Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)  mais de 65 milhões de unidades de Rivotril foram vendidos no Brasil em 2022. Porém, mesmo sendo um dos remédios mais vendidos do país há diferentes riscos no seu uso contínuo. Por exemplo, a dependência química e psicológica, já que o uso prolongado desse medicamento pode levar à tolerância.

Conversamos com o médico Dr. Felipe Neris Nora, CRM 25097, e a médica Dra. Sílvia Pereira da Silva, CRM 12946, para entender de que maneira os fitocanabinoides como o CBD, o THC e o CBN, podem ajudar no desmame do Rivotril e até mesmo na substituição deste alopático.

O que é o Rivotril e como ele atua no nosso sistema nervoso central?

O Rivotril é uma marca comercial que contém a substância ativa clonazepam. O clonazepam pertence à classe de medicamentos chamados de benzodiazepínicos, que são usados principalmente para tratar distúrbios de ansiedade, epilepsia e outros distúrbios neurológicos.

E os benzodiazepínicos, incluindo o clonazepam, atuam no sistema nervoso central, aumentando a atividade de um neurotransmissor chamado ácido gama-aminobutírico (GABA). Isso resulta em efeitos sedativos, relaxantes musculares, anticonvulsivantes e ansiolíticos.

Além do seu potencial de dependência, já citado no início da matéria, o uso do Rivotril pode ser prejudicial à saúde por vários motivos.

• Efeitos Colaterais: O Rivotril pode causar uma variedade de efeitos colaterais, incluindo sonolência, tontura, fraqueza muscular, dificuldade de coordenação, problemas de memória e confusão.
• Impacto na Qualidade do Sono: Embora os benzodiazepínicos sejam frequentemente prescritos para tratar distúrbios do sono, seu uso a longo prazo pode interferir nos padrões naturais de sono, levando a problemas como insônia e distúrbios do sono.
• Síndrome de Abstinência: A interrupção abrupta do uso de Rivotril pode levar à síndrome de abstinência, caracterizada por sintomas como ansiedade, irritabilidade, insônia, tremores e, em casos graves, convulsões.

Devido a esses riscos, cabe considerar se os produtos à base de Cannabis não poderiam atuar no desmame deste alopático e também servir como um substituto natural. E também mais saudável. 

Cannabis pode atuar no desmame do Rivotril e ser um substituto natural?

Os médicos Dr. Felipe Neris Nora, CRM 25097, e Dra. Sílvia Pereira da Silva, CRM 12946, coincidem em afirmar que sim. A Cannabis serve como aliada na hora de largar este benzodiazepínico.

“Se fosse para escolher uma função para o Canabidiol, o CBD, eu escolheria no desmame dos benzodiazepínicos. Este é o principal papel do CBD diante da sociedade que temos hoje e do fato que o Brasil é o país que mais consome Rivotril no mundo”, avalia Dr. Felipe.

Porém, não é apenas o CBD que poderia atuar no desmame do Rivotril, e com o tempo substituí-lo, Dr. Felipe destaca outras moléculas da Cannabis:

“Não seria apenas o CBD. Este é o que há mais embasamento científico, antipsicótico, ansiolítico, regulador do ciclo sono e vigília e com a grande característica de não alterar a percepção de realidade. Mas temos o THC, que vejo na minha prática, é o que de maneira mais eficaz consigo retirar o clonazepam. E agora temos que falar do CNB, que se liga de maneira fraca ao CB1 e pode também ser usado no desmame de benzodiazepínicos”, completa o médico.

Veja entrevista com o Dr. Felipe

Cannabis: um tratamento natural à frente do Rivotril

Além de efeitos colaterais diminutos se comparado com os benzodiazepínicos, os tratamentos com as moléculas da planta como o CBD e o THC podem servir como um tratamento natural para tratar causas como insônia e ansiedade. Mas sem gerar os riscos à saúde e os efeitos colaterais indesejados.

“Com certeza é possível trocar o Rivotril por produtos à base de Cannabis. Os benzodiazepínicos são substâncias que devem ser usadas em momentos agudos e são usadas de maneira crônica. Os efeitos colaterais são mais exacerbados do que os benefícios. Quando a gente pensa na forma de suplementar o sistema endocanabinoide é necessário usar o canabinoide correto. Como, por exemplo, para solucionar a ansiedade. Com a Cannabis usada de forma contínua a pessoa vai conseguir suprir o objetivo e ir além do esperado. Tratar as consequências que o Rivotril deixou. A Cannabis promove a homeostase. Eu consegui tirar de vários pacientes os benzodiazepínicos com óleos à base de Cannabis, fazendo o desmame com óleos full spectrum”, explica Dra. Silvia.

Veja entrevista com a Dra. Silvia

É mais saudável usar produtos à base de Cannabis do que benzodiazepínicos

É essencial adotar uma abordagem equilibrada e baseada em evidências científicas ao considerar opções de tratamento. Medicamentos alopáticos, quando prescritos e utilizados corretamente sob supervisão médica, desempenham um papel crucial no tratamento de muitas condições de saúde.

Da mesma forma, produtos naturais como a Cannabis também podem ter benefícios e requer acompanhamento médico. De qualquer maneira, os profissionais não tem dúvidas que utilizar produtos à base de Cannabis é um caminho mais natural de tratamento. 

Em relação aos estudos científicos, cabe destacar que recentemente uma nova pesquisa, realizada por cientistas dos EUA, teve resultados interessantes para aqueles que pretendem reduzir ou eliminar o uso de medicamentos convencionais, principalmente benzodiazepínicos.

De acordo com o estudo Anxiety severity and prescription medication utilization in first-time medical marijuana users, pacientes com ansiedade ou transtorno do estresse pós-traumático conseguiram reduzir o uso de medicação convencional de forma segura, após incluir a Cannabis no tratamento. Entre esses medicamentos, a classe dos benzodiazepínicos foi a que teve maior redução entre os pacientes.

Neste sentido, Dr. Felipe explica que o CBD é indicado em bula apenas para epilepsia.

“A gente faz um uso off label para tratar a ansiedade, usa os estudos para epilepsia e a autonomia médica para ansiedade, insônia e dor crônica. E eu aplico no que sei que funciona bem. O uso off label é mais indicado para distúrbios do sono e ansiolítico porque o efeito dose e resposta não se estabelece tão rápido como os de benzodiazepínicos. A resposta é que quanto mais tempo você usa Rivotril, costuma-se ter que usar doses muito maiores. E com a Cannabis não é tanto assim”. 

A importância do nosso sistema endocanabinoide

Por fim, Dra. Silvia destaca que o sistema endocanabinoide melhora a saúde no geral e também pode melhorar o foco. Essencialmente, este é um complexo sistema de sinalização presente no corpo humano, e em muitos outros animais, que desempenha um papel importante na regulação de uma variedade de processos fisiológicos. 

Ele recebe esse nome, porque foi inicialmente descoberto durante estudos sobre os efeitos dos canabinoides, substâncias encontradas na planta Cannabis, no corpo humano. No entanto, mais tarde, os pesquisadores identificaram que o sistema endocanabinoide também é afetado por compostos produzidos naturalmente pelo próprio organismo

“O sistema endocanabinoide cuida do cérebro de forma adequada, cuida das fases do sono. No outro dia a pessoa se sente bem para trabalhar, e quando você usa um benzodiazepínico é diferente. A pessoa não tem força para nada e encontra-se sem foco. A pessoa vira ‘zumbi’ e quem usa Rivotril há muito tempo sabe do que estou falando. A Cannabis veio para tratar a saúde, é diferente”, conclui Dra. Silvia.

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