A Cannabis indica é uma das subespécies desta planta que conta com amplas possibilidades para o tratamento de doenças diversas. Não por acaso, estamos falando sobre um mercado que, apesar de ainda incipiente, tem tudo para crescer de forma consistente no Brasil.
Isso, inclusive, já era apontado em 2017, em um estudo feito pela New Frontier Data. O tempo só fez confirmar as expectativas lançadas e, hoje, nosso país caminha para ampliar o acesso a medicamentos produzidos com base em plantas do gênero.
O cenário só não é melhor ainda em razão de preconceito e desinformação. Para muitas pessoas, falar em Cannabis, a planta da maconha, é associar ao seu uso recreativo. Só que isso nada tem a ver com a real proposta de regulamentação desse mercado, que fora do Brasil já avança a passos largos.
Nos mais variados formatos, medicamentos à base de canabidiol (CBD) podem enfrentar doenças e aliviar sintomas, trazendo mais qualidade de vida e bem-estar aos pacientes.
Ao longo deste conteúdo, vamos apresentar uma série de dados e estudos clínicos, com especial destaque para a Cannabis indica, seus efeitos e aplicações. Por aqui, você vai encontrar:
- O que é Cannabis indica?
- Qual é a origem da Cannabis indica?
- Qual é a diferença entre Cannabis indica, sativa e híbrida?
- Qual é o uso medicinal da Cannabis indica?
- O uso da Cannabis indica para fins medicinais é liberado no Brasil?
- Posição da OMS quanto ao uso medicinal da Cannabis indica e sativa
- Qual é a melhor: indica ou sativa?
- Como conseguir medicamentos à base de Cannabis?
Siga acompanhando.
O que é Cannabis indica?
As plantas do gênero Cannabis são cultivadas desde tempos imemoriais. Elas são nativas da Ásia, mais precisamente do imenso território no qual hoje se localizam parte da Sibéria, da Mongólia e da China. Estima-se que ela seja usada para diversas finalidades há pelo menos 10 mil anos, e os primeiros registros do seu cultivo datam de 6 mil anos atrás.
Ao longo do tempo, o homem vem usando mais intensivamente duas subespécies de Cannabis: a sativa e a indica. Embora até certo ponto parecidas, elas têm diferenças entre si que precisam ser consideradas.
Uma delas é a concentração das substâncias ativas tetrahidrocanabinol (THC) e canabidiol (CBD). A primeira é responsável pelos efeitos psicoativos e está bastante associada ao uso recreativo da Cannabis.
Já o CBD, ou canabidiol, é o composto a partir do qual se fabrica uma ampla gama de medicamentos, prescritos para tratar desde dores musculares até o câncer, atuando no alívio de sintomas.
O que é a Cannabis?
A Cannabis, também conhecida como a planta da maconha, é uma planta da família das angiospermas que tem três subespécies mais conhecidas: Cannabis sativa, Cannabis, indica e Cannabis ruderalis.
Ela é conhecida pelo seu uso recreativo, graças aos efeitos psicoativos do canabinoide tetrahidrocanabinol (THC), além de também ter propriedades medicinais.
Apesar de seu uso medicinal industrializado ser relativamente recente, o uso da Cannabis em tratamentos para a saúde já existe há milhares de anos e seus primeiros registros datam de 10 mil anos. Além disso, os primeiros registros de cultivo da planta são de 6 mil anos atrás.
Cannabis indica
Como comentamos no tópico anterior, a Cannabis indica é uma das três variedades da Cannabis. Ela é nativa da Ásia Central, provavelmente da região onde hoje se localizam o Afeganistão, o Paquistão e a Índia.
A Cannabis indica tem como características ser uma espécie larga e baixa, que cresce mais rápido que a Cannabis sativa, com um tempo de floração estimado de 45 a 65 dias. Além disso, ela tem níveis mais altos de CBD e mais baixos de THC.
Qual é a origem da Cannabis indica?
Cada continente, país e região do mundo tem sua vegetação nativa. Ou seja, há plantas que se adaptam a certos lugares conforme o seu clima, tipo de solo e outros fatores. No caso da Cannabis indica, planta da família das Cannabaceae, o que se sabe é que ela é uma subespécie do subcontinente indiano e da Ásia Central.
Como comentamos anteriormente, provavelmente, as primeiras mudas conhecidas tiveram origem onde hoje se localiza o Afeganistão, estendendo-se para o Paquistão e a Índia. Sendo assim, é notória sua adaptação bem-sucedida aos ares da cordilheira Indocuche que, curiosamente, é chamada de “assassina de hindus”, em virtude do clima inóspito.
Felizmente, de assassina a indica não tem nada, muito pelo contrário. É crescente o número de pesquisas e estudos de casos de pacientes que conseguiram se curar ou aliviar sintomas de doenças graves ou crônicas utilizando-a mediante prescrição médica.
Anatomicamente, a indica se caracteriza por ser a subespécie mais larga e baixa das pertencentes à sua família.
Qual é a diferença entre Cannabis indica, sativa e híbrida?
Em um artigo publicado no Portal Cannabis & Saúde, o agrônomo Lorenzo Rolim destacou as principais características das subespécies de Cannabis: a sativa e a indica.
De acordo com o pesquisador, “não há estudos suficientes que comprovem que cada tipo seja bom para um ou outro sintoma. Não temos como dizer que a indica serve para náuseas e que a sativa não funciona. De modo geral, existem usos medicinais, mas não há como afirmar qual espécie trata diretamente determinado sintoma”.
Isso porque, como você já viu, são inúmeras as possibilidades terapêuticas da Cannabis. Dessa forma, é natural que pairem dúvidas sobre as diferenças entre os dois tipos mais populares.
Nesse caso, o que vale destacar é a própria anatomia de cada planta, ainda que elas sejam bastante parecidas. Uma das diferenças mais notáveis entre uma e outra é o padrão das folhas da indica, com ramos mais largos que os da sativa, além de sua menor estatura.
E o que mais cada subespécie tem para mostrar? Veja a seguir!
Indica
Outra diferença marcante na anatomia da Cannabis indica em relação à sativa, que parece mais uma pequena árvore, é o seu aspecto de arbusto. Além disso, seu tempo de floração estimado está entre 45 e 60 dias.
Sobre a indica, uma curiosidade é que seu nome é atribuído ao biólogo francês Jean-Baptiste de Lamarck. Em 1785, ele diferenciou essa espécie da então utilizada para produção de fibras na Europa, classificada em 1753 por Carolus Linnaeus – foi ele quem descreveu o gênero e a espécie Cannabis sativa pela primeira vez.
A indica tem, ainda, uma variação: a Cannabis indica kafiristanica ou afghanica, natural da região do Himalaia e norte da Índia. Essas plantas se destacam por apresentar níveis mais elevados de canabidivarina (CBDV) ou de tetrahidrocanabidivarina (THCV).
Sativa
Em termos científicos, você sabe o que quer dizer “sativa”?
Na verdade, o nome correto da planta é Cannabis sativa L., em referência ao já citado Carolus Linnaeus. Tal como a indica, ela apresenta uma variação, a Cannabis sativa spontanea, mais conhecida como Cannabis ruderalis.
Já a sua floração é bem mais demorada se comparada com a da indica, situando-se na faixa entre 60 e 90 dias.
Híbrida
Desde que a ciência descobriu o imenso potencial em termos farmacêuticos para a Cannabis, ela vem sendo pesquisada e cultivada em ambientes controlados. A partir disso, surgiram espécies híbridas, cada uma com concentrações de CBD e THC distintas.
Sendo assim, elas são subespécies “não naturais” da Cannabis, portanto, resultantes do cruzamento de plantas de cepas diferentes.
Em geral, elas são cultivadas por agentes autorizados principalmente para a extração de canabinoides para fabricação de medicamentos.
Outro motivo que leva empresas e agricultores a preferir subespécies híbridas é seu menor tempo de crescimento, bem como o período de floração também reduzido.
O que é o canabidiol (CBD)?
O canabidiol (CBD) é um dos diversos canabinoides encontrados na Cannabis. Diferentemente do tetrahidrocanabinol (THC) o CBD não apresenta efeitos psicoativos. Por outro lado, este ativo tem efeitos terapêuticos e é usado como matéria prima na fabricação de uma série de medicamentos e outros produtos.
Devido a suas propriedades medicinais, atualmente o CBD é aplicado como uma terapia alternativa para uma diversa gama de doenças e condições de saúde, que vão desde a acne até o HIV.
Algumas de suas funções são: ansiolítico, imunossupressor, anti-inflamatório, neuroprotetor, antiemético, sedativo, anticonvulsivo, antioxidante, antiespasmódico, antipsicótico.
Outros canabinóides de efeitos terapêuticos encontrados na Cannabis indica
Além do canabidiol, a Cannabis indica também apresenta outros diversos canabinoides que têm efeitos terapêuticos. Veja, a seguir, uma lista:
- THC: o tetrahidrocanabinol é conhecido por ser o canabinoide com efeitos psicoativos. No entanto, ele também tem propriedades terapêuticas e funciona como ansiolítico, anti-inflamatório, neuroprotetor, estimulador de apetite, analgésico, sedativo, antioxidante, dentre outros benefícios;
- CBG: menos conhecido que o CBD e o THC, o CBG, ou canabigerol, uma concentração bem baixa nas plantas de Cannabis, não chegando nem mesmo a 1%. No entanto, essa substância também tem efeitos terapêuticos e pode funcionar como anti-inflamatório, anticonvulsivo, sedativo e redutor de pressão intraocular;
- CBN: quando exposto ao calor ou quando a planta envelhece, o THC se transforma em canabinol (CBN). Essa substância tem efeitos anti-inflamatórios;
- CBC: outro canabinoide bem menos conhecido, o canabicromeno, além de ser sedativo, hipotensor e anti-inflamatório, também tem potenciais terapêuticos diferentes do CBD e do THC, podendo agir como fungicida e bactericida;
- THCV: a tetrahidrocanabidivarina é um canabinoide semelhante ao THC, mas não criado na forma de ácido. Ele tem um efeito psicoativo mais curto e pode suprimir o apetite, sendo útil na luta contra a obesidade, além de regular os níveis de açúcar no sangue;
- CBDV: a canabidivarina, por sua vez, se assemelha ao CBD e, assim como ele, não tem efeito psicoativo. Há indícios de que ele apresente potencial antiepilético;
- THCA: o ácido tetrahidrocanabinolico é a forma não ativada do THC, que não tem efeitos psicoativos. No entanto, ele apresenta propriedades neuroprotetoras e anti-inflamatórias;
- CBDA: o ácido canabidiólico, assim como o THCA para o THC, é a forma anterior ao canabidiol. Ele pode ter propriedades anti-inflamatórias e antinauesas, além de um possível efeito antitumoral.
Quais são os efeitos da Cannabis indica?
Como você já sabe, a subespécie indica apresenta alta concentração de CBD, o canabidiol, substância com propriedades terapêuticas extraída das plantas de Cannabis em geral. Mas por que o CBD vem sendo tão exaltado ultimamente? O que ele tem de especial em comparação com outros medicamentos?
Na verdade, o “pulo do gato” do canabidiol não está na substância propriamente, mas na forma como o nosso organismo a absorve, que não encontra paralelo com nenhuma outra. Ela interage com praticamente todas as nossas células e exerce efeitos terapêuticos graças à plasticidade do sistema endocanabinoide.
Descoberto somente na década de 1960 pelo pesquisador Raphael Mechoulam, ele é responsável por promover o equilíbrio entre as reações corporais em geral. Uma das suas principais características é a capacidade de intervir de maneira benéfica em uma infinidade de processos físico-químicos.
Essas intervenções, por sua vez, são possíveis em virtude dos endocanabinoides que todos produzimos naturalmente. Então, quando ingerimos CBD, de certo modo “turbinamos” esse sistema, que passa a trabalhar com mais intensidade. Vem daí os vários efeitos benéficos à saúde, alguns dos quais destacamos a seguir.
O que o canabidiol faz no corpo?
Como já comentamos nos tópicos anteriores, o canabidiol (CBD) é um composto encontrado na Cannabis. Ele interage com o sistema endocanabinoide do corpo, que é um sistema regulador complexo envolvido em diversas funções fisiológicas e que inclui receptores encontrados em todo o corpo, como o cérebro, sistema nervoso central, órgãos periféricos, tecidos adiposos, sistema imunológico dentre outros. Esses receptores são conhecidos como receptores CB1 e CB2.
A interação entre o canabidiol e os receptores do sistema endocanabinoide pode resultar em alívio de dores, redução de estresse e ansiedade, propriedades anti-inflamatórias e anticonvulsivantes, efeitos neuroptotetores, dentre diversos outros benefícios que podem ajudar a controlar uma série de doenças.
Saiba mais a seguir.
Efeito neuroprotetor
Já é bastante conhecida a ação do CBD no sistema nervoso e como, a partir disso, ele também age no tratamento da epilepsia, do Alzheimer, da doença de Parkinson, dentre outras condições.
Esse efeito se deve à concentração de flavonoides e antocianinas, o que já foi demonstrado em diversas pesquisas, como a Neuroprotective antioxidants from marijuana.
O sistema endocanabinoide é responsável por modular uma série de processos relacionados a doenças neurológicas, como a neuroinflamação, a excitotoxicidade, a disfunção mitocondrial e o estresse oxidativo. Sendo assim, o uso de canabinoides pode trazer melhorias a esses distúrbios.
Efeito analgésico
Outro uso já bastante difundido do canabidiol é como analgésico, ou seja, para suprimir ou evitar a dor. Uma boa prova disso é a pesquisa Why Athletes are Ditching Ibuprofen for CBD (“Por que os atletas estão trocando o Ibuprofeno pelo CBD”).
No estudo, o canabidiol foi ministrado em atletas de altíssima intensidade como anti-inflamatório em substituição ao fármaco convencional. Devido aos efeitos positivos, o CBD foi, inclusive, retirado da lista de substâncias dopantes pela WADA, a Agência Mundial Anti-Doping.
Efeito relaxante
O sistema endocanabinoide também pode interferir diretamente na comunicação entre as células musculares e o cérebro. Dessa forma, por meio de sua interação com o CBD, ele funciona como um relaxante natural.
Nesse aspecto, os relaxantes fabricados artificialmente apresentam um problema: por não serem naturais, podem provocar reações adversas, como danos ao fígado.
Isso não acontece com o canabidiol que, por ser uma substância natural e prontamente tolerada pelo sistema endocanabinoide, tem o mesmo efeito dos fármacos comuns, mas sem causar prejuízos colaterais.
Efeito anti-inflamatório
Além do CBD, diversos outros canabinoides têm efeitos benéficos à saúde, como já comentamos ao longo deste texto. Entre esses canabinoides, está o canabicromeno, ou CBC. Trata-se de um dos compostos da Cannabis mais estudados pela medicina e que se destaca pelas suas propriedades hipotensora e anti-inflamatória.
Outra substância presente na Cannabis indica com qualidades anti-inflamatórias é o mirceno. Essa é uma espécie de terpeno, que, por sua vez, é a classe de elementos responsáveis pelos aromas exalados pelas plantas em geral.
Além dele, outro terpeno com propriedades anti-inflamatórias é o beta-cariofileno , que também é encontrado na pimenta, na lavanda e no cravo.
Controle de distúrbios psiquiátricos
Males como o transtorno bipolar vêm sendo tratados com sucesso com medicamentos produzidos à base de CBD. Além disso, outros distúrbios de comportamento e psiquiátricos estão sendo controlados com o uso medicinal do canabidiol.
Alguns sintomas do transtorno do espectro autista (TEA), por exemplo, podem ser consideravelmente minimizados quando essa substância entra em ação. É o caso, por exemplo, dos pais de uma criança autista de Campinas (SP) que obtiveram autorização da justiça para plantar Cannabis.
Assim, puderam fabricar seus próprios extratos para tratar não só do autismo, como de doenças neurológicas da menor, desencadeadas pela síndrome de Lennox-Gastaut.
Cuidados paliativos
Pacientes com câncer também estão se beneficiando da Cannabis indica no tratamento e prevenção dos sintomas associados à quimioterapia. Nesse caso, ajuda a eliminar náuseas e vômitos, tão comuns em pessoas submetidas aos “bombardeios” de medicamentos pesados para remissão do câncer.
No entanto, não é só nos cuidados paliativos que o canabidiol se destaca como aliado nesse tipo de tratamento. Isso porque o artigo Cannabidiol as potential anticancer drug, publicado no British Journal of Clinical Pharmacology, concluiu que o CBD apresenta ações antiproliferativas, antimigratórias, anti-invasivas e antimetásticas contra várias categorias de tumores.
Qual é o uso medicinal da Cannabis indica?
Você já viu alguns benefícios das substâncias encontradas na Cannabis indica, mas ainda há muito mais por conhecer. Veja, a seguir, que tipo de doenças podem ser tratadas com os substratos dessa incrível planta medicinal.
Doença de Parkinson
Assim como o Alzheimer, o mal de Parkinson é uma doença neurodegenerativa que pode ser tratada com canabidiol. Uma prova disso é o estudo Cannabidiol Prevents Motor and Cognitive Impairments Induced by Reserpine in Rats, publicado por pesquisadores brasileiros.
A pesquisa mostra que a administração de CBD melhora os prejuízos motores e cognitivos induzidos pela reserpina em modelos animais. Esse resultado, por sua vez, permite sugerir o uso do composto na farmacoterapia do Parkinson e também da discinesia tardia.
Esclerose múltipla
A esclerose múltipla atinge o sistema nervoso central e os principais sinais são a rigidez muscular e os espasmos involuntários. A história de Gilberto Castro é um bom exemplo de como o canabidiol pode ajudar a mitigar os sintomas dessa doença incapacitante.
Sobre a eficácia do CBD, vale citar um estudo com pacientes em centros médicos do Reino Unido, que comparou os resultados do tratamento com extrato de Cannabis oral e placebo.
“A taxa de alívio na rigidez muscular depois de 12 semanas foi quase duas vezes maior com o extrato de Cannabis do que com o placebo ”, concluíram os pesquisadores no artigo Multiple Sclerosis and Extract of Cannabis: results of the MUSEC trial, publicado no Journal of Neurology, Neurosurgery, and Psychiatry.
Obesidade
O CBD tem também a capacidade de melhorar condições congênitas como os distúrbios alimentares e de comportamento. Nesse aspecto, a obesidade é mais um dos males que podem ser mitigados com medicamentos à base de canabidiol.
É o que comprova um estudo conduzido por pesquisadores poloneses, intitulado Cannabidiol decreases body weight gain in rats: Involvement of CB2 receptors. Nele, foram feitos testes em animais que sugerem a eficácia do canabidiol no controle do peso.
Isso porque o sistema endocanabinoide tem papel importante na regulação da ingestão alimentar e do balanço energético e, assim, ao utilizar medicamentos à base de canabidiol, os receptores CB2 agem de forma a reduzir o peso corporal.
Outras doenças que podem ser tratadas com a Cannabis medicinal
Além das citadas acima, a Cannabis medicinal tem propriedades que ajudam a tratar ou controlar mais uma série de doenças. A cada dia, a ciência descobre mais utilidades dos canabinoides para a saúde e, pouco a pouco, os medicamentos à base dessas substâncias vêm ganhando espaço.
Veja abaixo uma lista com outras enfermidades que podem ser tratadas com a Cannabis medicinal:
- Acne;
- Ansiedade;
- Artrite;
- Artrose;
- Dependências;
- Depressão;
- Dermatite;
- Diabetes;
- Dor neuropática;
- Endometriose;
- Epilepsia;
- Esclerose;
- Fibromialgia;
- Colite;
- Glaucoma;
- HIV;
- Insônia;
- Osteoporose;
- Paralisia cerebral;
- Psoríase;
- TEPT;
- TOC.
O uso da Cannabis indica para fins medicinais é liberado no Brasil?
Sim. Podemos dizer que o uso da Cannabis para fins medicinais é liberado no Brasil, desde que o paciente tenha uma prescrição fornecida por um profissional de saúde habilitado. Com essa receita em mãos, ele poderá entrar com um pedido de autorização na Anvisa para comprar ou importar medicamentos à base de Cannabis.
Legislação referente ao uso da Cannabis medicinal no Brasil
O processo de regulamentação do uso da Cannabis medicinal no Brasil ainda está em curso. No entanto, existem resoluções que tornam possível que pacientes com a devida documentação possam comprar a substância para seu tratamento.
A RDC Nº 17/2015 foi o ponto de partida para que isso fosse possível, retirando o canabidiol da lista de substâncias de uso proibido e permitindo a importação mediante prescrição médica. Já em 2019, a RDC Nº 327 passou a permitir que esses medicamentos fossem comercializados em farmácias.
A RDC Nº 335/2020, então, facilitou o processo de solicitação de autorização para a importação dos produtos à base de Cannabis. Ela tornou esse processo mais simples, bastando realizar um cadastro online simples e dispensando longos processos na justiça. Isso fez com que a busca pelo tratamento com produtos à base da planta crescesse exponencialmente no país.
Então, a RDC 570/2021 chegou para diminuir o tempo de análise desses pedidos de importação por meio de uma lista de produtos pré-aprovados pela Anvisa. Isso quer dizer que, se o produto prescrito pelo médico estiver na lista, o tempo de duração da análise será encurtado. Por fim, em 2022, a RDC Nº 660 consolida as RDCs 335 e 570, e define os critérios e os procedimentos para a importação de produtos derivados de Cannabis, por pessoa física, para uso próprio.
Posicionamento da Anvisa com relação ao uso da Cannabis medicinal
A Anvisa é um órgão regulador, que é responsável pela segurança de uso e manipulação dos produtos. Tendo isso em mente, a agência retirou a Cannabis de sua lista de substâncias ilícitas, apesar de ela ainda continuar sendo ilegal perante as leis brasileiras.
Ela facilitou o acesso aos medicamentos canabinoides e ampara os argumentos de pacientes que desejam buscar autorização para seu uso, desde que essas pessoas tenham em mãos a prescrição do profissional de saúde habilitado para tal.
Posição da OMS quanto ao uso medicinal da Cannabis indica e sativa
Atualmente, a Organização Mundial de Saúde (OMS) atesta a segurança do CBD como substância ativa em medicamentos através de um relatório que reafirma que, apesar de o canabidiol ainda não estar presente em sua Lista de Medicamentos Essenciais, ele é seguro para consumo humano.
Além disso, a OMS também atesta a eficácia da substância no tratamento da epilepsia, afirma que, como medicamento, o CBD não causa efeitos adversos nem afeta o desenvolvimento embrionário, embora esta última ainda careça de mais estudos.
Por fim, segundo estudos com animais, o CBD não provoca dependência. No entanto, em humanos, é necessário que haja mais estudos.
Qual é a melhor: indica ou sativa?
Há quem diga que a Cannabis indica não é tão eficaz quanto a Cannabis sativa como fonte de extratos full spectrum de Cannabis, o que não é verdade. Ambas as plantas apresentam enorme potencial para uso nos mais variados tratamentos, considerando tanto o CBD quanto o THC como compostos ativos.
Ou seja: não cabe comparação quando se trata de Cannabis, já que as subespécies sativa e indica são usadas de formas distintas e em tratamentos diferentes.
Vale ainda destacar o papel das espécies híbridas, já que, por serem manipuladas geneticamente, podem aumentar a capacidade terapêutica da Cannabis. Portanto, para uma planta já com muitas qualidades, a hibridização vem a ser um recurso para ampliar o potencial de cura e tratamento.
Como conseguir medicamentos à base de Cannabis?
Se você deseja iniciar um tratamento à base de Cannabis medicinal para as diversas doenças sobre as quais a planta tem efeitos positivos, a primeira coisa que você precisa fazer é buscar um médico prescritor da planta com experiência no assunto e agendar uma consulta.
Caso esse profissional acredite que o tratamento é adequado para sua condição, ele dará uma prescrição médica com a qual você poderá pedir autorização à Anvisa para comprar em farmácias ou importar os medicamentos com canabinoides.
No Portal Cannabis e Saúde, você encontra uma lista com mais de 250 médicos prescritores, das mais diversas especialidades, que poderão dar as devidas orientações para que você inicie seu tratamento com medicamentos à base de Cannabis.
Acesse nosso site e agende sua consulta e converse com os melhores profissionais prescritores de Cannabis do país.
Conclusão
Se você sofre de alguma doença citada neste artigo ou tem amigos ou familiares afetados, não deixe de levar informação a quem precisa. A Cannabis e seus compostos podem trazer benefícios reais, controlar sintomas de doenças difíceis e trazer mais qualidade de vida a quem sofre com diversas enfermidades.
Vale também apresentar para o médico responsável os estudos e pesquisas aqui destacados que comprovam a eficácia do CBD em tratamentos. Os casos de sucesso mostrados, além dos estudos publicados, não deixam dúvidas sobre a enorme utilidade da Cannabis indica e sua espetacular capacidade de fornecer substâncias curativas e terapêuticas.
Além de eficazes, elas ainda apresentam um fator extra: os poucos ou inexistentes efeitos adversos.
Continue lendo os artigos no Portal Cannabis & Saúde e informe-se a respeito das mais recentes descobertas científicas envolvendo medicamentos com canabinoides.