“O principal prejuízo do embotamento emocional é que as nossas emoções nos movem. Se você estiver no mar sem vento, o barco não anda”. É assim que o médico psiquiatra, Dr. Daniel Munhoz Moreira (CRM 184.340 – RQE 85.386), define o impacto na saúde que um embotamento emocional pode causar.
Em um passado recente, uma frase ficou famosa nas redes sociais: “Gente blasé é cafona demais. Seja um emocionado”. Eu e mais milhares de brasileiros nos identificamos com a oração. Adotei a frase no meu dia a dia, já que não vejo sentido em uma vida sem ser sentida. Qual seria a razão da nossa existência sem o turbilhão de emoções que nos atravessam ao longo da vida? Sejam ruins ou festivas, os momentos mudam e devem ser vividos. Portanto, me causou um estranhamento, quando escutei pela primeira vez sobre o embotamento emocional, um efeito colateral dos antidepressivos, que podem tirar a dor, mas também podem tirar o prazer.
O que é o embotamento emocional?
O embotamento emocional, também conhecido como achatamento afetivo ou aplainamento emocional, refere-se a uma redução significativa ou mesmo à ausência de expressão emocional em uma pessoa. Isso significa que a pessoa afetada pelo embotamento emocional pode ter dificuldade em demonstrar ou sentir emoções, ou pode parecer indiferente às situações que normalmente evocariam reações emocionais.
“Uso como exemplo com meus pacientes o caso da Mega Sena. Uma pessoa ganha e, ao saber da notícia, ela não tem emoção expressiva no momento. E isto a gente observa muitas vezes em quem usa antidepressivos. E lembrando que o tratamento da Saúde Mental não é para a pessoa não sentir a dor. É ela ter a dor e saber lidar com aquela dor, saber de que forma cuidar daquela dor”, sinaliza Dr. Daniel.
O embotamento emocional é frequentemente associado a condições de saúde mental, como a depressão grave ou o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Mas também pode ser um efeito colateral de antidepressivos. As pessoas com embotamento emocional podem parecer apáticas, desinteressadas ou distantes das emoções dos outros. Elas podem ter dificuldade em se conectar emocionalmente com outras pessoas e podem achar difícil expressar ou compreender seus próprios sentimentos.
Antidepressivos e o embotamento emocional
Como já explicamos, os antidepressivos podem causar esta apatia que configura o embotamento emocional. Esta foi a conclusão de um recente estudo da Universidade de Cambridge, publicado na revista Neuropsychopharmacology.
A pesquisa revelou que o consumo destes fármacos por apenas três semanas já seria suficiente para causar este estado geral de apatia, independentemente se a emoção é negativa ou positiva. No estudo, quem tomou o antidepressivo apresentou uma menor resposta à aprendizagem por reforço, independentemente se esse reforço fosse positivo ou negativo, tendo até mostrado mais lentidão na resposta a recompensas.
Os cientistas analisaram 66 voluntários que, aleatoriamente, receberam durante 21 dias ou escitalopram – um medicamento inibidor seletivo da recaptação da serotonina (SSRI) – ou placebo. Os participantes responderam a testes cognitivos em que, entre outros fatores, era avaliada a atenção e a memória.
Já em 2021, outra pesquisa, publicada na Frontiers in Psychiatry, apresentou que 40% a 60% das pessoas que tomam antidepressivos se sentem apáticas emocionalmente. Porém, não ficou claro se era efeito direto da medicação ou do estado de depressão em que a pessoa se encontrava.
Neste sentido, Dr. Daniel sinaliza que o tratamento da saúde mental não consiste em apenas a pessoa não sentir a dor: “É ela ter a dor e saber lidar com aquela dor, saber de que forma cuidar daquela dor”. Justamente neste panorama, os produtos à base de Cannabis surgem como uma alternativa segura.
Produtos à base de Cannabis como alternativa aos antidepressivos
De fato, os produtos à base de cannabis vêm surgindo como uma alternativa segura em tratamentos para a saúde mental, em especial para a depressão. Recentemente, estudos publicados no Journal of Cannabis Research enfatizaram a capacidade da planta no auxílio de tratamento de transtornos psiquiátricos.
“Quando a gente pensa nos canabinoides, eles vêm como um sinônimo de equilíbrio, equilíbrio das emoções. E não o aplainamento ou embotamento de alguma emoção que está sendo difícil de elaborar ou elucidar. Independente de qual canabinoide, nós pensamos em como uma pessoa pode ter esse controle das suas emoções, ou seja, conseguir administrar essas emoções de uma forma que a emoção não inunde a razão. Ao mesmo tempo, ela também consegue sentir se é uma situação alegre, de felicidade, ou se é uma situação triste, tristeza. Quando o paciente está no tratamento com canabinoides, ele consegue ter o choro num evento que necessita e ele consegue ficar feliz no momento que necessita da felicidade. Ele tem uma tranquilidade dentro dele para lidar com essas situações, o que é muito interessante”, indica Dr. Daniel.
Cannabis para a saúde mental
A relação entre o uso da Cannabis e a saúde mental é um tópico complexo e sujeito a intensa pesquisa. O melhor de tudo é que esses benefícios da Cannabis não costumam trazer fortes efeitos colaterais, como desconforto físico ou psíquico. Efeitos como esses são mais comuns em medicamentos tradicionais. Então, é importante conhecer outras opções de cuidado com a saúde mental.
A escolha entre o uso da Cannabis e os antidepressivos no tratamento da depressão requer muito cuidado.Nesse sentido, é preciso levar em consideração as evidências científicas disponíveis, os riscos e os benefícios individuais e o acompanhamento de um profissional de saúde mental. É importante discutir qualquer decisão de tratamento com um médico para garantir a segurança e a eficácia do tratamento.
Os efeitos colaterais são diminutos em comparação a remédios alopáticos tradicionais em tratamentos para saúde mental
Recentemente, Dr. Daniel apresentou um panorama de como os canabinoides, em especial o CBD e o THC, podem auxiliar nos cuidados da saúde mental.
“A Cannabis tem indicações para condições que são muito prevalentes no mundo, em especial no Brasil, que é o país de ansiosos. Traz benefícios para ansiedade, insônia e, dependendo das associações, para quadros depressivos também. Mas, principalmente, os benefícios vão além de apenas tratar doenças. Um produto à base daplanta tem o perfil de trazer qualidade de vida, ser um produto anti-inflamatório, trazer uma melhora das inflamações do corpo e do cérebro, ter um papel no nosso intestino. É uma medicação que busca equilíbrio, diferente de outras, que atuam nos sintomas, mas não trazem equilíbrio da pessoa, não a ajudam a continuar se sentindo pertencente a si própria. A Medicina canabinoide traz a possibilidade de se sentir bem”, explicou o Dr. Daniel, durante a live sobre Cannabis e saúde mental:
Se você deseja tratar algum desses transtornos de saúde mental com a Cannabis, é muito fácil. Primeiramente, você deve marcar uma consulta com um médicoprescritor, usando a nossa plataforma de agendamentos. Lá você encontra mais de 250 profissionais preparados para analisar o seu caso e recomendar o melhor caminho.