Com dezenas de condições de saúde sendo tratadas com sucesso com o auxílio da Cannabis, os produtos derivados da planta também têm chamado a atenção de profissionais da Pediatria, principalmente os que atuam nos cuidados paliativos de pacientes infantis.
Embora saibamos que o delta-9-tetrahidrocanabinol (THC) possa afetar o desenvolvimento do cérebro das crianças no longo prazo, o uso do canabidiol (CBD) se apresenta como seguro e surge como uma alternativa no tratamento de condições mais graves na Pediatria.
Nesse contexto, pesquisadores de Nuremberg, na Alemanha, acompanharam o uso de canabinoides em contextos paliativos pediátricos por um período de quase 10 anos. O objetivo era entender o impacto das múltiplas aplicações de produtos derivados da Cannabis em pacientes pediátricos em contextos paliativos, destacando áreas promissoras e a segurança do tratamento.
Acompanhamento de longo prazo
O artigo The Use of Cannabinoids in Pediatric Palliative Care — A Retrospective Single-Center Analysis forneceu uma visão abrangente do uso de canabinoides na Pediatria em crianças com condições graves, muitas recebendo cuidados paliativos.
Essa é uma abordagem para que crianças com doenças crônicas tenham uma melhor qualidade de vida e bem-estar. Geralmente, envolve medicação para aliviar dores, a saúde mental e trazer bem-estar de uma forma geral.
Entre 2011 e 2021, os cientistas acompanharam 31 pacientes com diagnóstico primário das categorias neuropediátrica, oncológica, metabólica e cardiológica. As principais indicações para uso de Cannabis eram dor, ansiedade, agitação, espasmos musculares, perda de peso, epilepsia e paresia.
Os resultados foram publicados este ano no periódico científico Children.
Possibilidades da Cannabis na Pediatria e cuidados paliativos
De acordo com os resultados do estudo, 64% dos pacientes tiveram melhoras na qualidade de vida com a inclusão de produtos com Cannabis nos tratamentos. Eles identificaram efeitos adversos em 19% dos participantes e estes eventos foram leves, incluindo inquietação, náuseas e mudança no comportamento.
A análise também revelou que os pacientes com doenças neurológicas foram os que mais se beneficiaram do uso dos canabinoides, especialmente aqueles com espasticidade refratária. Além disso, os cientistas não identificaram interações relevantes com outros medicamentos.
Na conclusão do artigo, os pesquisadores destacaram que, no contexto da Pediatria, ainda são necessários mais estudos para que o tratamento com Cannabis possa ser a primeira opção.
“Neste estudo, descobrimos que os canabinoides foram utilizados para aliviar a espasticidade, a dor, a inquietação ou a ansiedade; aumentar o apetite; ou reduzir a frequência das crises em casos de epilepsia refratária ao tratamento. Eles mostraram um baixo espectro de eventos adversos, e nenhuma interação medicamentosa óbvia, que geralmente deve ser considerada, foi atribuída à medicação canabinoide.
Devido à falta de dados disponíveis, os canabinoides não devem ser utilizados como terapia de primeira linha. No entanto, podem ser utilizados, especialmente no contexto paliativo pediátrico, como terapia complementar em crianças com duas ou mais doenças crônicas e menos gravemente afetadas, para alcançar uma melhoria da qualidade de vida. Os aspectos da estrutura diária melhoraram em muitos casos, o que é especialmente importante para pacientes paliativos pediátricos.”
Histórias de pacientes
Apesar de associarmos os cuidados paliativos a pessoas no final da vida, essa abordagem é utilizada também em crianças com doenças sem cura conhecida. Particularmente na Pediatria, é capaz de proporcionar qualidade de vida não só para os pacientes, como para as suas famílias e demais envolvidos nos cuidados.
Um exemplo é o do menino Matheus, de 8 anos, que começou a usar o óleo de Cannabis full spectrum no tratamento para transtorno do espectro autista (TEA), transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) e transtorno opositor desafiador (TOD), além da síndrome de Down. Após ouvir que não tinha mais opções de tratamento possíveis, a mãe dele procurou a Dra. Vanessa Matalobos e incluiu a planta no repertório terapêutico.
Hoje em dia ela diz que “agora tenho uma qualidade de vida com meu filho que vou agradecer pelo resto da minha vida”. Clique aqui e leia a história completa do Matheus.
Nesse sentido, confira também a live que fizemos com a Dra. Matalobos sobre a Cannabis na Pediatria.
Com ter acesso à Cannabis
Estudos indicam que a Cannabis rica em THC pode prejudicar o desenvolvimento de crianças, portanto é fundamental que a utilização da planta em crianças ocorra com o acompanhamento de um médico capacitado. Se você acredita que o uso dos canabinoides pode beneficiar você ou algum ente próximo, acesse nossa plataforma de agendamentos e marque uma consulta com um dos nossos profissionais.
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