Quando decidiu se especializar no tratamento da dor, o médico anestesiologista David Câmara não imaginava que, um dia, usaria todo seu conhecimento em benefício próprio.
Formado em medicina há 20 anos, Câmara seguiu para o centro cirúrgico após a conclusão de sua residência em anestesiologia e dor, no ano de 2005, mas logo decidiu seguir por outros rumos.
“Foi uma preferência e também uma necessidade psicológica de sair um pouco daquela rotina. Foi quando decidi fazer especialização em acupuntura, como um complemento em busca de tratar a complexidade do organismo. A medicina chinesa tem uma visão mais integral.”
De médico a paciente no tratamento da dor
Em 2012, se tornou chefe do serviço de acupuntura médica do Exército Brasileiro. No ano seguinte, porém, um acidente mudou sua trajetória. “Eu feri uma artéria e um nervo da perna. Desde então, me tornei um paciente de dor. Tinha uma dor do tipo neuropática. Uma dor de choque intensa na sola do meu pé que me causou um transtorno terrível.”
“Eu vi que os recursos que eu sabia não eram suficientes. Eu precisava estudar mais, porque os medicamentos tradicionais, primeiro anti-inflamatório, depois anticonvulsivante e antidepressivo, depois opioide, funciona apenas para metade dos pacientes.”
“Boa parte dos pacientes ficam com um tratamento que deixa muito a desejar. Inclusive, eu estava usando opioide e estava muito insatisfeito com meu tratamento.”
Se aprofundou na busca por alternativas e logo chegou à Cannabis medicinal. “Eu fui meu primeiro paciente de Cannabis. Comecei a tomar e vi que começou a resolver a minha dor. Parou de formigar e dar choque.”
Cannabis no tratamento da dor
Com seu benefício, indicou para alguns pacientes com fibromialgia resistente aos medicamentos alopáticos. Os resultados positivos o deixaram ainda mais animado e decidiu estudar ainda mais sobre o assunto e, no início de 2021, começou a prescrever e, hoje, já soma mais de 300 pacientes.
“Tive resultados que nunca tinha visto. Os pacientes diziam que ainda sentiam dor, mas que não incomodava tanto porque a resposta emocional cognitiva da memória da pessoa, o sistema de homeostase, começou a trabalhar de novo.”
“A eficácia dos canabinoides é muito maior que dos alopáticos. Principalmente para o tratamento da dor, o resultado da Cannabis é inigualável. Tenho muito caso de cefaleia, fibromialgia, dores resistentes, oncológica, que já passaram por vários médicos, e encontraram um alívio e bem-estar.”
“São idosos com demências que a gente vê se acalmar, mas de maneira consciente, melhorando a qualidade de vida. São muitas histórias bem emocionantes que a gente vê e ouve que, se contar, fica até parecendo lorota.”
Equilíbrio e segurança
“Uma vantagem da prescrição é que é muito seguro trabalhar com a Cannabis. Tem alguns efeitos adversos, alguns cuidados, mas é seguro. Eu acompanho semanalmente os pacientes até conseguir encontrar uma dose e produto adequados para a resposta.”
“A Cannabis é muito versátil. Ela atua sobre o sistema endocanabinoide, que é um super regulador de outros sistemas do organismo. Se tem um problema que gera um desequilíbrio, vai disparar o sistema de controle do estresse e a pessoa vai apresentar sintomas. A Cannabis entra como um suplemento que vai trazer esse equilíbrio de volta.”
Diante todas as evidências clínicas e benefícios dos pacientes, Câmara questiona os colegas de profissão que ainda enxergam a Cannabis com restrições. “O médico tem coragem de prescrever zolpidem, alprazolam, ou pior, opioide, mas são medicamentos perigosos. A pessoa fica desorientada, tem risco de queda.”
“Eu incentivo aos médicos que experimentem, e, se quiserem, eu poderia preescrever para ele um óleo de uma planta rica em canabidiol para que eles usem, sintam o efeito e possam ver como é tranquilo.”
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