Uma cardiopatia que acompanha o psiquiatra Caio Pereira de Matos desde a infância o fez crescer rodeado por médicos. Sentindo na pele a importância do cuidado desempenhado pelos profissionais da saúde, quis retribuir.
“Sempre fui paciente e isso fez com que tivesse muita admiração pela medicina. Do outro lado, senti muita insegurança e medo. Meu objetivo agora é aliviar a dor e fazer com que o processo de cura fosse o mais confortável possível.”
Não foi pensando na facilidade em cumprir esse seu objetivo que o psiquiatra decidiu por sua especialização. “Na medicina, tudo é muito objetivo. Tudo já tem um exame que vai dar o diagnóstico. Psiquiatria, não. O único instrumento diagnóstico é a conversa com o paciente.”
“O que muitas pessoas na medicina veem como um desafio, eu via como uma coisa muito bonita da psiquiatria. Não existe instrumento diagnóstico. Não existia nenhum método objetivo de quantificar o sofrimento de uma pessoa. Tudo é baseado na minha interpretação daquela pessoa.”
Demanda do psiquiatra
Mas esta não é a única dificuldade da psiquiatria. Cerca de 30% das pessoas não respondem aos medicamentos antidepressivos convencionais e restam poucas alternativas.
“A demanda pela Cannabis surgiu antes do meu interesse. Eu via muitos pacientes sendo refratários ao tratamento e isso me fazia ficar frustrado por não oferecer outras possibilidades. Ao mesmo tempo eu vi uma outra parte da medicina, mais integrativa, mais focada no paciente, menos nos alopáticos, que poderia ser uma alternativa.”
Se aprofundou nos estudos, fez cursos sobre a Cannabis medicinal e o sistema endocanabinoide e logo estava indicando como tratamento para os seus pacientes. “Meu interesse foi por conta da minha frustração como médico de não ter resultado com alguns pacientes e da minha curiosidade em tentar oferecer outras possibilidades terapêuticas.”
Há cerca de um ano e meio, Matos é prescritor de Cannabis medicinal. “Hoje, eu não trabalho exclusivamente com canabidiol. O CBD não é uma panaceia. Não é um óleo milagroso para tratar todo tipo de patologia.”
“Sigo prescrevendo alopáticos e ofereço todas as possibilidades terapêuticas ao paciente. Dentre essas, tenho tido um resultado muito bom com o uso do canabidiol.”
A Cannabis no consultório do psiquiatra
“Eu tenho uma paciente com dor crônica que me motivou a continuar com os estudos e a prescrição de canabidiol. Ela chegou para mim no uso de dois anticonvulsivantes, um antidepressivo, e já fazia uso regular de morfina.”
“Hoje está fazendo o uso de canabidiol como monoterapia, além de fisioterapia. è um preço que não se paga ver o paciente desmamar de opioide, uma medicação com alto potencial de adicção. Trazia um custo, não somente financeiro para esse paciente, mas social muito grande para essa família.”
Matos aponta o perfil dos efeitos colaterais como o principal diferencial. “O canabidiol é muito mais aceitável para o paciente. As grandes questões dos antidepressivos eram a perda da libido, sonolência, ganho de peso e nervosismo. Isso tudo não é tão frequente com o canabidiol.”
Suas indicações mais comuns são para ansiedade, síndrome do pânico, depressão, dores crônicas, insônia e fibromialgia. “Prescrevo também para redução de danos. Paciente que já faz o uso recreativo e busca reduzir ou otimizar o uso.”
“Os pacientes geralmente já fizeram o uso de diversos antidepressivos, estabilizadores de humor, benzodiazepínicos e estão muito desacreditados de um dia terem uma melhora.”
“Já tentaram de tudo sem atingir o resultado que eles queriam e procuram o canabidiol. Quando eles veem o efeito da medicação, costumam ficar satisfeitos, pois, pela primeira vez, têm esperança de que podem melhorar.”
Atraso
Enquanto observa os benefícios de seus pacientes, busca fazer sua parte contra o preconceito. “Existe esse estigma muito grande em relação à Cannabis e os derivados canabinoides.”
“Eu costumo explicar para o paciente como funciona, qual é a diferença entre os derivados da Cannabis e o papel de cada um dentro do tratamento. Acredito que, se o paciente entende como funciona, consegue entender o quão benéfico pode ser.”
“A gente propõe uma educação na saúde. Se a gente ensina o paciente o porquê daquilo e ele consegue ver benefício, vai ter uma adesão maior ao tratamento. Tenho paciente de adolecente a idoso que fazem uso de canabidiol e eu tento desassociar do estigma que a criminalização da maconha traz consigo.”
“O sistema endocanabinoide, todo mundo tem. Sendo usuário de Cannabis ou não. Por conta desse estigma associado à Cannabis, na faculdade, a abordagem sobre o sistema endocanabinoide é superficial. Só de fala de Cannabis sobre adição e o uso recreativo.”
O conhecimento que adquiri, tanto o técnico quanto com a minha prática, é um conhecimento que é muito recente. A faculdade nunca me ensinou. Começamos a dar mais ênfase aos estudos do sistema endocanabinoide, mas até que a gente consiga incluir isso nos livros de medicina, a gente já está em atraso.”
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