A encefalopatia traumática crônica é uma doença causada por múltiplos traumatismos cranianos, que causam uma neurodegeneração, trazendo diversas complicações cognitivas para a vida do paciente. Essa doença, que costumava ser chamada de demência pugilística, acomete, em sua maioria, atletas de esportes com muito impacto, como o boxe ou o futebol americano, por exemplo. 

Neste texto, vamos explicar suas principais causas, seus sintomas e como a Cannabis medicinal pode auxiliar no tratamento dessa enfermidade. 

Continue conosco e confira:

• O que é a encefalopatia traumática crônica (ETC)?
• O que provoca a encefalopatia traumática crônica?
• Fatores de risco da encefalopatia traumática crônica
• Sintomas e sinais da encefalopatia traumática
• Como diagnosticar encefalopatia?
• Existem tratamentos para a encefalopatia crônica?
• Como a Cannabis medicinal ajuda a controlar os sintomas da ETC?
• Quais as formas de prevenção da ETC?

O que é a encefalopatia traumática crônica (ETC)?

A encefalopatia traumática crônica (ETC) é uma doença progressiva que ocorre, geralmente, em atletas que tiveram traumatismo craniano por diversas vezes ao longo de sua carreira, como jogadores de futebol americano e pugilistas, por exemplo. Não por acaso, anteriormente a doença era conhecida como demência pugilística. Essa enfermidade é causada por uma degeneração progressiva das células cerebrais, causada por essas múltiplas lesões, mesmo se os traumas não forem tão fortes. Ela se caracteriza por um declínio cognitivo, alterações comportamentais e sinais parkinsonianos, como tremedeiras.

Quem descobriu essa doença?

A encefalopatia traumática crônica foi descoberta pelo médico Bennet Omalu, um famoso neuropatologista e patologista forense nigeriano. Ele descobriu a doença ao realizar uma autópsia no jogador de futebol americano Mike Webster, em 2002.

A descoberta foi tão importante que sua história foi contada no filme Concussion, lançado em 2015, no qual o médico é interpretado por Will Smith.

O que provoca a encefalopatia traumática crônica?

A ETC é provocada por repetidos traumatismos na cabeça, sejam eles leves ou não, que causam a degeneração progressiva das células cerebrais, resultando em alterações comportamentais, cognitivas, motoras e de humor.

Lutadores conhecidos, como Maguila, Éder Jofre e Muhammad Ali, foram afetados pela doença ao longo de suas carreiras. Mas, apesar de ser comum em pugilistas como eles, a doença também pode acometer outros tipos de atletas, que sofram com esse tipo de trauma, além de soldados expostos a bombas, dentre outros tipos de pessoas que possam vir a sofrer tais lesões.

Fatores de risco da encefalopatia traumática crônica

Como já comentamos anteriormente, o principal fator de risco para a encefalopatia traumática crônica são os repetidos traumatismos no crânio. Esses traumas não precisam ser fortes para causarem a doença. Pequenos traumatismos que ocorrem com certa frequência podem resultar no problema, que, como o próprio nome já diz, não tem cura.

Sintomas e sinais da encefalopatia traumática

A encefalopatia traumática crônica apresenta uma série de sintomas e sinais que podem variar de acordo com o estágio da doença. Confira a seguir quais são esses sintomas.

Sintomas em estágio inicial

Em estágio inicial, a encefalopatia traumática crônica pode apresentar os seguintes sintomas:

• Sintomas motores
• Descontrole da mão dominante;
• Tremores
• Sintoma cognitivo:
  • Diminuição da atenção para tarefas complexas;

• Sintomas psiquiátricos:
  • Irritação;
  • Euforia;
  • Agressividade;
  • Excesso de desconfiança;
  • Falar mais que o normal.

Sintomas em estágio tardio

Já no estágio tardio, os sintomas tendem a se agravar e se apresentam da seguinte maneira:

• Sintomas motores:
  • Movimentos mais lentos;
  • Tremores;
  • Rigidez;
  • Falta de coordenação.
• Sintomas cognitivos:
  • Fala e pensamento lentos;
  • Amnésia;
  • Déficit de atenção;
  • Disfunção para executar tarefas simples, como alinhar um quadro na parede, por exemplo.
• Sintomas psiquiátricos:
  • Psicose;
  • Paranoia;
  • Ideias infantilizadas;
  • Violência;
  • Demência.

Quais complicações a ETC pode gerar?

A ETC pode gerar diversas complicações, que dependem do grau do dano cerebral e de onde esses danos estão localizados. Dentre essas complicações, podemos citar:

• Problemas de memória e cognição que podem afetar a capacidade de se lembrar das coisas, de fazer planos e tomar decisões;
• Problemas emocionais, como mudanças de humor, depressão e ansiedade;
• Problemas físicos, como dificuldades na coordenação motora, equilíbrio e habilidade de andar;
• Dores de cabeça frequentes e graves;
• Problemas sensoriais de visão, audição e paladar;
• Insônia ou excesso de sono;
• Demência.

Como diagnosticar encefalopatia?

Para diagnosticar a ETC, existem alguns critérios clínicos que podem ser seguidos, como um histórico de traumatismo craniano, sinais e sintomas que sejam condizentes com a doença, além da ausência de resultados clínicos e de neuroimagem que comprovem que o problema seja outro.

No entanto, atualmente a encefalopatia traumática crônica só pode ser diagnosticada de maneira definitiva após a morte do paciente, realizando análises do seu tecido cerebral. Nessas análises, os profissionais usam substâncias químicas para identificar aglomerados da proteína Tau espalhados pelo tecido, apresentando um padrão específico que é característico da doença.

Existem tratamentos para a encefalopatia crônica?

Até o momento, não existem tratamentos específicos para a ETC. Porém, quando a doença já está em estágio de causar demência, normalmente são usadas as mesmas medidas adotadas para tratar outros tipos de demência, como Alzheimer e Parkinson. O foco está em  para aliviar os sintomas e os tratamentos envolvem medicação, terapia e aconselhamento.

Como comentamos, a doença não tem cura, portanto, devem ser utilizados tratamentos multidisciplinares, para englobar todos os problemas causados por ela ao corpo humano. Normalmente, áreas como fonoaudiologia e fisioterapia são de extrema importância, para tratar os problemas cognitivos e motores.

Como a Cannabis medicinal ajuda a controlar os sintomas da ETC?

Por ser uma doença que afeta as funções cognitivas, os efeitos neuroprotetores da Cannabis podem ajudar a controlar alguns sintomas, trazendo mais bem-estar para o paciente. Já é amplamente difundida a eficácia dos canabinoides para o tratamento de problemas neurológicos e psiquiátricos. Isso ocorre devido à capacidade dos canabinoides de interagir com o sistema endocanabinoide, modulando habilidades cognitivas, além de ajudar a combater estresse, agitação, depressão e ansiedade.

Os canabinóides têm a capacidade de neutralizar a excitotoxicidade do glutamato, que leva à neurodegeneração após uma lesão cerebral causada por um trauma. Em outras palavras, o CBD é considerado um antioxidante neuroprotetor.

No entanto, apesar dessas características ajudarem no controle dos sintomas da ETC, é importante lembrar que seus efeitos são temporários. Portanto, ainda são necessários mais estudos para verificar se existem impactos mais profundos do uso da Cannabis para ETC e também para outros transtornos cognitivos.

Estudos que comprovam a eficácia do canabidiol

O estudo Cannabis Therapeutics and the Future of Neurology afirma que os canabinoides têm efeitos neuroprotetores, capazes de neutralizar a excitotoxicidade do glutamato, que leva à morte neuronal, depois de uma lesão cerebral advinda de um trauma, como comentamos acima.

O artigo afirma que os quimiovares, ou variedades químicas, que combinam THC e CBD, têm se mostrado úteis no tratamento dos sintomas da ETC, como dor de cabeça, náusea, insônia, tontura, agitação e sintomas psicóticos.

Em outras palavras, o estudo confirma que, apesar de não haver cura ou tratamento específico para a doença, o uso da Cannabis medicinal pode ajudar a aliviar os sintomas. Isso porque a doença se caracteriza por problemas neurológicos e cognitivos e os canabinoides têm efeitos neuroprotetores, capazes de amenizar os problemas causados pelo distúrbio.

Como funcionam os tratamentos à base de Cannabis?

Como dizemos anteriormente, não existe comprovação que o tratamento com Cannabis, ou qualquer outro tipo de tratamento, seja eficaz contra a encefalopatia traumática crônica. No entanto, seus efeitos neuroprotetores podem ajudar no tratamento dos sintomas da doença.

Para aproveitar esses benefícios terapêuticos, o paciente pode utilizar a Cannabis em forma de comprimidos, por vaporizadores, tintura e, até mesmo, produtos comestíveis. Basta conversar com seu médico para entender qual a melhor opção para seu caso.

Onde encontrar tratamentos à base de Cannabis medicinal?

Se você deseja encontrar tratamento à base de Cannabis medicinal para os sintomas da encefalopatia traumática crônica ou para qualquer uma das diversas doenças das quais a planta auxilia no tratamento, o primeiro passo é encontrar um médico prescritor de Cannabis com experiência no assunto.

Após a consulta, se for do entendimento do profissional que o tratamento à base de canabinoides realmente é adequado para sua condição, ele lhe dará uma prescrição médica. Com ela em mãos, será possível solicitar uma autorização da Anvisa, para comprar em farmácias ou importar os medicamentos com a substância.

No Portal Cannabis e Saúde, você encontra uma lista com mais de 300 profissionais de saúde prescritores de canabinoides, de diferentes especialidades, que poderão te orientar da melhor maneira a respeito do tratamento desejado.

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O uso da Cannabis medicinal no esporte

Há algum tempo, a associação entre a Cannabis e os esportes não fazia sentido, já que se acreditava não haver benefícios para a performance esportiva, nem para a saúde do atleta. Afinal, a planta sempre foi vítima de muitos preconceitos. Hoje em dia, porém, a percepção mudou significativamente. O uso da Cannabis por atletas amadores iniciou uma nova perspectiva, com a observação de diversos benefícios do seu uso, tanto nas fases de treinamento, quanto nas competições e no descanso.

Atualmente, existe uma lista de benefícios, já comprovados, dos canabinoides para o esporte:

• Ajuda na recuperação muscular;
• Melhora na qualidade e na higiene do sono;
• Melhora no padrão alimentar;
• Controle da ansiedade e da depressão;
• Melhora da vascularização muscular e articular, o que ajuda a prevenir lesões;
• Melhora no foco;
• Efeitos anti-inflamatórios e analgésicos.

No entanto, é importante dizer que a WADA (Agência Mundial Antidoping) não aceita o uso do THC no esporte, alegando que os seus efeitos alteram os sentidos do atleta, o que poderia trazer alguma vantagem competitiva. Por isso, nas últimas Olimpíadas, houve a liberação apenas do uso do CBD, isoladamente, sem os outros canabinoides.

Por fim, podemos concluir que o uso da Cannabis medicinal por atletas, amadores ou profissionais, pode trazer inúmeros benefícios e, cada vez mais, é necessário quebrar os preconceitos que cercam as substâncias encontradas na planta, já que podem trazer saúde e bem estar.

Quais as formas de prevenção da ETC?

Bom, neste momento, você já deve ter notado que a melhor forma de prevenção da ETC é bastante simples: evitar impactos na cabeça. Caso você seja um atleta de algum dos esportes de contato, que podem causar traumas frequentes na cabeça, é importante ficar sempre atento aos sintomas e buscar ajuda médica, assim que notar que algo está errado. Além disso, no caso do aparecimento dos sintomas, pode ser recomendável dar uma pausa na prática, para que o problema não se agrave.

Conclusão

Como vimos ao longo do texto, a encefalopatia traumática crônica é uma doença neurodegenerativa causada por múltiplos traumas e lesões cerebrais repetidas. A condição é muito comum em pugilistas e atletas de outros esportes violentos, como o futebol americano, já que costumam levar pancadas na região da cabeça com frequência.

Até o momento, não existem tratamentos específicos para essa enfermidade, mas, apenas para amenizar seus sintomas. E é aí que entram os efeitos neuroprotetores da Cannabis, que podem ajudar a aliviar a dor, insônia, ansiedade e problemas cognitivos causados pela ETC.

Então, se você sofre com essa condição e deseja buscar tratamento à base de canabinoides, consulte nossa lista de médicos prescritores e agende sua consulta.