O médico Dr. Pedro Ernesto Pulcherio Filho é enfático ao afirmar que a Cannabis pode atuar no tratamento da Doença Celíaca. A condição é autoimune e está relacionada com a ingestão de glúten, elevando assim a inflamação, tanto a nível estomacal e também do intestino delgado.
Além de citar um dos principais estudos que relaciona o potencial do fitocanabinoides para tratar a condição, Dr. Pedro observa que a planta pode também atuar no tratamento de várias doenças gastrointestinais.
“A Cannabis tem papel fundamental quando falamos de inflamação. Percebemos em estudos científicos que pacientes celíacos, que têm essa dificuldade quase que 100% da ingestão e absorção do glúten, apresentam maior quantidade de receptores canabinoides. E aí começaram a fazer mais pesquisas e viram que fazer o uso da Cannabis medicinal diminui a inflamação na parede intestinal dos pacientes celíacos. Igualmente ao longo de um tempo, também há uma diminuição destes receptores, justamente porque diminui a inflamação”, explica o médico.
Fitocanabinoides: a grande arma contra a inflamação
Neste sentido, o profissional cita o estudo “Altered Expression of Type-1 and Type-2 Cannabinoid Receptors in Celiac Disease” conduzido pela Universidade de Teramo que indicou que a Cannabis pode ser benéfica no tratamento da doença celíaca. Isso ocorre devido à presença da anandamida e dos receptores canabinoides no sistema gastrointestinal, confirmando o potencial terapêutico da planta para esses indivíduos.
Em resumo, o aumento de receptores endocanabinoides em pacientes com doença celíaca visa aumentar a produção dessas substâncias naturais e reduzir a inflamação. No entanto, o corpo nem sempre consegue realizar esse processo de forma eficaz. Nesse contexto, os fitocanabinoides, compostos encontrados na Cannabis, surgem como uma opção eficaz de tratamento para a doença celíaca.
“Quando a inflamação está maior, temos um aumento da quantidade de receptores endocanabinoides justamente para trazer mais endocanabinoides. Pois tem uma inflamação no local. O 2-AG e a anandamida podem diminuir a inflamação. O aumento acontece como um feedback positivo do corpo, é o mesmo que acontece com hormônios. Portanto, o corpo produz naturalmente estes endocanabinoides, mas muitas vezes não produz a substância e aí é que os óleos à base de Cannabis surgem no tratamento”, explica.
O potencial da Cannabis na melhora dos sintomas da Doença Celíaca
Portanto, os fitocanabinoides presentes na Cannabis, como o CBD e o THC, possuem propriedades anti-inflamatórias e imunomoduladoras que podem ajudar a reduzir a inflamação no intestino causada pela doença celíaca.
Além disso, essas substâncias também podem ajudar a aliviar os sintomas associados à doença, como dor abdominal, diarreia e má absorção de nutrientes.
“Cólica, dor abdominal, indisposição. O paciente fica sem vontade de comer e tende a perder peso. E também tem a contrapartida do THC, pois faz com que o paciente volte a ter ânimo para comer. É uma substância que induz a fome de uma forma saudável. Com a Doença celíaca o paciente começa a emagrecer e perder muita massa muscular. Então a Cannabis tem o papel de trazer a desinflamação, mas também de trazer o paciente de volta à vida, com qualidade. Tenho pacientes com Doença Celíaca que fizeram o tratamento com acompanhamento, a grande maioria de mulheres jovens, e tem bastante resultados satisfatórios”.
Segundo a OMS, 1% da população mundial tem diagnóstico de Doença Celíaca
No Brasil, o dado representa cerca de 2 milhões de pessoas. Porém, o médico acredita que os números podem ser bem maiores pois observa uma crescente no nos diagnósticos de Doença Celíaca.
“Cada vez mais pessoas têm Doença Celíaca. Entendo que é o nosso estilo de vida que faz com que a gente tenha mais doenças autoimunes. Não tendo mudado ao longo de pelo menos 10.000 anos nosso DNA, o que está mudando bastante é o nosso estilo de vida, fazendo com que a gente tenha um sistema imunológico menos competente. E uma das coisas que está nesse meio é a disfunção do sistema endocanabinoide”.
#MaioVerde: mês de conscientização da Doença Celíaca
Neste sentido, cabe lembrar que estamos no #MaioVerde, mês de conscientização da Doença Celíaca.
Segundo a Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil, a FENACELBRA, um dos grandes desafios no Brasil justamente ainda é a questão do diagnóstico da condição que é autoimune.
Segundo a organização, pesquisas internacionais mostram que mais de 80% das pessoas celíacas no mundo ainda não têm um diagnóstico.
Eu sou, eu conto/Você é, você conta
Com o objetivo de quantificar o maior número possível de pessoas que já conseguiram o diagnóstico da doença no Brasil e localizar em que estado brasileiro moram atualmente, o tema da campanha #maioverde para 2024 é Eu sou, eu conto / Você é, você conta.
A organização convida a Comunidade Celíaca para se envolver com a Campanha com o objetivo de saber com maior precisão “quantos somos e onde estamos”. Essas informações são vitais tanto para elaboração de políticas públicas quanto para garantir o respeito aos direitos das pessoas com doença celíaca e tratamento adequado.
Os sintomas da doença celíaca podem variar de pessoa para pessoa e incluem:
- Dor abdominal
- Diarreia crônica
- Inchaço abdominal
- Perda de peso
- Fadiga
- Anemia
- Má absorção de nutrientes
- Náuseas e vômitos
- Irritabilidade e mudanças de humor
- Problemas de pele, como erupções cutâneas ou dermatite herpetiforme
É importante ressaltar que nem todas as pessoas com doença celíaca apresentam todos esses sintomas e algumas podem ser assintomáticas. Se você suspeita que pode ter doença celíaca, é fundamental consultar um médico para obter um diagnóstico preciso e iniciar o tratamento adequado.
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