Dra. Bárbara Costa Nicácio, médica psiquiatra, compartilhou sua trajetória como prescritora de Cannabis medicinal, abordando desde seus primeiros estudos até os resultados obtidos em seus pacientes.
“A primeira vez que tive contato com o tema e comecei a considerar a prescrição foi quando assisti a uma palestra de um ortopedista sobre o manejo de dor crônica com a Cannabis”, relembra.
A partir desse momento, Dra. Bárbara iniciou seus estudos na área, motivada por uma curiosidade pessoal. Seu primeiro caso de prescrição ocorreu com uma paciente com fibromialgia, que não estava respondendo bem aos tratamentos convencionais.
“Como ela já estava utilizando outras medicações sem sucesso, resolvemos tentar. Essa foi a primeira vez que prescrevi, e o resultado foi excelente. A paciente teve uma ótima resposta, algo que ela nunca havia experimentado com outros medicamentos. Fiquei impressionada e, a partir daí, comecei a aprofundar meus estudos e a trazer a cannabis para minha prática clínica de forma mais frequente.”
O uso da Cannabis na psiquiatria
A médica observa que, em muitos casos, a Cannabis tem ajudado a minimizar os efeitos colaterais dos medicamentos alopáticos tradicionais.
“Tenho pacientes que utilizam apenas Cannabis, mas a maioria ainda combina com medicamentos convencionais, como antidepressivos. Uma das razões que me leva a prescrever Cannabis é justamente quando o paciente não tolera os efeitos colaterais das medicações de primeira escolha”, afirma
Dra Bárbara ressalta que, na psiquiatria, geralmente os fitocanabinoides não são a primeira opção, mas quando o paciente não está bem com o tratamento convencional, a combinação com Cannabis pode ajudar a reduzir a dose dos medicamentos e, consequentemente, os efeitos colaterais.
Possibilidade de desmame de medicamentos alopáticos
A médica também destaca a possibilidade de desmame de medicamentos alopáticos, especialmente em casos de dor crônica.
“Quanto ao desmame de medicamentos alopáticos, é possível sim, especialmente em casos de dor crônica, onde podemos reduzir ou até eliminar o uso de analgésicos e opioides, que são medicamentos viciantes e têm efeitos colaterais intensos. O paciente tendo essa disposição e a gente conseguindo melhorar a dor dele, conseguimos desmamar. Isso é muito bacana”, ressalta.
Dra. Bárbara observa que a maioria dos pacientes que a procuram já estão informados sobre a Cannabis medicinal e propõem o uso.
“Eu não sou aquela médica que acha ruim que o meu paciente entre no Google e pesquise. Pelo contrário, acho que ele deve procurar saber o que tem”, afirma. Contudo, ela ressalta a importância de alinhar as expectativas dos pacientes, especialmente aqueles que ainda não passaram por tratamentos convencionais.
“A maioria dos meus pacientes, atualmente, são pessoas que já utilizam tratamento convencional, pesquisaram e vêm buscando algo diferente.”
Em termos de condições tratadas, Dra. Bárbara aponta que os principais motivos de procura têm sido autismo adulto, ansiedade e fibromialgia.
“Autismo adulto é uma área que tenho trabalhado bastante, e a Cannabis tem mostrado bons resultados, especialmente em questões como ansiedade social, padrão alimentar e distúrbios de sono”, explica.
Ela observa que, apesar de muitos estudos focarem no uso da Cannabis em crianças e adolescentes, os adultos também têm se beneficiado, embora a abordagem seja diferente devido à presença de outras comorbidades.
Para Dra. Bárbara, a Cannabis medicinal oferece uma ferramenta adicional e valiosa no tratamento de condições psiquiátricas, ajudando a melhorar a qualidade de vida dos pacientes e facilitando mudanças comportamentais necessárias para o tratamento eficaz.
“A prescrição da Cannabis vem no detalhe… Às vezes, a pessoa está com uma dor muito importante e ao usar um Cannabidiol, por exemplo, e sentir que melhorou, aquilo impulsiona que ela faça mudanças comportamentais.”
Concluindo, a psiquiatra destaca que, embora ainda haja resistências, especialmente no campo acadêmico, a receptividade entre os pacientes está crescendo. “A maioria propõe o uso, e isso é ótimo, porque as expectativas estão alinhadas e o tratamento tem muito mais chances de ser bem-sucedido.”
Consulta com especialistas
Conforme a RDC 660 da ANVISA, o uso legal de Cannabis medicinal no Brasil é autorizado mediante a recomendação e prescrição de um profissional de saúde qualificado.
Para avaliar se a Cannabis é uma alternativa viável, é essencial contar com a orientação de um médico especializado. Para marcar uma consulta com a Dra. Bárbara clique aqui ou acesse nossa plataforma de agendamentos.