Laboratórios forenses dos EUA estão em busca de métodos rápidos e precisos para diferenciar uma cepa da outra
Imagine um país onde cada estado tem uma lei regulamentando o uso medicinal e o uso adulto da Cannabis. E, paralelamente a isso, existe uma legislação nacional que descriminaliza a mesma planta, mas com baixos índices do delta 9 – Tetraidrocanabinol, ou THC, a molécula psicoativa da erva.
Conseguiu visualizar mentalmente? Essa é a atual realidade regulatória nos Estados Unidos. Em 2018, o Congresso norte-americano autorizou o cultivo do cânhamo em todo território nacional, uma cepa da Cannabis, que naquele país, convencionou-se conter até 0,3% por peso seco da planta.
Farm Bill subdividiu a Cannabis
Nos EUA, a chamada “Farm Bill”, aprovada em 2018, subdividiu a classificação da Cannabis em cânhamo e maconha. Para a lei norte-americana, toda Cannabis com mais de 0,4% de THC já é classificada como maconha.
Essa classificação insere a Cannabis na Lei de Substâncias Controladas de 1970. De acordo com a legislação federal dos Estados Unidos, a Cannabis é uma droga ilegal, inserida na lista de substâncias controladas de Classe I, com alto potencial de abuso e periculosidade.
FDA pede a reclassificação da planta
Muito embora a Cannabis ainda esteja na mesma classificação da heroína, recentemente, o Food and Drug Administration (FDA, similar à Anvisa) emitiu uma nota técnica favorável à reclassificação da planta para a Classe III, onde estão inseridas drogas com menor potencial de adição e prejuízo à saúde.
Atualmente, nos Estados Unidos o uso medicinal da planta é legal em 37 dos 50 estados e no Distrito de Columbia (D.C.), e o uso recreativo da maconha é legal em 19 estados, além de Washington D.C.
Como diferenciar cânhamo de maconha?
Federalmente, entretanto, a maconha permanece ilegal. Mas como a polícia/fiscalização é capaz de identificar se determinada plantação ou apreensão é cânhamo ou maconha?
Estas mudanças legais passaram a exigir dos laboratórios forenses métodos analíticos quantitativos para distinguir com precisão o se determinado cultivare é legal ou não.
Análise laboratoriais
Os estudos também podem incluir a determinação de canabinoides, incluindo Canabidiol (CBD), além de THC, umidade e elementos tóxicos ou metais pesados.
Para subsidiar essa análise sistemática e precisa, o Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST) dos Estados Unidos está desenvolvendo um programa integrado de serviços de medição para Cannabis.
Garantir qualidade nas análises
O objetivo é garantir a qualidade das análises de rotina nos laboratórios forenses para distinguir com segurança o cânhamo da maconha em uma abordagem tripla de forma técnica, coesa e assertiva.
Diferentemente do Brasil, onde não há diferenciação entre as mais diversas cepas da Cannabis, nos Estados Unidos, a Farm Bill, exigiu dos laboratórios forenses a quantidade exata de THC nas provas apreendidas para diferenciar as variedades de Cannabis.
Laboratórios sobrecarregados
Resultado: os laboratórios criminais nos Estados Unidos ficaram sobrecarregados. Houve escassez de mão-de-obra e espaços credenciados para realizar medições precisas com rapidez e protocolos padronizados.
Foi então que o NIJ passou a investir em pesquisas e métodos identificados para extrair THC de amostras de Cannabis de forma padronizada. Ainda quantificou o volume de THC em amostras em diferentes modos de varredura e descobriu novos métodos que ampliam a sensibilidade dos reagentes.
Teste colorimétrico
A partir dessa análise química, os laboratórios agora podem confirmar características micro e macroscópicas da planta, rastrear o THC através de um teste colorimétrico (que muda de cor na sua presença).
Ou ainda testar a presença de THC através de várias técnicas de cromatografia gasosa ou cromatografia em camada fina (que separa os diferentes componentes da planta).
E a corrida, entre os laboratórios agora, é pelo desenvolvimento de métodos simples, robustos e econômicos para distinguir o cânhamo da maconha, inclusive em alimentos.
Velocidade na análise
O aumento na velocidade para detectar THC em amostras de Cannabis pode reduzir atrasos nos testes de amostras e custos de reagentes químicos, além de agilizar os protocolos de análise de amostras, diz o Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos EUA.
Um dos modelos de detecção de THC em amostras fez parte do treinamento do Departamento de Polícia do Condado de Montgomery e dos laboratórios criminais da Polícia Estadual de Maryland nos EUA.
Brasil também tem reagentes para Cannabis
No Brasil, a empresa Reaja também fez parceria com a Polícia Militar de Roraima para venda de kits de detecção de drogas. Ao todo, foram comercializados 100 kits de reagentes para identificar substâncias como cocaína, drogas sintéticas, THC e CBD nas amostras apreendidas.
“Nós estávamos mapeando os reagentes da Cannabis desde 2018. Para cocaína e opioides esses reagentes já existem há mais de 200 anos. Para Cannabis já existiam alguns que não eram tão confiáveis. O resultado dava muito falso positivo”, explica James Kava, dono da Reaja.
A empresa desenvolveu um reagente capaz de identificar se determinada formulação contém THC e CBD nas amostras de forma instantânea. Entretanto, a coloração do reagente apenas identifica a presença da molécula, mas não quantifica a substância.
Popularização dos reagentes
“Nosso produto foi inovador, porque outros reagentes não diferenciavam os canabinoides. Agora estamos trabalhando para construir uma tabela colorimétrica que correlacione a intensidade da cor à concentração da mostra”, adianta Kava.
De acordo com o químico, os testes que identificam hoje CBD e THC representam a popularização de uma análise rápida para pessoas que não têm como pagar a análise de um laboratório. Muitos deles nem atendem pessoas físicas.
“É algo muito novo. É uma forma de o usuário ou paciente ter uma ferramenta rápida de avaliação de um produto, ainda que não saiba a concentração. Talvez tenhamos sido a primeira empresa a desenvolver um reagente comercial para Cannabis no Brasil. O objetivo é aumentar a precisão dos componentes”, conclui James.
O uso medicinal da Cannabis já é legal no Brasil
O uso medicinal da Cannabis no Brasil já tem regulação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por meio das RDC 660 e RDC 327. No entanto, para isso, é preciso prescrição médica.
Por isso, na nossa plataforma de agendamentos, você pode marcar uma consulta com um médico ou cirurgião-dentista que tem experiência na prescrição dos canabinoides. Mais de 30 patologias podem se beneficiar com as moléculas medicinais da planta.
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