Durante o Império Romano as cordas e tecidos feitos de cânhamo foram imprescindíveis aos empreendimentos marítimos da época, conforme apontam os historiadores. Hoje, em pleno finalzinho de 2023, o cânhamo voltou à moda garantindo sustentabilidade às vestimentas dos brasileiros.
Essencialmente, o Cânhamo, também conhecido pelo nome científico Cannabis sativa, é uma planta que pertence à família das Cannabaceae. Ela é cultivada por suas fibras, sementes e flores, que têm uma variedade de usos industriais e medicinais. O Cânhamo tem sido cultivado há milhares de anos em várias partes do mundo devido às suas propriedades versáteis.
“Cannabis cultivada com propósitos horticulturais”. Foi assim que o Cânhamo foi definido na Convenção de Drogas da ONU, em 1961, quando a Cannabis foi proibida no mundo. O que significa a Cannabis como uma planta com finalidade de alimento ou de fibra.
Anos depois surgiu a regulamentação mais comum que conhecemos até hoje que define o Cânhamo como as plantas com teor de THC inferior a 0.3% em peso seco da planta. O que segundo estudiosos há controvérsias: “Este limite de 0.3% é completamente arbitrário. Não tem uma regra oficial que diz que é 0.3%. Cada país faz a sua regulamentação e decide este nível. Aqui na América Latina a maioria dos países está caminhando para 1%, nós já temos isso no Equador”, explicou o engenheiro agrônomo, Lorenzo Rolim, Presidente da LAIHA, Associação Latino-Americana de Cânhamo Industrial, durante entrevista ao podcast Maconhômetro.
A sustentabilidade das roupas de Cânhamo
Portanto, as roupas de Cânhamo são peças de vestuário feitas a partir das fibras da planta de Cânhamo, geralmente da variedade Cannabis sativa. Essas roupas são conhecidas por suas características de durabilidade e sustentabilidade.
“Para o consumidor final, usar roupas feitas de Cânhamo trazem conforto e saúde. Os tecidos de Cânhamo possuem propriedades antifúngicas, bactericidas evitando mau odor e manchas amareladas causadas por bactérias. Hipoalergênicas, são ótimas para bebês, crianças e pessoas com pele sensível. Em comparação ao algodão tem 8 vezes mais resistência a tração, sendo 4 vezes mais durável, não deforma. O tecido de c=Cânhamo é um excelente isolante térmico e tem naturalmente proteção contra raios UV, super respirável e resistente a mofo, bolor ou podridão”, destaca Vinicius Zachello Encinas, CEO HempCor, empresa brasileira fabricante de roupas de Cânhamo.
Para ele, este ramo é uma crescente no setor da moda. Porém, avalia que é preciso comunicação e educação sobre o Cânhamo.
“Ainda é pouco divulgada a utilização do Cânhamo industrial, que tem 25 mil possibilidades de aplicação. A Cannabis medicinal vem abrindo as portas para que entre em pauta o uso da Cannabis Sativa L. na indústria. No pós-pandemia, o comportamento dos consumidores ficou mais exigente, forçando a indústria a repensar seus processos e suas matérias-primas. Sentimos que estamos avançando lentamente, mas em movimento constante para termos produtos “verdes”, e a moda, nesse caso, é a resistência que mais aparece”.
Cânhamo e sustentabilidade: No cultivo da fibra, ao algodão, gasta-se 90% menos água e no beneficiamento têxtil a economia de água é de 75%
Outro ponto forte do Cânhamo é que ele é uma cultura altamente sustentável devido ao seu crescimento rápido. E também à capacidade de crescer em condições diversas. Ele requer menos água, pesticidas e herbicidas em comparação com muitas outras culturas têxteis. Além disso, o Cânhamo pode melhorar a qualidade do solo.
Segundo Vinicius isto se explica pela planta ser regenerativa, na fitorremediação feita por suas raízes profundas.
“São características positivas, potentes e necessárias para o cenário atual, não só da indústria têxtil, que hoje ocupa o 2.o lugar das indústrias mais poluentes do globo, mas também no combate ao aquecimento global”, pontua.
Cânhamo > Algodão
Os potenciais do Cânhamo para o meio ambiente frente ao algodão se confirmam conforme dados do relatório gratuito “Cânhamo no Brasil”, publicado pela Kaya Mind:
- Para produzir 1kg de Cânhamo, por volta de 2.900 litros de água
- Para produzir 1kg de algodão, cerca de 10.000 litros de água
- Algodão tem ciclo de produção de 130 a 220 dias
- Cânhamo tem ciclo de produção de 70 a 120 dias
- O algodão tem 1x resistência à tração
- O Cânhamo tem 3x a resistência à tração do algodão
- Algodão usa 28 litros de agrotóxicos por hectare
- Cânhamo atua essencialmente como seu próprio pesticida, herbicida e fertilizante
- Algodão é cultivado em monocultura, degradando o solo, tornando-o estéril
- Cânhamo devolve de 60% a 70% de todos os nutrientes de volta ao solo
Por fim, Vinicius demonstra otimismo frente ao empreendimento com Cânhamo no Brasil.
“Nossas projeções são positivas, investimos nossos recursos em pesquisa e desenvolvimento, em pessoas que nos ajudam a mudar de vez o cenário das confecções no Brasil e a utilização do Cânhamo têxtil. A nossa missão é cuidar da terra e valorizar todos os envolvidos na nossa rede de forma justa e digna, além de educar e informar as pessoas, criando uma economia circular e verde que seja possível ter ganhos em todos os lados, para todas as pessoas, afinal não existe um planeta B”.
Cânhamo no Brasil: cultivo não é permitido
Atualmente o cultivo do Cânhamo no Brasil não é permitido. Nos Estados Unidos, de 2017 até 2020, houve um aumento de 2.000% em hectares licenciados e dedicados à produção de Cânhamo.
E aqui no Brasil, estima-se que seriam R$ 4,9 bilhões movimentados no quarto ano da legalização do Cânhamo no nosso país, sendo que R$ 330,1 milhões seriam arrecadados de impostos para o Estado.
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