Você sabia que podemos associar o cânhamo como um catalisador para alcançar as métricas de ESG? Por ser uma planta com múltiplos usos, ela pode impactar os três nortes do ESG: ambiental, social e de governança.
Segundo Rafael Arcuri, presidente da ANC, Associação Nacional do Cânhamo e consultor do Madruga BTW, produtos de cânhamo podem ajudar empresas a cumprirem metas de ESG devido à versatilidade da planta. Tudo porque o cânhamo apresenta aplicações que vão desde industriais, nutricionais, saúde, construção sustentável até benefícios ambientais.
O que é o cânhamo?
Atualmente, a regulamentação mais comum que conhecemos hoje no mundo define o Cânhamo como as plantas de Cannabis sativa com teor de THC inferior a 0.3% em peso seco da planta. Tradicionalmente, há milhares de ano, o cânhamo é cultivado por suas fibras, sementes e flores, que têm uma variedade de usos industriais e medicinais.
Entenda o ESG
ESG refere-se ao equilíbrio dos aspectos ambiental, social e de governança na gestão dos negócios. ESG é uma abreviatura em inglês que significa Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governança). E é uma grande tendência e uma necessária resposta das empresas frente aos desafios da sociedade contemporânea. Embora a prática ainda esteja distante da realidade.
Veja nossa entrevista sobre ESG e Cânhamo aqui
O cânhamo na mira da questão ambiental
Em relação às questões ambientais, que compreende a sigla E, sabe-se que a plantação de cânhamo envolve menos pesticidas que outras culturas, proporcionando benefícios ambientais significativos, como a redução da poluição e a diminuição do desmatamento.
“Segundo a ONU, o cânhamo é um dos cultivos com a maior captura de carbono dentre todos os outros. Segundo os estudos europeus, o cânhamo tem uma capacidade de absorção de carbono de mais ou menos 8 a 9 toneladas de CO2 por hectare cultivado de cânhamo. Mas isso quando a gente traz aqui para o sul, e há trabalhos diferentes em diferentes momentos de aferição dessa captura de carbono, o cânhamo aqui captura 5 a 6 vezes mais que isso”, pontua Arcuri.
Nesta mesma linha, a Comissão Europeia indica que o cânhamo industrial pode ajudar a quebrar o ciclo de doenças quando usado em rotação de culturas.
“O agro do Brasil seria um grande motor de mudança e ao mesmo tempo o maior beneficiário dessas capacidades que o cânhamo tem”
É o que Arcuri explica sobre a safrinha, o cultivo realizado logo após a safra principal, em condições de sequeiro, nos meses de janeiro, fevereiro e março. E que serve para culturas que têm um ciclo mais curto, assim como o cânhamo.
“O cânhamo na safrinha proporciona um controle de pragas muito grande para cultivo tradicionais, então isso significa que não só você consegue ter o benefício de limpeza de solo, mas no cultivo da safra você consegue utilizar menos defensivos agrícolas para a produção desse cultivo da safra, porque o cânhamo funciona uma ótima barreira natural para pragas que vão se propagando naturalmente”.
A limpeza no solo que o cânhamo pode proporcionar após desastres ambientais
Estudos indicam que o cânhamo pode ser utilizado em várias regiões do mundo por sua capacidade de limpar solos contaminados, um processo conhecido como fitorremediação.
“Há pouco tivemos o desastre no Rio Grande do Sul, e um grande problema será limpar o solo destas áreas cultivadas que foram submergidas em uma lama com minerais pesados e compostos químicos. O cânhamo consegue de uma forma muito eficaz realizar a limpeza. Claro, você não vai usar para alimentos nem para medicamento, mas o cânhamo cultivado para fibras, por exemplo, você consegue ter uma absorção destas toxinas e elementos estranhos do solo”.
Social: a importância da geração de empregos através do cânhamo
O cânhamo pode desempenhar um papel essencial na geração de empregos e no desenvolvimento social do Brasil.
Para a Arcuri, já existem inúmeros modelos de negócios possíveis de implementar com o cânhamo: “No Paraguai várias famílias estavam alocadas na produção de maconha para o tráfico de drogas e colocou em um sistema de agricultura familiar no qual um conjunto de empresas garantia o fornecimento das sementes e a compra desse material produzido. Além de toda a cadeia de serviços que surgem”.
Governança e o cânhamo
A governança demonstra compromisso com práticas responsáveis, melhorando a reputação e atraindo investidores sustentáveis. Para Arcuri, por mais o setor do agro esteja convencido da pauta do cânhamo isso requer um esforço e um desgaste muito grande.
“O Agro tem diferentes agendas regulatórias que são muito importantes. A frente parlamentar do agronegócio em 2019 falou que se houvesse segurança jurídica para o cultivo do cânhamo, o agronegócio teria interesse em explorar”.
Arcuri observa com otimismo as mudanças que podem acontecer no Brasil em relação ao cânhamo ainda em 2024
“O principal fato político, que apesar de ser um processo judicial se torna um fato, é o IAC 16 no STJ, da empresa DNA, que tem sido liderado por um grupo de advogados muito competente. E tem trabalhado de forma muito bem articulada. E podemos de fato ter uma decisão favorável ainda esse ano com uma decisão sobre a possibilidade das empresas nacionais terem uma autorização de cultivo de cânhamo para diversos usos. E isso realmente seria algo disruptivo e muito relevante para os mercado”, concluiu Arcuri.
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