Um estudo inédito com canabidiol (CBD) e transtorno do espectro do autismo será conduzido por um neurocientista brasileiro e está convocando voluntários. O laboratório de Alysson Muotri, na Universidade da Califórnia San Diego (UCSD), nos Estados Unidos, vai realizar um teste clínico controlado, randomizado e duplo-cego com o objetivo de comprovar os benefícios que o canabinoide tem nesses pacientes.
No entanto, para participar do estudo, é necessário que o voluntário resida na região de San Diego, ao sul do estado da Califórnia, perto da fronteira com o México. As visitas presenciais ao Hospital Infantil Rady serão importantes para os exames laboratoriais, estudo genético completo e acompanhamento do estudo.
Exigências para participar do estudo de CBD e autismo
O estudo coordenado por Alysson será inédito em dois aspectos. Será o primeiro de fase 3 envolvendo o CBD e o transtorno do espectro do autismo. Além disso, também vai realizar teste in vitro, em células cultivadas em laboratório.
O objetivo dessa pesquisa é entender melhor os mecanismos de ação do canabidiol no cérebro de crianças com autismo severo e que não tenham epilepsia. Por isso, eles estão convidando pacientes com diagnóstico de transtorno do espectro do autismo nível 3, que tenham entre 7 e 14 anos de idade e não apresentem epilepsia. Existe a dúvida se a ação do CBD, assim como dos outros canabinoides presentes na Cannabis, varia de indivíduo para indivíduo por questões ligadas à genética ou à neuroplasticidade cerebral.
Futuramente, a expectativa é que os resultados identifiquem se o uso do CBD em crianças com autismo traz melhorias apenas nas convulsões ou se é um benefício mais amplo. Além disso, eles escolheram essa faixa de idade dos participantes para que as questões hormonais típicas da adolescência não interfiram nos testes.
Portanto, se você atende os requisitos para participar do estudo, pode obter mais informações de como ser voluntário com a Lauren Smith pelo e-mail lmsmith@ucsd.edu ou pelo telefone +1 (619) 627-1133.
Alysson Muotri pode ser primeiro brasileiro na Estação Espacial Internacional
O neurocientista Alysson Muotri desenvolve outros projetos de pesquisa na UCSD além das com CBD para pessoas com autismo. Ele também é diretor do programa de células-tronco e coordena investigações sobre reparo de DNA, câncer, modulação e terapia genética. Em 2024, ele pode se tornar o primeiro brasileiro a entrar na Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês).
Alysson criou um processo de cultivo de células em laboratório, chamados “organoides cerebrais”, que serão parte de um experimento em microgravidade na ISS.
Ele fundou a Tismoo, que seria o primeiro laboratório do mundo a se dedicar à medicina personalizada para o autismo. Da mesma forma, as pesquisas e tecnologias desenvolvidas na empresa contribui para esclarecer outros transtornos neurológicos com alguma semelhança com o transtorno do espectro autista, como as síndromes de Lennox-Gastaut e de Timothy.
Como o CBD ajuda em uma crise de epilepsia
Talvez a ação do CBD em convulsões seja a mais surpreendente. O canabinoide é capaz de fazer pessoas com algum transtorno que causa epilepsia diminuírem o número de crises ou até mesmo parar de tê-las. São muitos os transtornos neurológicos que podem causar uma crise de epilepsia, além do autismo, as síndromes de Rett, X-frágil, CDKL5 e Dravet também provocam esse sintoma. Tanto que até mesmo o Conselho Federal de Medicina reconhece o uso medicinal da Cannabis nesses casos.
Nosso cérebro funciona enviando mensagens para as diferentes partes do nosso corpo para que a gente possa falar, andar, comer e etc. Quando acontece uma crise de epilepsia, o cérebro envia muitas mensagens ao mesmo tempo e confunde todo o funcionamento do organismo. Por isso, durante a crise, a pessoa pode ter movimentos involuntários, fazer sons estranhos e até perder a consciência por uns instantes.
Quando o CBD interage com os receptores CB1 e CB2 no cérebro, ele consegue desacelerar o cérebro e diminuir a quantidade de mensagens que o órgão envia para o resto do corpo. Presenciar uma pessoa tendo crise de epilepsia é extremamente impactante e desperta sentimentos desesperadores, principalmente nos familiares do paciente.
Parte dos avanços na regulação do uso medicinal da Cannabis aqui no Brasil se deve a mães que viram na planta uma forma de não ver mais os filhos terem esse tipo de crise. Então, enfrentaram batalhas judiciais que sensibilizaram órgãos reguladores.
Graças a esses avanços regulatórios, hoje em dia é possível fazer o uso medicinal da Cannabis de forma legal e segura. O primeiro passo é obter uma prescrição de um médico ou dentista devidamente habilitado e para isso nós temos uma plataforma de agendamentos. Por lá, você pode marcar uma consulta com profissionais de várias especialidades que estão preparados para avaliar o seu caso e recomendar o melhor tratamento possível. Agende já uma consulta.