No quadro ‘A Cannabis no Congresso’, entrevistamos a deputada federal, Carol Dartora (PT/PR), a primeira mulher negra eleita pelo estado do Paraná.
Estreante na Câmara dos Deputados com 130.654 votos, Dartora chega ao parlamento como a mulher mais bem votada do estado e a segunda melhor colocada nas eleições do Paraná.
Com uma pauta voltada às agendas sociais, os projetos propostos pela parlamentar costumam ser destinados à proteção da mulher, às comunidades LGBT e ao movimento negro.
Quando o assunto é a regulamentação do cultivo da Cannabis para fins medicinais e a descriminalização da planta, Carol diz ser completamente favorável.
Para a parlamentar, não faz sentido criminalizar uma erva medicinal, que traz qualidade de vida para milhares de pessoas de um lado e, de outro, coloca atrás das grades – principalmente – negros e pobres, sem direito à audiência de custódia, dentro do processo legal.
Para quem ainda não conhece, Carol Dartora é graduada em História, tem especialização em Filosofia, mestrado em Educação e ainda faz malabarismo com o tempo, para compatibilizar a agenda política com o doutorado em Tecnologia e Cidade.
Quer entender melhor o posicionamento da parlamentar sobre a Cannabis? Confira a reportagem até o fim ou assista à entrevista no Youtube! O link está logo abaixo.
Deputada você é a favor ou contra a regulamentação do cultivo da Cannabis em solo brasileiro para a produção medicinal?
Sou totalmente a favor! A gente precisa regulamentar esse (Cannabis) é que um medicamento poderoso. Hoje, são inúmeras mulheres negras, periféricas, que plantam a Cannabis ilegalmente, clandestinamente, para cuidar dos seus filhos, que têm transtornos. São diversas doenças que podem ser tratadas através da Cannabis.
Inclusive, a Cannabis medicinal deveria ser um medicamento de fácil acesso, via SUS (Sistema Único de Saúde). A gente tem que acabar com esse preconceito, acabar com a guerra às drogas! Tem que acabar com essa ignorância que existe sobre essa planta, que pode ser um fomento para a nossa economia.
Inclusive, por meio da fibra?
A fibra da Cannabis (cânhamo) tem um potencial gigantesco. Serve para diversas coisas, como vestuário, por exemplo. Então, eu sou uma das parlamentares a favor da regulamentação da Cannabis medicinal e industrial! Contem comigo!
Há uma dicotomia nesse mercado: de um lado uma planta que traz qualidade de vida; de outro, a mesma planta encarcera, principalmente negros e jovens. Como você vê essa questão?
É lamentável. Eu vejo isso como a hipocrisia dessa sociedade. Se a questão fosse a droga – muitas pessoas associam a Cannabis a droga… Mas ela não é só isso. Ela é uma planta que pode ter diversos usos, inclusive o recreativo.
Mas a gente percebe, por exemplo, como o álcool é amplamente divulgado e incentivado nessa sociedade. O álcool, que gera inúmeros problemas, como, por exemplo, a violência doméstica e acidentes de trânsito.
Hoje, o maior causador de acidentes no trânsito é o álcool. E, no entanto, não existe o mesmo preconceito em relação ao uso do álcool (de acordo com os números do SUS, mais de 10 mil motoristas embriagados morreram no trânsito em 2021).
Agora, a Cannabis, que tem uma fibra, por exemplo, extremamente potente, como eu falei, para vestuário e tantos outros produtos – que poderíamos produzir e fomentar a economia -, isso sofre esse preconceito.
E sem falar o risco que essas mulheres correm, por exemplo, para plantar. Para ter uma receita, permitindo que você faça o uso medicinal da Cannabis, isso é só para um nicho de pessoas, de classe mais alta, que conseguem isso.
Restringe o acesso, não é?
E essas mulheres que têm filhos com autismo, com epilepsia, essas mulheres têm que ser relegadas à ilegalidade e ao risco de prisão, de uma forma totalmente cruel e arbitrária. Então, a gente vê como urgente a regulamentação da Cannabis! Inclusive para vencer uma outra questão que é a guerra às drogas.
O assunto é pauta do Supremo Tribunal Federal (STF, justamente para tentar diferenciar usuário de traficante. E, no voto do ministro Alexandre de Moraes, ele trouxe dados que comprovam que a lei não é igual para todos.
É totalmente desigual. Se a gente olhar as pessoas que são presas por estarem portando, às vezes, uma quantia pequena de maconha, são as pessoas pretas, pobres. Agora, quem são, realmente, os grandes traficantes?
Os grandes traficantes estão ligados às classes políticas, são milionários, são pessoas que não são vistas com o mesmo peso e não são criminalizadas da mesma forma. Então, isso é muito desigual.
Inclusive, já vimos até avião presidencial, avião de igreja, carregando cocaína…
Exatamente, de pessoa que se prega como cristã, de pessoa que se prega extremamente moralista, mas tem aí familiar carregando avião com cocaína. Não tem como comparar a Cannabis com a cocaína, são coisas diferentes.
Então, eu acho que esse conhecimento é que a sociedade tem que ter. Conhecimento sobre o que é a Cannabis, conhecimentos sobre todos os benefícios que essa planta pode proporcionar. Que a gente possa falar disso abertamente. Que a gente possa falar disso sem tabu e sem hipocrisia.
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