“Quando pensamos em alimentação com tratamentos com canabinoides, o primeiro ponto é seguir a orientação de usar o óleo com o estômago cheio. Estudos mostram que os óleos de Cannabis medicinal administrados com o estômago vazio diminui a biodisponibilidade, que é a concentração do medicamento que vai chegar na circulação sanguínea e nos órgãos onde ele vai agir”, destaca logo no início da nossa conversa a médica Dra. Renata Coutinho Areosa, CRM 173385 e RQE 117713.
Portanto, há sim certos fatores que podem influenciar a absorção dos compostos ativos da Cannabis, como THC, CBD e CBG. E assim, interferir no seu tratamento.
Estômago cheio: coma sempre antes de administrar seu óleo
O primeiro ponto desta equação alimentação e Cannabis é então alimentar-se bem antes de administrar o seu óleo com canabinoides. A Dra. Renata sinaliza que a ingestão deste medicamento de estômago cheio pode sim aumentar a concentração do medicamento a ser absorvido.
Sublingual: 90 segundos e depois engolir
Outra indicação é deixar atuar o seu óleo por 90 segundos embaixo da língua: “Isso faz com que aconteça uma absorção maior e um aumento de mais ou menos 4 vezes de biodisponibilidade. Temos que priorizar a absorção sublingual e depois engolir o que não foi absorvido”.
Veja a entrevista completa com a Dra. Renata em nosso Youtube:
A importância de uma alimentação balanceada
Outra questão que merece atenção é a alimentação balanceada durante o tratamento.
“É fundamental uma microbiota intestinal regulada. E com uma alimentação desregrada, com muitos alimentos industrializados, a gente faz uma disbiose. O que piora a absorção dos alimentos como também interfere na produção de serotonina. E a serotonina está intimamente relacionada à produção de anandamida, endocanabinoide produzido pelo nosso organismo, que também atua no sistema endocanabinoide”.
Portanto, cabe evitar alimentos com muito corante, conservante e ultraprocessados. Pois a microbiota, também conhecida como flora intestinal, é composta por uma comunidade complexa de microorganismos, incluindo bactérias, vírus, fungos e outros. Vários fatores podem desregular a microbiota intestinal, levando a um desequilíbrio que pode ter implicações na saúde.
Foque em alimentos ricos em Ômega 3 e Ômega 6
Saiba que existem alimentos que auxiliam no tratamento com Cannabis e que quanto mais naturais possíveis o resultado da sua terapêutica pode ser ainda melhor.
“Foque em alimentos ricos em Ômega 3 e Ômega 6, como nozes e chia, alimentos frescos, crus e hortaliças. E claro, muita água. Também temos alimentos que já foram estudados como a manga que ajuda a aumentar a quantidade do canabinoide e aumentar esta absorção. Além da manga, tem também o manjericão. Falamos muito em terpenos atualmente. E eles ajudam no sinergismo ajudando na absorção pelo organismo”, pontua Dra. Renata.
Alimentos canabimimeticos
Os alimentos canabimiméticos são alimentos ou substâncias que possuem compostos que interagem com o sistema endocanabinoide do corpo de maneira semelhante aos canabinoides encontrados na Cannabis.
“Alimentos canabimimeticos são alimentos que além de ajudar na absorção, são alimentos que mimetizam, simulam, os efeitos da Cannabis. Temos a pimenta preta, manga, alecrim, orégano. E destaco a cúrcuma. Tem também amendoim, cacau, também podem favorecer este tratamento”.
Como sempre salientamos o sistema endocanabinoide é um sistema complexo de sinalização que desempenha um papel importante na regulação de várias funções fisiológicas, como apetite, sono, humor, resposta imunológica e inflamação. Embora esses compostos presentes em outros alimentos não sejam canabinoides como os encontrados na Cannabis, eles podem afetar o sistema endocanabinoide de maneiras que se assemelham aos efeitos dos canabinoides.
A Cannabis é uma PANC
Basicamente “PANCs” é uma sigla que se refere a Plantas Alimentícias Não Convencionais. São chamadas assim porque, embora sejam muitas vezes comestíveis e nutritivas, não fazem parte da alimentação cotidiana de muitas culturas. No entanto, essas plantas têm sido consumidas historicamente por diversas comunidades e são reconhecidas por suas propriedades nutricionais e benefícios à saúde.
“A Cannabis é uma fonte excelente de proteína, a semente tem cerca de 26% a 31% de concentração proteica. E também fornece fibras, vitaminas e minerais. Portanto, podemos pensar no consumo da semente de cânhamo, com baixas concentrações de THC. Já foi usado no passado e agora está voltando”, finaliza Dra. Renata.
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