Para começar a semana com o pé direito, o Portal Cannabis & Saúde conversou com o músico Luís Maurício, baixista de uma das maiores bandas de reggae do Brasil – Natiroots – sobre dois instrumentos terapêuticos que se complementam: música e Cannabis.
Nesse bate-papo em Brasília, o produtor musical de reggae – que também é paciente da Cannabis – contou como o óleo da planta o fez perder a vontade de fumar maconha. Além disso, ele falou também de que forma o uso dos canabinoides tem ajudado na recuperação muscular pós atividades físicas.
Luís ainda explicou como é possível conciliar a agenda de shows com a nova paixão: o mercado da Cannabis.
Primordialmente, o ‘hempreendedorismo’ é o novo propósito de vida do músico. Por isso, ele já pensa em reduzir as turnês, para se dedicar de corpo e alma para um negócio que seja ‘economicamente rentável e socialmente justo’ – palavras do baixista.
Quer saber mais sobre como a Cannabis mudou a história de um dos fundadores da banda Natiroots? Não deixe de ler a entrevista até o fim!
Nesse domingo teve um showzaço do Natiroots com o Caetano Veloso aqui em Brasília. Como foi?
Foi um dia incrível. Foi histórico pra gente! Em primeiro lugar, por estar tocando aqui na nossa cidade, em Brasília, e pela primeira vez, junto com o Caetano, que a gente admira desde sempre. Um grande mestre. De fato, foi um dia incrível! Por outro lado, como é bom começar a semana falando de duas coisas que a gente ama: música e Cannabis.
A Cannabis entrou na vida do Luís Mauricio há muito tempo, mas agora é com o cunho medicinal. Inclusive, você estava me falando que a Cannabis, o óleo, apareceu na sua vida, como uma iniciativa para redução de danos?
Perfeito. Foi uma coisa bem natural. Eu sempre usei a Cannabis, desde a minha adolescência. E, sempre foi uma coisa que me trouxe muitos benefícios. Eu nunca fui um cara de beber, por mais que trabalhe com música e à noite, nunca gostei tanto de álcool.
No entanto, me identifiquei muito com a Cannabis. Principalmente, pela parte de recuperação muscular no esporte. Porque eu gosto muito de esporte, corrida de rua, faço a minhas longas e sempre tive esse benefício.
Então, eu sempre tive essa percepção do uso terapêutico da Cannabis. Só posteriormente, eu fui descobrir o óleo e naturalmente, eu não sei nem explicar, eu fui deixando de fumar. E já tem algum tempo que eu só uso o óleo.
Eu me encontrei com o óleo e me faz muito bem, estou equilibrado. Daqui pra frente, é só o óleo.
E como foi, então, que você decidiu investir nesse mercado? Vislumbrou um crescimento em potencial?
No final de 2019, eu juntei com alguns amigos. Eu estava muito sensibilizado pela causa medicinal. Eu vi a histórias das mães com filhos que têm epilepsia refratária e aquilo me tocou bastante e eu resolvi ser uma voz, ser veículo para falar sobre esse tema, quebrar preconceitos, ajudando nessa causa maravilhosa.
Assim, a gente montou uma empresa pequena, para estar dentro do segmento, entendendo o mercado e viabilizando, democratizando, tentando fazer esse medicamento – tão poderoso – chegar ao maior número de pessoas.
E graças a Deus a gente já tem três anos de empresa. A gente tem caminhado dentro dessa linha do economicamente rentável e do socialmente justo. Esse é o nosso caminho!
E esse caminho do “socialmente justo” passa por esses mutirões de atendimento, que vocês estão promovendo, justamente para que as pessoas que não têm acesso e nem conhecimento sobre essa planta possam se beneficiar dos princípios ativos?
A gente sabe que ainda é um tratamento para uma classe privilegiada, infelizmente. E a gente tem que quebrar essa barreira. Tem que tentar fazer esse medicamento chegar para muita gente.
Então, a gente, dentro do nosso universo muito pequeno, tem conseguido realizar grandes ações. Parcerias com médicos que a gente vem conhecendo e que se tornaram amigos, a Dra. Vanessa Matalobos, de Cabo Frio (RJ), que promoveu esse mutirão em Cabo Frio.
A nossa empresa, Plant Based Labs, forneceu os óleos, trouxe médicos e a gente conseguiu fazer o atendimento para mais de 60 pacientes. E demos início ao tratamento desses pacientes.,
Posteriormente, a nossa ideia é trazer advogados também, para ajudar a judicializar o tratamento desses pacientes para dar continuidade a esse tratamento. O benefício não é só para o paciente, mas para toda a família. É muita gente envolvida.
E é uma coisa que tem me dado uma satisfação muito grande, que é conseguir ajudar uma pessoa, duas, três. É o meu novo propósito de vida!
E é importante contar com o Luís nessa causa porque a gente sabe que ainda falta propagar muita informação, há muito preconceito e desinformação. Você, como integrante de uma banda tão famosa, é mais uma voz que chega até as pessoas, não é?
É… Eu vi que é quase uma obrigação estar falando sobre isso. É uma informação que tem que chegar para todo mundo. Antes, eu tinha receito de falar por causa do preconceito, ‘vou ser taxado disso e daquilo’.
E hoje, já não tenho mais nenhum problema em falar sobre isso abertamente. É uma coisa que tem levado benefícios e salvado vidas. Há inúmeros exemplos de pessoal que eu consegui ajudar nesse processo.
Sou um veículo para conectar as pessoas: com médicos, com as empresas de óleo, as associações. Meu objetivo pessoal é estar fazendo essa ponte entre o medicamento e os pacientes. Seja pelas associações, seja pelas empresas. O objetivo é levar saúde.
E a gente, por estar em Brasília, também tem esse dever de fazer a informação chegar lá onde está o poder decisório. Nos parlamentares, que criminalizam a mesma planta que cura, que a tratam também como caso de polícia.
Essa é uma realidade histórica no nosso país, essa criminalização da Cannabis e esse encarceramento em massa, que é um problema muito grande! Nosso Brasil sofre.
A gente sabe que a população preta e pobre é que acaba sendo presa e vítima desse preconceito e dessa criminalização.
Então, a gente tem que mudar esse cenário e eu acho que é assim: falando abertamente, levando informação e nós estamos aqui em Brasília, então fica mais fácil.
Você está sempre dentro do nosso Congresso, mexendo e cutucando os políticos. Eu vejo que teve um avanço muito grande no nosso país no Judiciário. A gente vê muita coisa andando pelo Judiciário, mas no Legislativo não é prioridade.
Então, cabe à gente estar mexendo nessa panela. para ver se consegue alguns avanços. Será bom para todo mundo.
É uma contradição que, a mesma planta medicinal, que pode ser importada, prescrita pelo médico, levar alguém para a cadeia. E a gente ainda fica refém de importação, não é?
A gente tem um país gigantesco, com uma condição climática maravilhosa. A gente podia ser referência mundial no plantio, no cultivo, gerar emprego, diminuir a criminalidade, o narcotráfico e ter esse olhar medicinal da planta.
O principal é entender que essa é uma planta medicinal como muitas outras. Inclusive, poderia ser trabalhada de forma conjunta com outras plantas medicinais. A Cannabis é mais uma delas.
A gente fala do uso medicinal, mas a gente sabe dos outros inúmeros benefícios que a planta tem, a partir do cânhamo industrial, da indústria têxtil. Então, a gente poderia ser uma país de referência mundial no setor e a gente ainda está engatinhando.
Você falou sobre o uso da Cannabis nos esportes. Conta pra gente como que você ministra os canabinoides na prática esportiva?
Eu costumo dizer que a Cannabis é mais uma ferramenta. A gente tem que ter um conjunto de ações para ter os benefícios. Então, o esporte é mais um pilar, dessas coisas que eu acredito. Uma coisa puxa a outra.
Quando você faz um esporte, você tem mais apetite, dorme melhor. A Cannabis vem nesse somatório de coisas. A Cannabis controla a minha ansiedade, melhora o meu sono e a minha recuperação muscular.
Eu adoro esportes desde sempre e vejo que nada que eu tenha tomado de suplementação me trouxe uma recuperação muscular como os canabinoides.
Isso eu falo por experiência própria mesmo. Então, é uma coisa que eu acho que os atletas, de forma geral, devem pelo menos estudar para ver. Eu, particularmente, nunca vi nada melhor para recuperação muscular.
E os demais integrantes do Natiroots, também estão fazendo uso da planta medicinal?
Sim, todo mundo. Não só dentro da banda, mas meus amigos e a minha própria família. A minha mãe, foi uma grata surpresa, depois de anos, a gente tendo conversas sobre o tema.
Ela sabia que você fumava maconha?
Sim. Desde muito novo. Ela não gostava, tinha muito preconceito. Mas, ao longo do tempo, a gente foi conversando.
Quando chegou essa questão do óleo, saiu da Cannabis fumada e começou a falar sobre o óleo, acompanhamento médico, estudo científico, e aí, ela foi entendendo. Ela já faz uso há dois anos.
Para tratar o quê?
Ela começou a usar para tratar algumas dores, para ajudar um pouco no sono. Hoje, eu senti que fez bem para ela. Eu disse: ‘mãe, você vai sentir o efeito depois de 2 ou 3 meses’, até para não criar muita expectativa nela.
E eu percebi que estava fazendo bem, quando o vidro de óleo dela começou a acabar e ela falou para mim: ‘meu filho, meu óleo está acabando…compra pra mim’. Ela melhorou bastante o humor.
Ela estava se sentindo só, um pouco depressiva. A Cannabis deu um up, hoje vejo ela mais alegre, mais divertida e mais equilibrada. A palavra da Cannabis é o equilíbrio, a modulação do nosso Sistema Endocanabinoide.
Tem projetos à vista? Dá para dar algum spolier?
Projeto é o que não falta. A gente continua com o Natiroots em turnês, tocando. Inclusive a gente vai tocar no Chile agora, no dia primeiro, e em outubro, na ExpoWeed. Fico muito feliz de juntar duas coisas que eu amo.
Viajando, fazendo show e conhecendo mais o setor, mais o mercado, mais fornecedores, mais médicos, advogados, pacientes e associações. Então, estou imerso nesse universo e a ideia é levar informação, democratizar os tratamentos e fazer o medicamento de qualidade chegar aqui no Brasil, para um maior número de pessoas.
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