O mês de junho marca a chegada do inverno do Hemisfério Sul e das festas juninas por todo o Brasil, mas o mês também é marcado pela campanha Junho Preto e a conscientização sobre o melanoma, um tipo de câncer de pele extremamente agressivo. Embora raro, representando apenas 4% de todos os tumores de pele, o melanoma tem altas chances de metástase, que é quando o tumor se espalha do seu local de origem para outras partes do corpo.
Para falar sobre o melanoma e os tratamentos para esse tipo de câncer, conversamos com duas dermatologistas da nossa plataforma de agendamentos, a Dra. Alessandra Lindmayer e a Dra. Viviane Poinsignon. Ambas têm experiência na prescrição de produtos com Cannabis e a Dra. Alessandra é especialista em oncologia cutânea.
A diferença entre o câncer de pele melanoma e não melanoma
O melanoma é um tipo de câncer de pele mais comum em adultos de pele branca e costuma aparecer após os 40 anos. O tumor pode aparecer em qualquer parte da pele, incluindo as mucosas, e ele pode ser um câncer de pele melanoma ou um câncer de pele não melanoma. Dra. Alessandra Lindmayer nos explicou as diferenças os dois tipos de tumor.
“Os cânceres de pele a gente divide em dois tipos básicos: o câncer de pele melanoma e o não melanoma. O melanoma é oriundo dos melanócitos, que são as células que produzem o pigmento da nossa pele. Já os cânceres de pele não melanoma, advém dos queratinócitos, da camada basal da pele.
O melanoma é o mais agressivo porque ele não faz crescimento só local, ele também faz metástase e lesões à distância. Quase sempre é curável, desde que descoberto nos seus estágios iniciais. Já o não melanoma tem crescimento local apenas e é muito raro que tenha alguma metástase.”
Um dos principais fatores de risco do melanoma é a exposição à luz solar, assim como a predisposição genética. Pessoas com pele, olhos e cabelos claros também têm maior probabilidade de terem um câncer de pele desse tipo.
Atenção nas pintas
Como a dermatologista mencionou, as chances de cura aumentam consideravelmente quando o tumor é detectado de forma precoce. A melhor forma de identificar um câncer de pele nos estágios iniciais é ao notar pintas sobre a pele.
Nesse sentido, a Dra. Alessandra contou como diferenciar uma pinta normal de uma pinta que pode ser um melanoma.
“Uma pinta benigna, ela é classicamente uniforme e mais arredondada. Então quanto mais uniforme for uma pinta, se ela for de tom único, bem redondinha e especialmente se ela não se modificar ao longo do tempo, ela tem uma característica de maior benignidade. A pinta maligna, ela tem um formato mais bizarro, múltiplas cores e ela pode apresentar sintomas ou mudar de características.”
Existe também um protocolo de testes não invasivos para analisar se a pinta é maligna ou benigna, chamado de teste ABCDE. A sigla com as cinco primeiras letras do alfabeto simboliza os aspectos a serem analisados na pinta suspeita. A Dra. Lindmayer detalhou como acontece esse exame.
“O A é pra gente identificar as assimetrias da pinta. Então, é preciso notar se ela é igual de um lado ou de outro, quando a gente faz um corte imaginário.
O B refere-se às bordas. Portanto, bordas irregulares são mais características de uma pinta maligna.
O C vem de cores, de quanto mais cores tiver a pinta. Então, se ela é composta de cor negra, acastanhada, tem alguma região que é branca, às vezes ela tem alguns pontos mais grosseiros, um tom azulado acinzentado. Essas pintas que são mais coloridas têm características mais próximas de uma pinta maligna.
O D é o diâmetro. Assim, pintas com diâmetro maior que meio centímetro, a gente já fica com um olhar mais atento.
E o principal, o E, que é a evolução. Então, se ela muda ao longo do tempo, se ela coça, se ela sangra, se ela cresce ou até mesmo, se ela perder a parte da sua coloração, por exemplo, também é um sinal de alerta.”
Abordagem multidisciplinar
A partir do momento em que o diagnóstico do melanoma é feito, começa uma série de cuidados para tratar a doença. Dra. Viviane Poinsignon nos falou sobre a necessária parceria entre profissionais da Dermatologia e da Oncologia.
“Tem que ser avaliada a gravidade do melanoma, se ele já se espalhou pelo corpo, se tem metástase ou se ele não tem metástase. Juntamente com um oncologista, avaliam se teve esse risco da metástase e de espalhar em algumas regiões do corpo ou não. Vai ser um acompanhamento conjunto do dermatologista com o oncologista.”
O tratamento para o melanoma pode envolver a cirurgia para a retirada da lesão, assim como outras abordagens comuns em outros tipos de câncer, como a quimioterapia, radioterapia e imunoterapia.
A Cannabis no tratamento do câncer de pele melanoma
A Cannabis é reconhecidamente eficaz para atenuar os efeitos colaterais do tratamento contra o câncer, como os enjoos relacionados à quimioterapia. Também ajuda o paciente a se alimentar melhor e ter noites de sono mais tranquilas, fatores fundamentais para a recuperação.
Porém, estudos pré-clínicos apontam que os canabinoides teriam a capacidade de estimular a morte de algumas células cancerígenas, inclusive a do melanoma. Essas análises ainda estão na fase inicial e não existe um protocolo seguro contra o câncer, utilizando canabinoides.
A Dra. Alessandra Lindmayer nos explicou como funcionaria a ação antitumoral dos canabinoides.
“A gente tem estudos in vitro que mostram que o THC inibe a proliferação, o crescimento tumoral. Como que ele faz isso? Ele induz a apoptose, a morte celular programada, de linhagens de células de melanoma, das células malignas. Além disso, ele impede a proliferação de vasos que nutrem o tumor.”
No entanto, a dermatologista fez um alerta para uma interação medicamentosa preocupante entre a Cannabis e um medicamento indicado para combater o melanoma: o nivolumabe (também vendido como OPDIVO)
“O grande problema é que para o melanoma metastático, por exemplo, pessoas que têm a doença avançada e que têm indicação de um remédio que chama Nivolumabe, com uma boa resposta e sobrevida, a Cannabis interage de modo a inibir a ação do medicamento, parcialmente. Então, a gente ainda tem que estudar protocolos que tenham um efeito positivo.”
Proteja sua pele do sol
De fato, são grandes as chances de cura do melanoma, por outro lado os cuidados com a pele precisam persistir por toda a vida. É fundamental que a pessoa que sobreviveu a um câncer de pele proteja a pele da exposição solar de forma mais empenhada do que anteriormente. Mesmo que estejamos em um mês com temperaturas mais baixas, o uso de protetor solar se torna fundamental.
Como tratar doenças da pele com Cannabis
Aqui no Brasil, o uso medicinal da Cannabis é legal, desde que acompanhado de um profissional da saúde. Acessando a nossa plataforma de agendamentos, você pode marcar uma consulta com um entre mais de 300 opções de profissionais de saúde, todos capacitados para analisar o seu caso e recomendar o melhor caminho terapêutico.
No caso de doenças na pele, temos um quadro de dermatologistas acostumados a prescrever tratamentos com canabinoides, utilizando os produtos mais eficientes para cada condição. Marque já sua consulta!