A quimioterapia, embora essencial no combate ao câncer, pode trazer consigo uma série de efeitos colaterais que impactam significativamente a qualidade de vida dos pacientes. Entre os desafios mais comuns estão as náuseas e vômitos.
Mesmo que existam medicamentos eficientes para controlar esses efeitos colaterais, nem sempre eles conseguem ser totalmente eficazes. Por outro lado, os avanços da medicina têm permitido o desenvolvimento de novas abordagens para melhorar o bem-estar dos pacientes oncológicos.
Uma dessas alternativas que vem ganhando força é o uso da Cannabis, devido à sua eficácia no alívio destes sintomas e ao seu perfil de segurança. Nesse contexto, pesquisadores australianos realizaram um estudo clínico duplo-cego, controlado por placebo para avaliar se um extrato com canabinoides para uso oral poderia controlar as náuseas e vômitos causados pela quimioterapia.
A importância da quimioterapia
A quimioterapia é um tipo de tratamento usado para combater o câncer com medicamentos específicos. Esses medicamentos viajam pelo corpo e tentam matar as células cancerígenas para impedir que elas se espalhem. Porém, durante esse processo, essas substâncias também afetam as células saudáveis, causando efeitos colaterais, como fadiga, náuseas, enjoos e vômitos.
Os médicos indicam esse tratamento por ser uma maneira eficaz de combater o câncer ou, pelo menos, impedir que ele cresça e afete mais órgãos. Por isso, eles também costumam prescrever medicamentos antieméticos, que ajudam a evitar ou diminuir os efeitos colaterais da quimioterapia. É nesse sentido que a Cannabis se destaca como um antiemético natural, proporcionando benefícios especialmente para os pacientes com náuseas e vômitos refratários aos medicamentos convencionais.
O estudo clínico Oral Cannabis Extract for Secondary Prevention of Chemotherapy-Induced Nausea and Vomiting: Final Results of a Randomized, Placebo-Controlled, Phase II/III Trial foi publicado no Journal of Clinical Oncology e investigou a propriedade antiemética de um extrato com os componentes mais abundantes da planta, delta-9-tetrahidrocanabinol (THC) e canabidiol (CBD).
Atenuando os efeitos colaterais da quimioterapia
Entre 2016 e 2022, os pesquisadores selecionaram 147 pacientes submetidos a quimioterapia com grande potencial para causar náuseas e vômitos. Todos já recebiam medicação antiemética, seguindo as diretrizes médicas, porém não conseguiam o alívio esperado. Eles foram divididos em dois grupos: um recebeu três doses diárias em cápsulas contendo 2,5 mg de THC e 2,5 mg de CBD, enquanto o outro grupo recebeu um placebo.
De acordo com os resultados, o grupo que recebeu o medicamento com Cannabis teve melhoras significativas no controle dos sintomas em comparação ao grupo placebo. A taxa de resposta completa, que significa a ausência total de vômitos ou necessidade de medicamentos de resgate, foi de 24% no grupo que tomou os canabinoides, em contraste com os 8% do grupo placebo.
Embora os pesquisadores não tenham conseguido descrever com precisão qual o mecanismo pelo qual a planta alivia esses efeitos colaterais da quimioterapia, outras pesquisas indicam que esse enjoos são resultado de uma complexa interação com os receptores de serotonina, dopamina e canabinoide 1 (CB1).
Na conclusão do artigo, os pesquisadores reforçaram os resultados em pacientes que não obtiveram melhoras com os antieméticos convencionais.
“THC:CBD é um complemento eficaz para náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia, apesar da profilaxia antiemética padrão, mas foi associado a eventos adversos adicionais. A disponibilidade do medicamento, atitudes culturais, status legal e preferências podem afetar a implementação.”
Poucos efeitos adversos
Entretanto, alguns pacientes relataram efeitos colaterais da terapia com canabinoides. Entre os mais comuns estavam sedação (18% dos pacientes que usaram o medicamento com Cannabis), tontura (10%) e ansiedade transitória (4%). Nenhum evento adverso grave foi atribuído ao tratamento com Cannabis, porém esses efeitos mais brandos precisam ser levados em consideração ao se discutir a planta como complemento.
Enquanto aguardamos mais estudos nesse sentido, já sabemos que a combinação 1:1 de THC e CBD pode oferecer alívio onde outras opções falharam. Isso pode representar um grande avanço na qualidade de vida de pessoas em tratamento contra o câncer.
A opinião de uma paciente
Os pacientes em tratamento de câncer podem se beneficiar dos tratamentos com Cannabis de várias maneiras. Além de combater as náuseas causadas pela quimioterapia, também ajuda na ansiedade, na insônia, nas dores e estimula o apetite. Por proporcionar essa melhora ampla na qualidade de vida, muitos pacientes oncológicos incluem a planta para complementar a terapia.
Na nossa sessão “Histórias de pacientes”, contamos a história de uma paciente que seguiu por esse caminho e prosperou. Em seu relato, Marilene de Oliveira descreveu como o CBD a ajudou a lidar com alguns sintomas da quimioterapia.
Ela recebeu o diagnóstico de um câncer de mama que já tinha se espalhado e afetado alguns ossos, o que lhe causava dores intensas. Seguindo os conselhos da filha, ela procurou um profissional da saúde para incluir a planta no tratamento, e a mágica aconteceu, como ela nos contou.
“Se hoje eu consigo curtir meus netinhos, passear com a minha irmã, fazer caminhadas, me dedicar aos trabalhos voluntários na igreja, continuar morando sozinha, ser independente, fazer planos futuros e me manter otimista assim, é porque a Cannabis me ajuda a viver sem dores e com muito mais qualidade. Eu só agradeço!”
Leia aqui a história completa da Marilene.
Como iniciar um tratamento com Cannabis
É possível seguir o mesmo caminho que a Marilene e complementar o tratamento contra o câncer com Cannabis. Para isso, é necessário que um médico experiente nesse tipo de prescrição acompanhe o processo indicando as melhores dosagens e os produtos mais adequados para o seu caso.
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