Antes de se decidir pela especialização em psiquiatria, Gustavo Amaral Modesto já era diferente de seus colegas da faculdade de medicina. Não ficava com medo ou fugia dos pacientes quando, no quinto ano, as aulas eram no pronto-socorro psiquiátrico. “Eu vi que os meus colegas corriam e eu, pelo contrário, me sentia muito bem, muito à vontade, juntamente às pessoas que estavam em surto.”
“Minha avó tinha hábito no interior de Minas de fazer comida e iam todos os doidinhos da cidade na casa dela comer. Eu cresci em um contexto de muita proximidade com pessoas com transtorno mental”, completou Modesto.
Foi quando teve certeza de que a psiquiatria seria seu caminho. Estava feliz com a profissão, utilizando os medicamentos alopáticos convencionais, embora pelo menos um terço dos pacientes fossem resistentes ao tratamento.
O alto número de casos refratários na psiquiatria, no entanto, não é bem uma novidade. É algo dado como padrão dentro da profissão e, seguindo à risca o que é ensinado na faculdade, não há muito o que fazer.
Porta de entrada
Tanto que, em 2019, quando conheceu o potencial terapêutico da Cannabis medicinal em um curso ministrado pela psiquiatra Ana Hounie, não deu muita atenção. “Não estava fazendo nada mesmo e fiz o curso. Não botei tanta fé, mas gostei.”
Até que começou a pandemia. “Percebi que vinha muita gente procurar atendimento sem estar necessariamente doente. A pessoa está mais com uma preocupação e eu comecei, em vez de passar Cannabis para pacientes refratários, a receitar para casos leves de ansiedade e insônia.”
“Para aqueles pacientes que não tinham a necessidade de tomar um remédio sintético, mas não poderiam ficar desamparados, comecei a prescrever. Tive uma resposta muito boa, tanto em melhora do paciente, quanto em retorno de procura no consultório.”
Apesar dos bons resultados, quanto mais se aprofundava no universo da Cannabis, mais ficava incomodado. “Eu percebi que o pessoal da Cannabis sabia muita coisa de medicina que eu não sabia. Componentes da medicina integrativa e ortomolecular, com uso de hormônios, suplementação, fitoterápicos.”
“A Cannabis me despertou para a medicina que eu mais gosto de fazer mesmo, que é a medicina ortomolecular. Ir na essência do corpo da pessoa e ver o que está faltando.”
Psiquiatria integral
“A Cannabis não é meu carro chefe. Ela é uma ferramenta, das melhores que tenho, quando preciso medicar, mas muitas vezes eu não preciso medicar o paciente. Eu suplemento com vitaminas, hormônios e outros fitoterápicos. Quando eu vou medicar, a Cannabis é uma das minhas primeiras opções.”
“Obviamente, depende muito da gravidade. Com um paciente suicida, eu não vou entrar isoladamente com a Cannabis. Vou entrar com medicações psiquiátricas convencionais, das quais a gente conhece a eficácia, por questões éticas. Mas, no dia a dia, a prescrição de Cannabis é muito boa.”
O medicamento canabinoide demonstra seu benefício principalmente em pacientes com dor. “Tem muita associação de depressão com dor.”
“Por exemplo, uma mulher de 40 anos com depressão e fibromialgia. Ela melhorava, mas não totalmente. Não recuperava funcionalidade só com o tratamento convencional. Eu entrei com a Cannabis e milagrosamente, vamos dizer assim, cessaram as dores e ela voltou a trabalhar. É o tipo de coisa que acontece com muita frequência.”
Redução de danos
“A Cannabis entrega uma resposta boa, com muito menos efeito colateral. Por exemplo, os efeitos colaterais mais comuns dos antidepressivos são a diminuição de libido e ganho de peso.”
“É um problema grande, pois a gente abre mão dessa qualidade de vida pelo tratamento. Com a Cannabis, não. Como a Cannabis não tem tantos efeitos colaterais, eu consigo beneficiar o paciente, mesmo não deixando de prescrever o convencional.”
“Em vez de associar três psicotrópicos, associo a Cannabis a um só. Evita a polifarmácia, a necessidade de mais outros medicamentos e, consequentemente, os efeitos colaterais.”
Em seu consultório, as indicações de Cannabis mais comuns são para o tratamento de depressão, ansiedade, transtorno bipolar, fibromialgia, insônia e dependência química.
“Tenho um paciente com esquizofrenia que usava Cannabis fumada ilícita. THC em excesso prejudica a esquizofrenia. É controverso, mas eu prescrevo flores ricas em CBD e com pouquíssimo THC. Eu nunca passo a flor para quem não fuma, mas é uma situação em que eu acabo prescrevendo.”
“Para TDAH eu prescrevo bastante. Com Burnout a resposta é impressionante. Mas tudo isso eu estou falando da Cannabis associada ao tratamento integrativo completo. Nunca faço a prescrição isolada da Cannabis e pronto.”
O mundo amplo da psiquiatria
“A Cannabis age nos sintomas, equilibrando o corpo. Ela já ajuda a pessoa a aliviar o sintoma, enquanto eu vou suplementar, desinflamar ou cuidar, por exemplo, da tireoide dessa paciente. Ou repor o ferro, porque, às vezes, o ferro tá muito baixo, a pessoa tá com depressão, mas é uma fadiga na verdade.”
A Cannabis abriu caminho para que Modesto pudesse praticar uma psiquiatria que cuidasse do organismo do paciente como um todo. “Eu já fui convencional um dia e até critiquei algumas vezes essa medicina mais integrativa, mas eu entendo que é por falta de conhecimento.”
“O médico costuma ser uma pessoa muito séria. O que a gente aprendeu na faculdade, a gente leva à risca. Só que existe um mundo muito mais amplo que o da faculdade. Eu entendo muito bem as pessoas não se abrirem a isso, pois não é fácil encontrar informação de confiança.”
Recuperação completa
“Tem gente que trata a Cannabis como um milagre. Ela é uma ferramenta poderosa, mas é um medicamento. Um medicamento fitoterápico maravilhoso, mas o corpo não é simplesmente o uso de uma medicação. É uma coisa completa.”
“Mesmo o pessoal da Cannabis tem que olhar para todo o corpo, não simplesmente medicar. Acho justo medicar se evita o sofrimento do paciente, mas tem que ir atrás da causa. A pessoa ter uma recuperação completa e não ficar dependendo de medicamento a vida toda. Ainda que esse medicamento seja a Cannabis.”
Agende sua consulta
Se você busca um psiquiatra que faça mais que simplesmente receitar medicamentos, você pode clicar aqui para agendar uma consulta com o médico Gustavo Amaral Modesto.
Pela plataforma de agendamento do portal Cannabis & Saúde, você tem acesso a mais de 250 profissionais da saúde prescritores de Cannabis medicinal. São médicos, dentistas e fisioterapeutas com diversas especialidades e experiência na prescrição e acompanhamento do tratamento canabinoide.
Se você é médico, dentista ou fisioterapeuta, prescreve Cannabis medicinal e deseja fazer parte da plataforma de agendamento do portal Cannabis & Saúde, clique em um dos links abaixo: