Vocalista do Detonautas começou a se tratar com Canabidiol há 2 meses e já conseguiu reduzir – em mais da metade – o medicamento ansiolítico, com ótimo resultados, segundo o artista
Nas redes sociais o vocalista da banda Detonautas, Tico Santa Cruz, faz promoção pela conscientização do cuidado com a saúde mental. A campanha acontece nesse mês conhecido como ‘janeiro branco’, uma data eleita para chamar atenção para patologias psiquiátricas.
“Eu vim perguntar pra você, como que tá a sua saúde mental? Você se importa com isso? Como que está a saúde mental da sua família”, questiona o músico.
2 meses de CBD com ótimos resultados
Dois meses atrás, Santa Cruz, de 46 anos de idade, revelou ter iniciado um tratamento com Canabidiol (CBD), uma das moléculas medicinais da Cannabis, para tratar insônia e ansiedade.
Há 20 anos o cantor precisa usar medicamento controlado para dormir. A falta de rotina ao longo das turnês ocasionou problemas para manter um sono saudável, admite Tico.
Rotina da banda afetou o sono do artista
“Em alguns momentos, o Detonautas fazia cerca de 18 shows por mês. Eu dormia muito pouco. Ao longo do dia tinham várias atividades e entrevistas. Minha voz acabou sendo prejudicada com problemas na prega vocal por causa das noites mal dormidas”, relembra o artista.
Na ocasião, em 2004, Tico topou participar de um Globo Repórter sobre insônia. Durante uma semana, o sono do músico foi monitorado pelo Instituto do Sono. De acordo com os pesquisadores, se o Tico não mudasse a rotina, sua saúde seria gravemente afetada num curto período de tempo.
Psiquiatra receitou tarja preta
“Foi aí que eu busquei um psiquiatra. Ele me receitou um remédio que reduz a ansiedade e com isso acaba induzindo o sono. Entre o prejuízo de perder a voz um lado, e de tomar tarja preta de outro, busquei a segunda opção”, recorda.
Mas agora essa segunda opção já não é mais suficiente. O cantor admite que ficar refém de uma droga ansiolítica durante duas décadas é tempo demais, por isso decidiu buscar o uso medicinal da Cannabis, como uma alternativa natural à droga tarja preta.
Efeito colateral da tarja preta afetou a memória
“Para o psiquiatra não era preciso rever a medicação, uma vez que eu estava tomando 2 ml de forma contínua, sem necessidade de aumentar a dose. Mas eu percebi que estava sendo afetado pelos efeitos colaterais do remédio, com a perda de memória. Foi então que busquei um prescritor de Cannabis”, detalha Santa Cruz.
De acordo com o músico, em pouco mais de 60 dias administrando o Canabidiol, duas vezes ao dia, ele já conseguiu reduzir em 1.25 mg a medicação tarja preta da sua rotina.
Ansiedade controlada
“Estou me adaptando muito bem. Nas primeiras noites foi bem complicado reduzir a medicação. Mas depois senti que a ansiedade foi controlada. Houve uma redução na quantidade de pensamentos e as noites de sonos estão melhores”, comemora o músico.
Para Santa Cruz, a prova de fogo foi dormir dentro do ônibus da banda. “Achei que não iria pegar no sono, mas dormi muito bem na estrada”, diz o cantor.
Modulação da dosagem
Como relação ao humor, Santa Cruz diz que ainda não percebeu mudanças significativas. “Sinto mais foco e uma redução da ansiedade. No começo, eu fiquei sonolento durante o dia, mas achei a minha dose e estou bem. Agora, consigo malhar, nadar e fazer tudo o que tenho que fazer”.
Atualmente, Tico faz uso do extrato de CBD broad spectrum, formulações que todos contêm os Canabinoides da planta, exceto o Tetrahidrocanabinol (THC), a molécula psicoativa da maconha, que também possui propriedades medicinais.
Meta é desmamar o ansiolítico
“Quero avaliar melhor os resultados. Ver se consigo desmamar completamente do medicamento. E até introduzir novas formulações. O médico disse que o THC é interessante para modular o humor”.
O músico diz que apesar de já ter tido inúmeras experiências com a maconha, parou de fumar a erva por causa de episódios de síndrome do pânico.
“Por isso, o médico receitou o broad spectrum, sem THC. Mas quem sabe futuramente, numa dose controlada seja interessante incluir para modulação do humor”, prospecta o artista.
Não quer entrar no ativismo
Tico Santa Cruz, que é conhecido por levantar bandeiras e se posicionar publicamente sobre assuntos espinhosos, diz que neste momento não quer entrar na militância pró-Cannabis.
“A demonização da maconha no Brasil e no mundo foi uma grande farsa. Sabemos o que estava por trás da criminalização: questões raciais, competição de outras matérias-primas no mercado. A questão política, econômica e social, infelizmente, pesa mais do que a questão medicinal”.
Regulamentação beneficia vários setores
Para o músico, a criminalização da planta não traz vantagens para ninguém, uma vez que a Cannabis é uma commodity sustentável para vários setores da indústria e porque não, do mercado recreativo regulado.
“Os políticos precisam entender que a regulação traz qualidade e controle do ponto de vista das regras. Todos saem ganhando. O governo com arrecadação de imposto e o país com geração de emprego e renda”, defende.
De acordo com o músico, hoje é mais fácil comprar drogas nas ruas do que importar o CBD legalmente.
Inspiração para outras pessoas
Apesar de Tico querer ficar longe do ativismo, o músico tem exposto sua patologia nas redes sociais para que outras pessoas se inspirem na sua história, e também busquem ajuda para além do uso medicamentoso da planta.
“Fiz muitos anos terapia e agora comecei a psicanálise. Esse tipo de autoconhecimento traz clareza aos pensamentos e ajudam muito. Não quero fazer uma militância, o que posso oferecer é a experiência que eu estou tendo. Cansei de ver a minha imagem associada a alguma bandeira”, conclui.
Você sabia que o uso medicinal da Cannabis já é legal no Brasil?
O uso medicinal da Cannabis no Brasil já tem regulamentação da Anvisa, por meio da Resolução da Diretoria Colegiada RDC 660 e RDC 327. No entanto, é essencial ter uma prescrição médica para usar produtos à base da planta.
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