São os terpenos os principais responsáveis pelo aroma característico da Cannabis, porém eles podem não ser as únicas substâncias que dão um perfume tão particular às flores e outros produtos feitos com a planta.
Em um artigo publicado na revista científica da Sociedade Americana de Química (ACS), cientistas exploraram uma outra classe de compostos naturais produzidos pela planta Cannabis que é responsável por aromas únicos de algumas variedades canábicas.
De acordo com o artigo Minor, Nonterpenoid Volatile Compounds Drive the Aroma Differences of Exotic Cannabis, a importância dos terpenos na definição do aroma da Cannabis é exagerada. Compostos terpenoides menores teriam uma relação com aromas mais doces ou mais picantes típicos em algumas variedades canábicas consideradas exóticas.
Como classificar diferentes variedades de Cannabis
A Cannabis é uma planta com centenas de variedades, também chamadas de strains, que se diferenciam por alguns fatores, como a origem, proporção de canabinoides e perfil aromático. Com o passar dos anos, os cientistas buscaram identificar cada variedade da forma mais precisa possível. Assim nasceram as classificações de sativa e indica, além das proporções de canabidiol (CBD) e delta-9-tetrahidrocanabinol (THC).
Ao detalhar o perfil aromático das variedades de Cannabis, os cientistas perceberam que alguns terpenos são responsáveis pelos aromas mais comuns da planta. Entre esses perfumes mais frequentes, temos aromas que remetem à especiarias e outros vegetais (como o pinheiro), além de notas terrosas.
Porém, algumas variedades canábicas apresentam um perfil aromático exótico, mesmo possuindo perfil de terpenos similar às variedades clássicas. Esse perfil exótico costuma trazer notas de frutas tropicais (como abacaxi e banana) até aromas pungentes (como alho e gasolina).
Análises químicas com Cannabis, terpenos e mais
Para entender melhor como se formam esses aromas considerados exóticos na Cannabis, os pesquisadores americanos analisaram amostras de rosin de 31 variedades canábicas diferentes. Cabe destacar que rosin é uma extração com altíssima concentração de canabinoides e dos terpenos naturais encontrados na planta.
Análises químicas detalhadas com cromatografia gasosa bidimensional revelaram que compostos não terpenoides foram responsáveis pelos aromas mais exóticos da Cannabis, e não somente os já conhecidos terpenos. No artigo, eles descreveram os achados e como eles influenciam no aroma de cada variedade.
“Em particular, identificamos classes-chave de compostos que se correlacionam com aromas específicos: compostos tropicais voláteis de enxofre (VSCsm [na sigla em inglês]) contendo o grupo funcional 3-mercaptohexil foram encontrados em um subconjunto de variedades que produzem um aroma forte, sulfúrico, cítrico de petróleo que foi facilmente identificados durante a análise sensorial. Por outro lado, descobriu-se que variedades descritas como salgadas ou químicas continham escatol, um composto com um aroma químico extremamente pungente.”
Embora a concentração desses compostos seja baixíssima nas extrações, cerca de 0,05%, o impacto que eles trazem aos produtos pode ser considerável. Algumas variedades ricas em VSCs são GMO, Garlic Cookies e 710 Chem.
Produtos mais eficientes e direcionados
Por outro lado, as variedades com aromas exóticos com notas mais frutais e cítricas são ricas em VSCs, mas sem a presença do escatole.
Dessa forma, os pesquisadores apontaram, na conclusão do artigo, como a pesquisa sobre as substâncias produzidas naturalmente pela Cannabis é importante para que a ciência avance no entendimento de todos os efeitos que a planta produz no nosso corpo.
“Nossos resultados produzem uma compreensão mais completa dos aromas únicos que a Cannabis produz e ajudam a estabelecer esses compostos não terpenoides como uma parte importante da fitoquímica da Cannabis. Além disso, a descoberta de que os terpenos têm menos influência nas características diferenciadoras do aroma da Cannabis do que tradicionalmente se pensava pode ter ramificações importantes para a indústria legal da Cannabis relacionadas com a rotulagem e comercialização de produtos, testes laboratoriais e indicadores de qualidade para consumidores finais e produtores.”
Uso medicinal da Cannabis
A planta Cannabis produz uma variedade de componentes naturalmente e que têm a capacidade de produzir efeitos terapêuticos em diversas condições de saúde. Cada um desses compostos tem propriedades únicas, no entanto o efeito é potencializado no nosso corpo quando atuam em conjunto e esse fenômeno recebeu o nome de “efeito comitiva” ou “efeito entourage”. Dentre esses compostos, conhecemos os canabinoides, terpenos, flavonoides e, mais recentemente, os compostos não terpenoides. Com o avanço das pesquisas e da nossa compreensão sobre o mecanismo de ação, os tratamentos com a Cannabis também ficam mais direcionados para cada condição de saúde.
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