Na noite de ontem o jornalista Maurício Kubrusly foi homenageado nas comemorações dos 50 anos do Fantástico. E durante o programa informou-se sobre a atual realidade do profissional que deixou para trás São Paulo para mergulhar na natureza, o que tem sido um bom remédio para lidar com a Demência Fronto Temporal (DFT). Kubrusly foi diagnosticado há alguns anos com a condição.
A Demência Fronto-Temporal (DFT), também conhecida como Demência Lobar Frontal, é um tipo de demência que afeta áreas específicas do cérebro, conhecidas como lobos frontais e temporais. A DFT é causada por uma deterioração das células nervosas nos lobos frontais e temporais do cérebro, mas a causa exata ainda não é totalmente compreendida.
Os lobos frontais são uma das principais regiões do cérebro humano, localizados na parte frontal do córtex cerebral. Eles desempenham um papel crucial em funções como:
- cognitivas complexas,
- comportamento social,
- planejamento,
- tomada de decisões
- controle das emoções.
Os lobos frontais são essenciais para muitos aspectos da personalidade e da interação social Além de estarem envolvidos em processos executivos, como a resolução de problemas e a autorregulação.
O caso Phineas Gage
“A DFT é muito frequente, só perde para o Alzheimer”, sinaliza o Dr. Felipe Neris Nora, CRM 25097. Para o médico é importante destacar o impacto da deterioração das células nervosas nos lobos frontais que a condição causa. E para isso, lembra do caso Phineas Gage, um dos mais famosos e citados na história da neurociência e da psicologia.
Ele diz respeito a um homem chamado Phineas Gage que em 1848 sofreu um acidente grave: uma barra de ferro atravessou sua face e crânio, e saiu pelo topo de sua cabeça. Gage sobreviveu. Porém, a barra de ferro causou danos graves ao seu cérebro.
Após o acidente, Gage sua personalidade e comportamento mudaram de maneira drástica. Ele se tornou impulsivo, irritável e incapaz de seguir as normas sociais. Esse caso chamou a atenção dos médicos e pesquisadores da época, pois demonstrou de maneira clara a conexão entre lesões cerebrais e comportamento humano.
O caso Phineas Gage teve um impacto no campo da neurociência e da psicologia, já que destaca a importância dos lobos frontais, a região do cérebro que foi afetada no caso de Gage, na regulação do comportamento social e do autocontrole.
Diagnóstico da DFT
O diagnóstico é feito através de avaliações clínicas, histórico médico e testes neuropsicológicos. Infelizmente, não existe uma cura para a DFT. Mas os tratamentos podem ajudar a gerenciar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Terapias de apoio, medicamentos e estratégias de cuidados podem ser implementados para lidar com os desafios enfrentados pelos pacientes e seus familiares. Neste sentido, a Cannabis poderia somar como uma nova terapia para a DFT.
Cannabis no tratamento do DFT
Segundo o estudo “Cannabinoids in the management of frontotemporal dementia: a case series” publicado em 2020, pacientes com a condição que utilizaram o Canabidiol apresentaram melhorias significativas no comportamento.
Essencialmente, o estudo examinou pacientes que sofrem de demência, e principalmente, apresentavam limitações na variante comportamental. Muitas vezes caracterizada por desinibição e comportamentos obsessivos/compulsivos.
Portanto, os pacientes apresentavam limitações devido ao comportamento, apesar do manejo farmacológico típico. No estudo, estes pacientes receberam prescrição de Cannabis para comorbidades como ansiedade, insônia e dor.
“O CBD entra no tratamento da DFT não para retardar a doença. Embora tenha propriedades neuroprotetoras, mas precisamos de mais estudos. Hoje é uma medicação com baixo efeito colateral e pode apresentar uma melhora global na qualidade de vida do paciente. É muito promissora. Hoje é uma possibilidade gritante, assim como a necessidade de que existam mais estudos com canabinoides como THC e CBG”, avalia Dr. Felipe.
O efeito do CBD para sintomas da demência
Já um estudo feito por pesquisadores gregos também demonstrou que o canabidiol (CBD) é um substância muito benéfica para os idosos, especialmente os que vivem com demência.
Comparado com a medicação convencional, o canabinoide produzido pela planta Cannabis se mostrou como uma opção mais segura e eficaz, trazendo melhora significativa nos sintomas psicológicos e comportamentais.
Esse efeito foi percebido com os participantes do estudo recebendo um óleo de CBD 3%. Essa porcentagem diz respeito à concentração do canabinoide no produto e é relativamente fácil de se encontrar no mercado europeu. Os pacientes passaram por acompanhamento médico durante 6 meses e após esse período os cientistas identificaram a melhora nos sintomas.
O tratamento com CBD para demência
Para fazer o estudo The Effect of Cannabidiol 3% on Neuropsychiatric Symptoms in Dementia – Six-Month Follow-Up, os cientistas selecionaram 20 pessoas idosas com quadro grave de demência com problemas de comportamento e de memória. Os cientistas os separaram em dois grupos, um recebendo o tratamento convencional e o outro recebendo o produto com CBD, durante seis meses.
Enquanto houve pouca ou nenhuma melhora no gripo que tomou a medicação convencional, os pacientes que receberam CBD apresentaram melhorias nos sintomas da demência, como memória e agitação.
Portanto, os pesquisadores apontaram na conclusão do artigo que essa abordagem terapêutica com o canabidiol tem potencial para virar a primeira linha de tratamento para pessoas com demência.
“Sugerimos que o CBD pode ser uma escolha mais eficaz e segura para o gerenciamento de sintomas psicológicos e de comportamento da demência do que a intervenção típica. Futuros grandes ensaios clínicos randomizados são necessários para reafirmar esses achados.”
Como é o tratamento convencional para demência
Graças ao avanço da medicina e da ciência, nós estamos vivendo por mais anos e a expectativa de vida também vem aumentando com o passar dos anos. Com isso, as doenças relacionadas ao envelhecimento, como a demência e o Alzheimer, serão cada vez mais comuns. Consequentemente, também aumentam as pesquisas nessa área e as possibilidades para que os idosos vivam melhor e com mais bem-estar.
O estudo mencionado anteriormente destaca os tratamentos convencionais para retardar a progressão da demência e reduzir os sintomas. Esses tratamentos incluem medicação para aumentar alguns neurotransmissores no cérebro. No entanto, esses fármacos geram alguns efeitos colaterais indesejados, como náuseas, dores, tontura e distúrbios no sono. É preciso buscar um equilíbrio que a pessoa consiga fazer suas atividades diárias.
Cannabis para quem busca um envelhecimento com bem-estar
Nesse sentido, a Cannabis e os canabinoides têm se apresentado como grandes aliados para um envelhecimento com mais bem-estar e qualidade de vida. As propriedades neuroprotetoras da planta contribuem para que o quadro não se agrave, além de combater diretamente alguns sintomas.
Se você quer incluir a Cannabis no tratamento de uma pessoa idosa com demência, é muito fácil. Basta marcar uma consulta na nossa plataforma de agendamentos com profissionais da saúde aptos e com experiência na prescrição de fitocanabinoides.