose (morte celular programada) e uma diminuição na taxa mitótica (divisão celular) nas células do câncer de pâncreas.
A equipe conduziu testes com três diferentes dosagens do extrato, de 1, 5 e 10 mg por quilo, mas os efeitos observados foram semelhantes em todas as concentrações.
Os achados revelaram que os canabinoides induziram a apoptose através da regulação positiva de certas proteínas, além da regulação negativa da proteína BCL-2, um processo conhecido como via intrínseca de apoptose.
Além disso, as análises não detectaram metástases ou sinais de inflamação, sugerindo que os canabinoides conseguiram inibir o crescimento tumoral sem causar efeitos colaterais grandes.
Apesar dos resultados promissores, são necessárias mais pesquisas, especialmente em humanos, para avaliar a segurança e a eficácia desse tratamento para o câncer de pâncreas.
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Leucemia
Recentemente, uma pesquisa publicada na revista Nature trouxe à tona que os canabinoides podem ter efeitos benéficos no combate à leucemia, com foco na leucemia mieloide aguda.
Em termos simples, os achados sugerem que os compostos da Cannabis podem causar a morte de células cancerígenas ao interagir com o sistema endocanabinoide do corpo.
Pesquisadores da Universidade de Sevilha, na Espanha, conduziram experimentos tanto em células quanto em modelos animais utilizando um canabinoide sintético conhecido como WIN-55.
Esse composto se liga aos receptores canabinoides tipo 1 (CB1), assim como o delta-9-tetrahidrocanabinol (THC), que é um dos principais componentes da Cannabis.
Os resultados foram promissores, revelando que o WIN-55 apresenta um efeito antileucêmico notável, superando até mesmo a citarabina, um medicamento injetável utilizado no tratamento da leucemia mieloide aguda.
Os animais tratados com o canabinoide mostraram uma taxa de sobrevivência superior em comparação aos que receberam placebo ou citarabina.
Além disso, os pesquisadores identificaram que o canabinoide sintético provoca a morte das células cancerígenas através de um mecanismo chamado Parthanatos, que é uma forma de morte celular programada.
Importante destacar que o WIN-55 não afetou células saudáveis, como ocorre em terapias oncológicas convencionais.
Como iniciar um tratamento à base de Cannabis medicinal?
Iniciar um tratamento com Cannabis medicinal é possível, desde que o paciente siga adequadamente as resoluções da Anvisa a respeito da obtenção de produtos canabinoides.
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Conclusão
O uso do Canabidiol na Oncologia é uma abordagem promissora que complementa os tratamentos convencionais, proporcionando alívio dos sintomas que pacientes com câncer normalmente experimentam.
E, devido ao avanço das pesquisas e surgimento de novas evidências a respeito deste composto, é muito importante manter-se informado sobre as aplicações clínicas e benefícios que ele pode oferecer.
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