Lançamos hoje mais uma série de reportagens do portal Cannabis & Saúde visando esclarecer dúvidas habituais que chegam aos consultórios de médicos e médicas que prescrevem canabinoides para distintas patologias. Portanto, para responder se a Cannabis pode viciar convidamos o médico Dr. Ricardo Ferreira (CRM: 52706973) para falar sobre uma das dúvidas que segundo ele, é frequente em seu consultório.
Entende-se que esta pode ser uma das provas do quanto a educação e a informação são imprescindíveis quando falamos na terapia canabinoide. Pois muitas pessoas ainda não sabem que o uso da Cannabis para tratar distintas patologias, realizada com acompanhamento médico correto, pode ser muitas vezes uma alternativa mais segura do que, por exemplo, o uso de benzodiazepínicos (diazepam e midazolam), álcool e nicotina.
Mas afinal: Cannabis vicia?
“A Cannabis pode viciar, assim como outros medicamentos. Mas a chance de viciar é muito baixa. Ela pode causar um tipo de dependência chamada de dependência psíquica comportamental.
E isso não acontece só com a Cannabis. Acontece também com opioides, antidepressivos, benzodiazepínicos e anticonvulsivantes. Aquela pessoa que tem uma sensação muito prazerosa com qualquer substância que utilize, é uma pessoa que tem risco de criar dependência com a Cannabis. Assim como pessoas com comportamento de dependência a outras substâncias”, explicou Dr. Ricardo.
Neste sentido é importante esclarecer que a dependência psíquica comportamental refere-se a um padrão de comportamento repetitivo e compulsivo. Esses comportamentos podem se tornar hábitos arraigados e difíceis de controlar, muitas vezes resultando em um ciclo vicioso. Esse tipo de dependência não envolve necessariamente substâncias químicas, como no caso da dependência química de drogas ou álcool, mas sim ações, atividades ou comportamentos que se tornam um meio de lidar com emoções, estresse, tédio ou outras situações difíceis.
Mas e se a dependência acontecer?
Outro ponto importante de se destacar é que se a dependência em relação à Cannabis acontecer é uma dependência muito mais fácil de ser tratada do que de outras substâncias. Neste sentido, Dr. Ricardo esclarece que é uma dependência diferente do que de benzodiazepínicos e opioides, pois não causa abstinência, não causa fissuras.
“A pessoa sente falta por um tempo. Mas depois ela supera. Pois não é uma dependência química real, é uma dependência psíquica comportamental”, sinaliza.
“Nunca percebi nenhum paciente meu com esta dependência”
É importante destacar que o uso de canabinoides, como o CBD e o THC, com acompanhamento médico é totalmente diferente do uso adulto.
“Quando falamos do uso crônico de maneira recreativa, uso adulto, existe a estatística de que 10% de usuários crônicos de Cannabis desenvolverem a dependência. Mas é o uso adulto, recreacional, de forma contínua e prolongada. Quando a gente fala da Cannabis de uso medicinal, que o objetivo não é a psicoatividade, não temos estatística. Eu particularmente nunca percebi nenhum paciente meu com este problema. Mas se acontecer é uma dependência muito menor se comparada à dependência de nicotina e álcool”, finaliza Dr. Ricardo.
CBD no tratamento de dependência de outras drogas como cocaína e álcool
Por outro lado é importante destacar que o Canabidiol, canabinoide popularmente conhecido como CBD, também tem potencial no tratamento da dependência de drogas pesadas, como a cocaína.
Segundo este estudo realizado em 2020, as evidências indicam que o CBD “é uma terapia adjunta promissora para o tratamento da dependência de cocaína devido ao seu efeito sobre: efeitos de recompensa da cocaína, consumo de cocaína, respostas comportamentais, ansiedade, proliferação neuronal, proteção hepática e segurança”.
Já o estudo publicado na revista Addiction aponta que o uso de Cannabis no tratamento de abuso de álcool permitiu uma redução significativa de dias de abstinência de álcool em comparação com aqueles que passaram por este período sem o tratamento com Cannabis medicinal.
Ainda sobre alcoolismo, temos uma pesquisa publicada na Addictiion Biology que aponta como o CBD auxilia na redução do consumo de álcool e melhora a motivação do paciente, tendo resultados mais positivos do que os medicamentos tradicionais utilizados para este tipo de transtorno.
Por fim, há também o estudo realizado pelo laboratório da University College de Londres que apontou uma redução de 40% nos cigarros fumados pelos participantes da pesquisa. Isso complementa a pesquisa que listamos anteriormente neste artigo no uso da Cannabis para o tabagismo.
“A Cannabis foi uma porta de saída da dependência química”, leia o relato do paciente Bruno Olímpio.
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