Revisão bibliográfica revela que Cannabis medicinal pode substituir drogas convencionais no tratamento da dor
Recentemente, uma revisão bibliográfica, de um total de 77 artigos científicos, publicados na PubMed e no Google Scholar, demonstrou que o uso de Cannabis medicinal proporciona um controle adequado da dor. Da mesma forma, que pode substituir o uso de drogas convencionais.
Publicado no ano de 2023, pelos cientistas Maha Hameed, Sakshi Prasad, Esha Jain, Bekir Nihat Dogrul, Ahmad Al-Oleimat, Bidushi Pokhrel, Selia Chowdhury, Edzel Lorraine Co., Saloni Mitra, Jonathan Quinonez, Samir Ruxmohan e Joel Stein, o estudo identificou que os pacientes que sofrem de dor crônica – não maligna – podem se beneficiar da Cannabis medicinal. Em resumo, isso acontece devido à conveniência e eficácia dos produtos à base da planta, aliadas a efeitos colaterais mínimos.
Segundo o levantamento, o Δ9-Tetrahidrocanabinol (THC) e o Canabidiol (CBD), as moléculas medicinais mais conhecidas da Cannabis, podem modular os sintomas do paciente e trazer mais equilíbrio ao enfermo em tratamento.
Reduz o “efeito cascata” da dor
“Estes compostos atuam para diminuir a nocicepção (processo de codificação da dor, em efeito cascata) e a frequência dos sintomas através do Sistema Endocanabinoide”, revela o artigo científico.
Os pesquisadores identificaram que o consumo dos fitocanabinoides também ajudou a reduzir a dependência por opioides e as mortes causadas pelo abuso dessas drogas, principalmente nos Estados Unidos, que enfrentam uma epidemia de abuso dessa substância.
Cannabis serve para tratar todo tipo de dor
De acordo com os cientistas, a Cannabis medicinal é indicada para o controle de sintomas de muitas condições não limitadas ao câncer, como dor crônica, dores de cabeça, enxaquecas e distúrbios psicológicos, como ansiedade e transtorno de estresse pós-traumático.
Revisão bibliográfica
A equipe multidisciplinar buscou entender como diferentes formas de Cannabis impactam a experiência da dor em pacientes, analisando os principais estudos que versam sobre o assunto.
64% deixaram de usar opiodes
Como destaque ao levantamento bibliográfico, o estudo cita uma pesquisa, realizada por Boehnke, que revelou: num universo de 118 indivíduos, o uso da Cannabis medicinal foi associado a uma redução de 64% de opioides, minimizando os efeitos colaterais dos medicamentos com a melhora da qualidade de vida de 45% dos pacientes.
44% relataram melhora no score da dor
Da mesma forma, resultado semelhante aparece em outro estudo, conduzido por Haroutounian e analisado pela equipe. A pesquisa demonstrou que o uso da Cannabis apresentou uma melhora no placar de gravidade da dor, além de uma redução no consumo de opioides em 44% dos pacientes que participaram do levantamento.
Apenas 4,6% continuaram a sentir dor intensa
O artigo científico ainda cita uma pesquisa em Israel, com 3.619 participantes, realizada pelo professor Mechoulam. Destes, apenas 4,6% continuaram a sentir dor intensa após 6 meses de administração de fitocanabinoides, em comparação com 52,6% no início do estudo.
Para completar, o uso de opioides nesse estudo de Israel, cessou a dor em 36% dos pacientes, uma diminuição nas doses de opioides foi relatada por 10% dos pacientes e um aumento de opioides foi relatado por apenas 1% dos casos.
Efeitos colaterais opioides
A substituição de opioides por Cannabis é mais vantajosa, segundo os estudiosos, porque a maioria dos pacientes apresenta eventos adversos importantes, como constipação, náusea, sonolência e até comprometimento cognitivo e tontura.
“A dependência e a depressão respiratória são efeitos ainda mais preocupantes. Por outro lado, os canabinoides geralmente apresentam vários efeitos colaterais temporários, que eventualmente diminuem com o desenvolvimento da tolerância”, diz o artigo.
Falta informação
A falta de informação médica também foi relatada pelos pesquisadores. Um estudo de Lovecchio, que conduziu uma pesquisa online com 214 pacientes com dor crônica relacionada à coluna, revelou que apenas 25,2% dos pacientes usaram Cannabis medicinal para potencial alívio da dor, com resultados positivos. De acordo com o estudo, muitos deixaram de usar os fitocanabinoides por falta de orientação médica.
Um outro estudo transversal, conduzido por Fitzcharles, examinou as características do uso medicinal de Cannabis em pacientes com fibromialgia no Canadá. Entre os pacientes analisados, 23,9% experimentaram Cannabis medicinal para tratar a dor crônica, com mais da metade relatando uso continuado.
Regulamentação da Cannabis impulsiona tratamento
Uma observação feita pelos pesquisadores é de que, nos estados onde a Cannabis medicinal é legalnos EUA, o remédio é usado para tratar muitas doenças. Por exemplo, para dor crônica, convulsões, enxaqueca, caquexia, espasticidade, transtorno de estresse pós-traumático, síndrome do intestino irritável, síndrome inflamatória do intestino e glaucoma.
No entanto, o FDA (Food, Drug and Administration) até agora aprovou apenas o dronabinol e a nabilona (derivados de laboratório) para náuseas relacionadas à quimioterapia e perda de peso na AIDS.
FDA aprova o uso
Nacionalmente, o uso do Canabidiol foi aprovado pelo FDA para tratar síndrome de Lennox-Gastaut, Síndrome de Dravet e convulsões associadas ao complexo de esclerose tuberosa, lamentam os estudiosos.
Para os pesquisadores, a epidemia de opioides levou os médicos a buscarem outras maneiras de controlar a dor crônica. Nesse sentido, a Cannabis medicinal tem sido uma alternativa interessante para essa condição.
“Há dados de que o uso de maconha está associado à diminuição da prescrição de outros medicamentos para a dor”, afirma o artigo.
Mais pesquisas são necessárias
Para os pesquisadores, o avanço na regulamentação do uso medicinal da Cannabis medicinal exige que os profissionais de saúde conheçam os pormenores dos aspectos médicos, legais, logísticos e econômicos.
“A ilegalidade da Cannabis medicinal em nível federal (nos EUA) é uma questão que pede um debate com os pacientes. Isso porque pode surgir complexidade jurídica em circunstâncias como a travessia de fronteiras estaduais”, afirma a pesquisa.
Os estudiosos dizem ainda que é importante que os médicos discutam questões econômicas sobre o uso medicinal da Cannabis com os pacientes. Até porque os seguros de saúde raramente pagam pelo tratamento.
Vias de administração
Segundo a pesquisa, há vários estudos sobre a Cannabis como alternativa para tratar a dor crônica. Neles, houve relatos de que os pacientes obtiveram alívio, utilizando a Cannabis por várias vias: inalada, uso tópico, sublingual e spray nasal.
“Em comparação com os opiaceos, os estudos mostram que o consumo de Cannabis tem menos efeitos adversos. Além disso, pode até diminuir a dependência de opiaceos”, conclui.
“Como médicos, é bom determinar o objetivo principal do uso de Cannabis antes de prescrevê-la aos pacientes. Assim, é possível pesar as vantagens e desvantagens que lhe estão subjacentes”, ensinam os cientistas.
Para ler a pesquisa completa clique aqui:
https://link.springer.com/article/10.1007/s11916-023-01101-w
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