Você sabia que a terapia canabinoide pode ser uma alternativa eficaz para o manejo de condições como estresse, ansiedade e insônia?
No contexto do Setembro Amarelo, o portal Cannabis e Saúde promoveu mais uma live que abordou a relação entre a Cannabis e a saúde mental. Durante nossa transmissão, a Dra. Fernanda Valente Schultz, médica psiquiatra, trouxe uma perspectiva humanizada sobre a psiquiatria e o uso de produtos à base de Cannabis no tratamento de transtornos mentais, como estresse, ansiedade e depressão.
A Dra. Fernanda discutiu como a terapia canabinoide pode proporcionar uma abordagem diferenciada e segura para pacientes que não respondem bem aos tratamentos convencionais ou que buscam alternativas com menos efeitos colaterais.
Igualmente, a live destacou a importância de discutir o uso medicinal da Cannabis sob um viés científico e empático, incentivando o diálogo aberto sobre os benefícios e limitações dessa terapia no cuidado integral da saúde mental.
Cannabis e uma abordagem humanizada da psiquiatria
Segundo a profissional, a abordagem humanizada no tratamento com Cannabis é aplicada de várias maneiras. Primeiramente, focando no paciente como um todo e não apenas na condição médica específica.
Para ela, a importância de ouvir atentamente as preocupações e experiências dos pacientes ajuda a entender melhor suas necessidades e expectativas em relação ao tratamento.
E a personalização do tratamento com fitocanabinoides vai ao encontro desse atendimento. Já que a dosagem e a combinação de canabinoides (como CBD e THC) são ajustadas com base nas características individuais e resposta ao tratamento.
“A minha postura é sempre colocar o sujeito como protagonista do seu cuidado. E sempre me incomodou muito a postura mais arbitrária da medicina em que eu mando e o paciente obedece, por exemplo. Nunca fiquei confortável com isso e também com o modo até, muitas vezes, manicomial. Sempre fui uma militante de muitos anos de SUS da luta antimanicomial e antiproibicionista. Sempre me incomodou o modo como a medicalização era tratada”, pontuou.
Além disso, a Dra. Fernanda destacou que pacientes são encorajados a participar ativamente do processo, monitorando seus sintomas e relatando suas experiências, o que permite ajustes no tratamento conforme necessário. Ademais, ela também aborda outros aspectos da saúde, como alimentação, sono e exercícios, promovendo um estilo de vida saudável que complementa o tratamento.
A história da Dra. Fernanda com a terapia canabinoide
“Antes de eu começar estudar a Cannabis já prescrevia aromaterapia, por exemplo. E ao contrário do que a maioria dos colegas tem como história que é uma alguma história pessoal, o meu primeiro contato com a Cannabis foi através do meu cachorro. O Barth, meu cachorro, ele estava idoso já com várias questões de dor, artrose e também o início de um processo demencial. Foi prescrito Cannabis e aí eu vi ele voltar a levantar pata para fazer xixi, assim foi o meu início com Cannabis”, contou a médica logo no início da transmissão.
É possível contar com Cannabis para o controle do estresse?
De acordo com o estudo da International Stress Management Association, o Brasil cerca de 70% da população brasileira ativa sofre com o estresse, seja de forma aguda ou crônica. Específicamente sobre o estresse, a Dra. Fernanda relatou que o estresse começa no reconhecimento de algo estressante.
“O estresse pode ser físico, emocional e até químico. São muitos fatores. O que eu reconheço como estresse tem a ver com a minha história e com os traumas que eu tive anteriormente. Quando o sistema endocanabinoide está tonificado se sente o luto, se é afetado pelas coisas mas não se fica preso a isso. Tem uma frase de um ex-professor neurocientista, e farmacêutico, que diz que o estresse é o cigarro do século XX. E hoje morrem muito mais pessoas com doenças provocadas pelo estresse crônico do que pelo uso crônico do cigarro. Em algum momento o cigarro foi chique, as pessoas tinham tinham status de fumar. Depois ele passou a ser tolerável e depois passou a ser alvo de combate. E o estresse também. Em algum momento a gente achou que era chique, legal dizer que trabalhava mais horas do que a carga horária e que não tinha dormido à noite. Hoje, ele é naturalizado e a tendência é que a gente parta para esse lugar de ter de fato um políticas para combate ao estresse”.
Cannabis e antidepressivos
Quando questionada pela audiência sobre a possibilidade de combinar Cannabis e antidepressivos, a Dra. Fernanda explicou que, em muitos casos, a Cannabis pode oferecer uma sensação de leveza e ajudar a atenuar os efeitos colaterais dos medicamentos alopáticos:
“Penso que a Cannabis salva a alopatia. Porque a gente consegue fazer uma regulação orgânica das coisas que a própria alopatia vai desregulando. Então há um ganho porque a gente consegue usar com menos doses. Não são todos que usam juntos. E em alguns casos eu consigo retirar toda a medicação”.
Por fim, a médica enfatizou que a utilização da Cannabis medicinal na psiquiatria representa uma verdadeira mudança de paradigma. Essa abordagem inovadora abre novas possibilidades de tratamento, permitindo que os profissionais da saúde explorem alternativas que podem ser mais eficazes e com menos efeitos colaterais para os pacientes. A introdução da Cannabis no contexto psiquiátrico não apenas amplia as opções terapêuticas disponíveis, mas também convida a uma reflexão mais profunda sobre como podemos integrar diferentes abordagens no cuidado da saúde mental, promovendo assim um tratamento mais holístico e personalizado.
Assista a live com a Dra. Fernanda Valente Schultz aqui.
𝗜𝗺𝗽𝗼𝗿𝘁𝗮𝗻𝘁𝗲: O acesso legal à Cannabis medicinal no Brasil é permito mediante indicação e prescrição de um profissional de saúde habilitado. Caso você tenha interesse em iniciar um tratamento com canabinoides, consulte um profissional com experiência nessa abordagem terapêutica.
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