Esperança, humanização, direitos humanos, conhecimento, inovação, legislação, cultivo, saúde e qualidade de vida. Esses foram alguns dos muitos temas abordados nas conversas com os especialistas no evento
Estivemos no primeiro dia da Hemp Fair Brasil 2023, 19 de outubro, no espaço de eventos Transamérica Expo Center, na cidade de São Paulo, para acompanhar os panéis e discussões sobre conhecimento, legislação, inovação e mercados e usos da Cannabis medicinal e do Cânhamo industrial no Brasil.
O evento, realizado pela ABICANN (Associação Brasileira das Indústrias de Cannabis), reuniu empresas, especialistas, órgãos reguladores e políticos, além de um público muito interessado pelo debate. “Antes de tudo, a Hemp Fair Brasil nasce para aproximar a população de técnicos da Cannabis com empresas que fornecem produtos de saúde com canabinoides para a vida humana e animal, incluindo a proteção ambiental. A partir de agora, a ABICANN passa a colaborar com o poder público, ampliando ações de apoio social, sendo entidade referência técnica no Brasil para o tema da Cannabis sativa”, apresenta Thiago Ermano Jorge, Presidente do Conselhor Gestor da ABICANN.
Nós, do Portal Cannabis & Saúde, tivemos a oportunidade de conversar com alguns dos especialistas que marcaram presença no primeiro dia da Feira. Destacamos, alguns dos depoimentos mais bacanas:
A Cannabis medicinal é essencial para melhorar a qualidade de vida dos seres humanos
“A Cannabis medicinal é essencial para melhorar a qualidade de vida dos seres humanos, sobretudo para crianças ou pessoas como eu, que, aos 82 anos, fui diagnosticado com uma Doença de Parkinson leve. Comecei a me tratar com Cannabis, sob orientação médica e tem me feito bem. Acho imprescindível, sobretudo, que possa haver a apreciação de leis, como as que estão sendo consideradas no Congresso Nacional, para que viabilizem o acesso à Cannabis para toda população, principalmente a mais carente. Eu sou testemunha de que essa planta é muito positiva para a qualidade de vida dos seres humanos”, disse o deputado Eduardo Suplicy.
Inclusive, o mesmo, precisou sair às pressas do evento, porque tinha uma consulta com seu médico prescritor de Cannabis medicinal e não queria perder tal compromisso.
Luta e avanços
A luta pelo acesso da Cannabis medicinal para toda população brasileira foi também tema central da fala do deputado Caio França. Ele, que colocou seu nome na história da Cannabis no Brasil, por ser o autor da lei que regulamenta a distribuição gratuita de medicamentos com canabinoides pelo SUS – Sistema Único de Saúde -, no estado de São Paulo, destacou: “essa lei foi aprovada em 2022, sob minha autoria. Em 2023, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, sancionou a lei e, na sequência, criou um grupo de trabalho, com 30 entidades, para regulamentar o tema. A nossa expectativa é de que São Paulo possa puxar o bonde, para validar a regulamentação em outros estados.
Estou na função de pressionar o governo para termos essas respostas! Sou otimista, mas, ao mesmo tempo, fico pensando que, a cada dia que nada acontece, tem uma pessoa esperando pela regularização dessa medicação, para trazer qualidade de vida para seu filho, seu pai e pra si. Precisamos avançar”.
Precisamos avançar
Pensando num futuro próximo, o deputado revelou que pretende trabalhar, com muito esforço e dedicação, em outro projeto de lei, o PL 563, também de sua autoria, que autoriza as universidades públicas de São Paulo, e os institutos vinculados, a plantarem e produzirem esses medicamentos. Caio França terminou a nossa conversa com um recado importante à população mais carente:
“A minha luta é a de vocês. É por isso que eu luto: pela inclusão da Cannabis medicinal no SUS”.
Se por um lado estamos discutindo sobre como baratear o acesso ao medicamento, por outro, é imprescindível falar do cultivo em solo brasileiro. Esse foi o tema da nossa conversa com o Diretor de pesquisa e inovação da Embrapa, Clênio Pillon. Ele garante que temos um mercado em potencial!
“O Brasil é referência no cultivo de muitas culturas na agricultura, e a Cannabis pode, sim, ser mais uma, com toda a estruturação necessária. Nossa resposta é sempre com base na Ciência, por isso que a Embrapa está tomando a decisão de iniciar um programa de pesquisa em Cannabis. Para que a gente possa, com as demais instituições públicas, gerar avanço e conhecimento no tema. Temos mais de 4 milhões de estabelecimentos no Brasil, tidos como agricultura familiar, que poderiam se beneficiar desse processo em cadeia, além de gerar emprego e fortalecer a economia nacional. Vemos o cenário do cultivo da Cannabis medicinal e industrial com muito carinho e otimismo”.
“Os fatos falam por si”
O olhar realista e esperançoso para o mercado da Cannabis, é também ponto de partida para a advogada Ana Fábia Martins, VP jurídica da ABICANN, que estuda sobre leis e legislação. “Essa discussão sucinta paixões de todos os lados. Tanto para aqueles que são favoráveis à planta, quanto aqueles desfavoráveis, por questões ideológicas, religiosas, enfim. O que se sabe hoje é que a planta tem sido muito estudada. Porém, o acesso a esse medicamento ainda é caro, já que precisamos importar a planta. Temos um longo caminho de trabalho, mas estamos otimistas e esperançosos. Os fatos falam por si”.
Outro especialista no assunto, o Deputado Sérgio Guimarães, de Santa Catarina, reforçou, tanto em sua palestra, quanto na nossa entrevista, a luta pelos direitos dos pacientes. “A minha bandeira partidária é o bem-estar da população. Nós lançamos a frente parlamentar para o uso medicinal. Mas, antes disso, eu fui conhecer histórias. Visitei famílias, crianças e adolescentes que usam o óleo e ouvi depoimentos reais de transformação na saúde. Sou defensor porque eu vi os resultados. É por isso que vim a esse evento, e vou em todos os outros sobre o tema, porque eles abrem nossos horizontes e nos ajudam a seguir trabalhando com mais conhecimento. O grande entrave sobre cannabis medicinal ainda é a falta de informação. Esse é o medicamento do futuro”.
A cannabis traz esperanças para quem precisa
Para terminar a rodada de conversas com alguns dos especialistas do primeiro dia de feira, conversamos com uma das realizadoras da Hemp Fair Brasil 2023, Carol Aguiar, Vice-Presidente de Relacionamentos e Comunidades da ABICANN. Ela enfatizou a importância de trazer nomes para discutir o mercado econômico e político da Cannabis, mas sem nunca perder de vista a humanização. “Quando nós pensamos nos pacientes, aí vemos que a humanização é necessária. Tenho contato direto com vários deles. Nesse sentido, vejo que a humanização significa levar em consideração os relatos de cura, de amor e de melhoria de vida. A cannabis traz esperanças para quem precisa”, completou.
Esperança, humanização, direitos humanos, conhecimento, inovação, legislação, cultivo, tratamento e qualidade de vida foram alguns dos muitos temas abordados. Encontros assim são primordiais para derrubar barreiras e preconceitos, ainda tão presentes, em torno da Cannabis medicinal. Estamos juntos nessa luta e seguiremos em busca de informação para todos!
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