Os benefícios do canabidiol (CBD) no controle de convulsões são amplamente estudados e conhecidos, porém ainda há pouca informação sobre a eficácia do canabinoide no caso das convulsões causadas pelo complexo da esclerose tuberosa.
Recentemente, um estudo revelou resultados promissores sobre o uso do CBD em pacientes com complexo da esclerose tuberosa a longo prazo. O uso de canabidiol demonstrou alta eficácia na redução da frequência de convulsões, com alguns pacientes relatando ausência total de crises.
Os resultados do estudo Long-term efficacy and safety of cannabidiol in patients with tuberous sclerosis complex: 3-year results from the cannabidiol expanded access program indicam que o CBD pode ser um complemento para os tratamentos com medicamentos anticonvulsivos e proporcionar uma transformação considerável na qualidade de vida dos pacientes com o complexo da esclerose tuberosa e das pessoas ao seu redor.
O complexo da esclerose tuberosa
A epilepsia refratária é um dos sintomas mais graves do complexo da esclerose tuberosa, no entanto essa condição pode impactar vários órgãos vitais. A medicação anticonvulsivante frequentemente não é eficaz nesses pacientes, e as crises podem causar danos permanentes ao cérebro, resultando em atraso no desenvolvimento e comprometimento cognitivo.
O complexo da esclerose tuberosa é uma desordem genética que resulta na formação de tumores benignos em diferentes partes do corpo, como cérebro, pele, olhos, rins e coração. Também chamada de epiloia ou de síndrome de Bourneville-Pringle, essa é uma doença crônica que costuma se manifestar na infância, embora também seja possível que ela se manifeste na idade adulta.
Dada a gravidade dessa condição e a eficácia do CBD em tratar crises epilépticas, regulamentações estaduais em todo o Brasil incluem o complexo da esclerose tuberosa entre as condições elegíveis para o tratamento com produtos à base de Cannabis fornecidos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Avaliando o tratamento com CBD para o complexo da esclerose tuberosa
Realizado nos EUA, o estudo avaliou a segurança e a eficácia do CBD em pacientes com esclerose tuberosa por três anos. O estudo foi parte de um programa de acesso expandido, que oferece medicamentos à base da planta para pessoas que tinham convulsões que não respondiam aos tratamentos convencionais. Para ampliar o escopo do estudo, os pesquisadores envolveram 35 centros de tratamento de epilepsia de referências no país.
Algumas das etapas do estudo foram:
- Seleção dos pacientes: 34 pacientes com o diagnóstico do complexo da esclerose tuberosa foram incluídos no estudo. Todos já utilizavam algum medicamento anticonvulsivo, alguns chegavam a utilizar 7 medicamentos.
- Administração do CBD: Os participantes receberam um tratamento com Epidiolex, um medicamento que contém canabidiol isolado. Inicialmente, eles receberam de 2 a 10 mg/kg por dia. Posteriormente a dose passou por ajustes até chegar a um teto de 25 a 50 mg/kg por dia.
- Monitoramento de convulsões: A eficácia foi medida pela mudança na frequência mensal de convulsões ao longo de todo o período de análises.
- Avaliação dos efeitos colaterais: Durante o período do estudo e algumas semanas após o término, os pesquisadores avaliaram os eventos adversos ligados ao tratamento com canabidiol.
Os resultados demonstraram a eficácia do CBD na redução das convulsões entre os participantes.
- 13% dos pacientes ficaram completamente livres de convulsões;
- Entre 45% e 75% dos pacientes observaram uma redução de 50% ou mais no número de crises;
- Entre 25% e 65% dos pacientes relataram uma redução de 75% ou mais no número de crises;
No artigo, os pesquisadores destacaram que alguns participantes reduziram as doses de outros medicamentos anticonvulsivantes durante o período do estudo.
“A maioria dos pacientes apresentou reduções de dose de medicamentos anticonvulsivantes concomitantes durante o tratamento com CBD, embora as razões para a redução da dose não tenham sido monitoradas especificamente. Dos medicamentos anticonvulsivantes concomitantes com doses ajustadas, a maior porcentagem de reduções de dose ocorreu com valproato concomitante (83% dos pacientes) e clobazam (80% dos pacientes), ambos conhecidos por interagir com CBD.”
CBD isolado e efeitos colaterais
O Epidiolex foi o primeiro medicamento com um ingrediente ativo da Cannabis a receber autorização da FDA (agência que faz o mesmo trabalho que a Anvisa no Brasil) nos EUA. Por lá, médicos podem prescrever para o tratamento de epilepsia relacionada a diversas condições de saúde. Entretanto, esta foi a primeira vez que cientistas avaliaram esse produto nos pacientes com complexo da esclerose tuberosa.
Os efeitos colaterais mais comuns foram sonolência e diarreia, a maioria leve e com melhora após o ajuste da dose. Nesse sentido, o estudo também revelou um perfil de segurança elevado do CBD para manejar os sintomas desse tipo de paciente.
Pacientes que se tratam com Cannabis
Os resultados do estudo se somam a outras evidências científicas apoiando o uso de longo prazo do CBD para pacientes com o complexo da esclerose tuberosa. Um estudo anterior já havia identificado essas propriedades do canabinoide.
Além disso, na nossa sessão “Histórias dos pacientes”, contamos o caso da jovem Emanuelle. Ela recebeu o diagnóstico ainda bebê com a esclerose tuberosa e chegou a ter mais de 100 convulsões em apenas um dia.
Após incluir o canabidiol no tratamento, as convulsões diminuíram, permitindo que ela fizesse coisas de criança, como brincar, sorrir, interagir e até reclamar das pessoas.
Leia aqui a história completa da jovem Emanuelle.
Como iniciar um tratamento com Cannabis
Tanto os resultados de estudos científicos quanto a história de sucesso da Emanuelle mostram que a Cannabis é uma alternativa terapêutica promissora para pessoas com diversos tipos de epilepsia. Porém, para começar um tratamento com canabinoides de forma legal e segura, é necessário ter o acompanhamento de um profissional da saúde.
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