“A risada do meu filho foi a porta de entrada no tratamento com Cannabis. Após eu pingar o óleo em sua boca, pela primeira vez, ele riu por algo que achou engraçado. Primeiramente pensei que era minha filha, mas ela não estava. Era ele mesmo. Fiquei questionando porque não comecei o tratamento antes”, relata a mãe de um menino argentino que teve a vida transformada após começar o tratamento com óleos à base de Cannabis. Este é um dos relatos honestos e tocantes que o documentário argentino “Cannabis Medicinal” apresenta.
Porém, a produção vai além de relatos familiares sobre o potencial dos benefícios medicinais desta planta: ao traçar uma linha cronológica o documentário conecta médicos, historiadores, ativistas, políticos como José Pepe Mujica e o químico conhecido como o pai da Cannabis Raphael Mechoulam, em uma das suas últimas entrevistas.
Veja o trailer do documentário “Cannabis Medicinal”
O filme conta com a direção da médica, e também cineasta Dra. Silvia Kochen, ao lado de Emiliano Serra. Kochen destaque a presença de Mechoulam no documentário:
“A história da planta acompanha a humanidade quase desde os seus primórdios e a proibição fez com que ela saísse da Academia de alguma forma. Mas começou um fenômeno muito interessante quando se descobre um sistema que foi chamado de sistema endocanabinoide, descoberto por Mechoulan”, pontua.
O sucesso das produções cinematográficas argentinas já está consolidado. Portanto, não surpreende que um documentário produzido no país sobre Cannabis esteja ganhando destaque em festivais ao redor do mundo.
Segundo Kochen, o documentário aborda pela primeira vez como foram construídas as conexões na Argentina entre o conhecimento da ciência, da medicina, dos pacientes e famílias, das ONGs, dos produtores e de outros atores para avançar, dentro de um quadro regulatório, no uso e acesso à Cannabis para fins medicinais.
Potencial medicinal da Cannabis: “um futuro muito promissor”
Para a médica o grande diferencial de utilizar Cannabis em patologias como demências e epilepsias reside nos efeitos colaterais diminutos. “Hoje o mundo inteiro realiza pesquisas sobre Cannabis medicinal, nós também aqui na Argentina. É uma situação muito interessante porque realmente tem muitos efeitos positivos com baixíssima presença de efeitos adversos . Em nenhum caso foi relatada morte por Cannabis e também não houve efeitos graves”.
Além disso, Dra. Kochen avalia como promissor o futor do uso terapêutico da planta em casos de distúrbios do sono e ansiedade e também como porta de saída para vícios graves.
“O futuro é muito promissor. Se você olhar as publicações científicas há um crescimento exponencial em todo o mundo das publicações”, finaliza.
Por que assistir “Cannabis Medicinal”?
- Apresenta uma entrevista com José Mujica, ex-presidente do Uruguai, país que a nível regional foi um dos primeiros a avançar com um marco regulatório para Cannabis medicinal. Mujica apresenta argumentos sobre porque regulamentar o uso da Cannabis é o melhor caminho frente ao narcotráfico.
- Kochen conversa com Raphael Mechoulam em uma das suas últimas entrevistas públicas. O cientista é reconhecido mundialmente por isolar o THC, o componente psicoativo da Cannabis, o sistema endocanabinoide, e por liderar outras descobertas que fundamentaram as pesquisas dessa planta para fins medicinais e industriais. É interessante escutar a história de vida de Mechoulam e entender o quanto sua maneira de realizar ciência não sofria com tabus.
- O documentário descreve como, através do trabalho em rede, foram alcançados avanços importantes na Argentina como a aprovação da lei da Cannabis medicinal e do cânhamo industrial em 2022.
Cannabis na Argentina
Em 2023 foi aprovada a Lei 27.669, que regulamenta a Cannabis no país, ao mesmo tempo que foi criada agência exclusivamente voltada para tratar questões regulatórias da planta no país.
Estamos falando da Agencia Regulatoria de la Industria del Cáñamo y del Cannabis Medicinal, conhecida como ARICCAME. A iniciativa se assemelha ao IRCCA do Uruguai, agência criada exclusivamente para tratar questões regulatórias sobre a Cannabis no país.
“Entendo que, com esta lei e a criação desta agência, nossa autoridade de saúde terá que concordar com a Autoridade Reguladora de Cannabis. E não poderá estabelecer, unilateralmente, limites e procedimentos para registrar produtos. Porque quem finalmente tem o poder da autoridade reguladora em tudo que tem a ver com a Cannabis é essa nova agência. A ARICCAME foi criada para ser uma agência reguladora, para que se decida sobre os usos da Cannabis. O texto da norma é bastante claro, pois estabelece o uso medicinal humano, veterinário, alimentar e de suplementos dietéticos. E está exaustivamente definido que o órgão que vai regulamentar as condições para a elaboração desses produtos é a ARICCAME, em coordenação com outras agências que tenham competência”, destacou a Pablo Fazio, Presidente da Câmara Argentina da Cannabis, a ArgenCann.
Demanda para uso medicinal no país gira em torno de seis milhões de usuários
A agência estima que a indústria da planta pode gerar cerca de 10 mil empregos. Ainda nesse sentido, a demanda para uso medicinal no país, que tem 45 milhões de habitantes, gira em torno de seis milhões de usuários.
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