As doenças raras são um conjunto de enfermidades que afetam uma pequena parcela da população e apresentam características específicas, como diversidade de sintomas e variados níveis de gravidade.
Apesar de pouco conhecidas, têm um grande impacto na vida dos pacientes e de suas famílias, com sintomas incapacitantes e muitas vezes fatais.
Neste artigo, abordaremos o que são, suas principais características, além de discutir detalhadamente sobre as opções de tratamento disponíveis. Portanto, continue lendo para aprender sobre:
- O que são as doenças raras?
- Principais características das doenças raras
- Quais os tipos de doenças raras?
- Exemplos de doenças raras
- Existe cura para doenças raras?
- Doenças raras no Brasil
- O uso da Cannabis no tratamento médico
- Benefícios da Cannabis medicinal no tratamento de doenças raras
- Como obter remédios à base de Cannabis medicinal?
O que são as doenças raras?
As doenças raras são aquelas que afetam uma quantidade pequena de pessoas em relação à população geral.
A definição exata de uma doença rara varia de acordo com o país ou região, mas, em geral, ela é considerada rara quando afeta menos de 1 em 2.000 pessoas.
Estima-se que existam entre 6.000 e 8.000 doenças raras no mundo, afetando cerca de 400 milhões de pessoas. Essas doenças podem ter causas genéticas, infecciosas, ambientais ou desconhecidas.
Muitas vezes, são crônicas, progressivas, degenerativas e incapacitantes, podendo levar à morte. Além disso, a maioria das doenças raras não tem cura ou possuem poucos tratamentos disponíveis.
Lei nº. 13.693/2018 – Dia Nacional das Doenças Raras
No Brasil, a Lei nº. 13.693/2018 instituiu o Dia Nacional das Doenças Raras, a ser celebrado em 29 de fevereiro, a cada quatro anos.
A escolha dessa data se deve ao fato de que o dia 29 de fevereiro é uma data rara, assim como as doenças que afetam poucas pessoas.
O objetivo da lei é conscientizar a população sobre as doenças raras e a importância do diagnóstico precoce, além de incentivar a pesquisa e o desenvolvimento de tratamentos para essas doenças.
Principais características das doenças raras
As doenças raras apresentam algumas características comuns, como a baixa prevalência, a diversidade de sintomas e a gravidade dos mesmos. Além disso, muitas dessas doenças são genéticas, ou seja, são causadas por mutações em genes específicos.
A maioria é crônica e progressiva, o que significa que os sintomas pioram com o tempo.
Muitas dessas doenças também são incapacitantes, afetando a qualidade de vida dos pacientes e de suas famílias.
Outra característica comum das doenças raras é a falta de tratamentos específicos. Como essas doenças afetam poucas pessoas, muitas vezes não há interesse da indústria farmacêutica em desenvolver medicamentos para tratá-las.
Isso significa que os pacientes muitas vezes têm que recorrer a tratamentos paliativos ou experimentais.
Características gerais das doenças raras
As doenças raras podem afetar qualquer parte do corpo e apresentar uma grande variedade de sintomas.
Algumas dessas doenças afetam o sistema nervoso, causando problemas de movimento, coordenação e cognição. Outras afetam o sistema imunológico, levando a infecções recorrentes. Algumas doenças raras afetam os ossos, causando deformidades e fragilidade óssea.
Parte das doenças raras são hereditárias, o que significa que são transmitidas geneticamente de pais para filhos. Outras são adquiridas ao longo da vida, como algumas doenças autoimunes.
As doenças raras podem afetar pessoas de todas as idades, desde recém-nascidos até idosos. No entanto, muitas dessas doenças são diagnosticadas em crianças, já que os sintomas podem se manifestar desde o nascimento ou nos primeiros anos de vida.
O diagnóstico de uma doença rara pode ser difícil, já que muitas vezes os sintomas são incomuns e podem ser confundidos com outras doenças mais comuns.
Além disso, muitos médicos podem não estar familiarizados com essas doenças, o que pode levar a diagnósticos errados ou atrasados.
Doenças raras degenerativas
As doenças raras degenerativas são aquelas que afetam o sistema nervoso e causam uma deterioração progressiva das funções motoras e cognitivas.
Essas doenças são causadas por mutações em genes específicos que afetam a produção de proteínas importantes para o funcionamento das células nervosas.
Algumas das doenças raras degenerativas mais conhecidas incluem a doença de Huntington, a doença de Parkinson e a esclerose lateral amiotrófica (ELA).
Essas doenças apresentam sintomas como tremores, rigidez muscular, dificuldade de locomoção e problemas de fala e deglutição.
O tratamento para as doenças raras degenerativas é limitado e muitas vezes se concentra em aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente.
No entanto, há pesquisas em andamento em todo o mundo para desenvolver tratamentos mais eficazes e eventualmente uma cura.
Doenças raras proliferativas
As doenças raras proliferativas são aquelas que afetam o crescimento e a reprodução celular, levando a um crescimento anormal de tecidos em diferentes partes do corpo. Essas doenças podem ser benignas ou malignas e podem afetar qualquer órgão ou tecido.
Algumas das doenças raras proliferativas mais conhecidas incluem o tumor de células granulares, o tumor de células gigantes e a síndrome de Gardner. Essas doenças apresentam sintomas como dor, inchaço e deformidades em diferentes partes do corpo.
O tratamento para as doenças raras proliferativas depende do tipo e da gravidade da doença. Em alguns casos, a cirurgia pode ser necessária para remover os tecidos afetados. Em outros casos, a quimioterapia ou a radioterapia podem ser usadas para destruir as células anormais.
Quais os tipos de doenças raras?
Algumas das doenças raras mais conhecidas incluem a doença de Huntington, a síndrome de Marfan, a doença de Pompe e a síndrome de Ehlers-Danlos.
Para entender melhor sobre as doenças raras, podemos classifica-las nas seguintes categorias:
Doenças raras genéticas
Muitas doenças raras são causadas por mutações genéticas, que podem ser herdadas dos pais ou ocorrer espontaneamente durante o desenvolvimento do feto. Essas doenças podem afetar qualquer órgão ou sistema do corpo e apresentar uma ampla variedade de sintomas.
Algumas doenças raras genéticas incluem a fibrose cística, a síndrome de Down, a doença de Tay-Sachs e a anemia falciforme.
Doenças não genéticas
Embora muitas doenças raras sejam genéticas, algumas são causadas por fatores ambientais ou desconhecidos. Essas doenças podem incluir condições autoimunes, doenças infecciosas raras e síndromes que afetam múltiplos sistemas do corpo.
Exemplos de doenças raras não genéticas incluem a doença de Kawasaki, a síndrome de Guillain-Barré e a síndrome de Sjogren.
Doenças autoimunes
As doenças autoimunes são aquelas em que o sistema imunológico do corpo ataca erroneamente as células saudáveis do próprio corpo.
Existem várias doenças autoimunes raras, muitas das quais afetam múltiplos sistemas do corpo. Exemplos de doenças autoimunes raras incluem a síndrome de Goodpasture, a síndrome de Lambert-Eaton e a doença de Addison.
Doenças raras de pele
As doenças raras de pele são aquelas que afetam a pele e seus tecidos associados. Algumas dessas doenças podem ser genéticas, enquanto outras são causadas por fatores ambientais ou desconhecidos.
Exemplos de doenças raras de pele incluem a epidermólise bolhosa, o pênfigo foliáceo e a síndrome de Netherton.
Muitas dessas doenças têm um impacto significativo na qualidade de vida do paciente, e o tratamento pode envolver uma combinação de cuidados dermatológicos, terapias medicamentosas e apoio psicológico.
Exemplos de doenças raras
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma doença é considerada rara quando afeta menos de 1 em cada 2.000 pessoas.
Estima-se que afetem cerca de 400 milhões de pessoas em todo o mundo. Infelizmente, muitas dessas doenças são graves e algumas podem ser fatais.
Existem muitas doenças raras diferentes, algumas das quais são bem conhecidas, enquanto outras podem ser fatais. Abaixo, listamos alguns exemplos de doenças raras:
Quais são as doenças raras de A a Z
Como mencionado anteriormente, existem mais de 7.000 doenças raras diferentes, e listar todas elas seria impossível em um artigo. No entanto, podemos fornecer alguns exemplos de doenças raras de A a Z:
Doenças raras de A – G
- Acidose tubular renal: uma doença rara que afeta os rins e impede que eles controlem adequadamente os níveis de ácido no corpo.
- Colangite biliar primária: doença rara que afeta o fígado e causa inflamação nos ductos biliares.
- Displasia ectodérmica: um grupo de doenças raras que afetam os tecidos ectodérmicos, como a pele, cabelo, unhas e dentes.
- Doença de Tay-Sachs: A doença de Tay-Sachs é uma doença genética rara que afeta principalmente as crianças. Os sintomas incluem perda de habilidades motoras e cognitivas, convulsões e cegueira.
- Doença de Behçet: uma doença autoimune rara que afeta os vasos sanguíneos e causa inflamação em todo o corpo.
- Doença de Huntington: esta é uma doença genética rara que afeta o sistema nervoso. Os sintomas incluem movimentos involuntários, problemas cognitivos e mudanças de personalidade.
- Doença de Batten: A doença de Batten é uma doença rara do sistema nervoso central que afeta principalmente crianças.
- Doença de Kawasaki: doença que afeta principalmente crianças e causa inflamação nos vasos sanguíneos.
- Epidermólise bolhosa: uma doença rara que afeta a pele e causa bolhas e feridas.
- Fibrose cística: condição genética rara que afeta principalmente os pulmões e o sistema digestivo.
- Glomerulonefrite membranosa: problema que afeta os rins e causa inflamação nos glomérulos, que são responsáveis por filtrar o sangue.
Doenças de H – S
- Hemofilia: esta é uma doença rara do sangue que impede a coagulação normal.
- Incontinência pigmentar: uma doença rara que afeta a pele, o cabelo e os dentes e causa manchas pigmentadas e anomalias dentárias.
- Doença de Charcot-Marie-Tooth: condição que afeta os nervos periféricos e causa fraqueza muscular e problemas de sensibilidade.
- Linfangioleiomiomatose: doença rara que afeta os pulmões e causa o crescimento anormal de células musculares lisas.
- Mastocitose: patologia que afeta as células mastócitos e causa sintomas como coceira, inchaço e vermelhidão.
- Neurofibromatose: um grupo de doenças raras que afetam o sistema nervoso e causam tumores e manchas pigmentadas na pele.
- Osteogênese imperfeita: condição que afeta os ossos e causa fragilidade óssea e fraturas frequentes.
- Policondrite recorrente: uma doença rara que afeta o tecido cartilaginoso do corpo e causa inflamação recorrente.
- Queratodermia palmoplantar: patologia que afeta a pele das mãos e pés e causa espessamento e descamação.
- Síndrome de Rett: uma doença do desenvolvimento neurológico que afeta principalmente meninas e causa problemas cognitivos e motores.
- Síndrome de Turner: condição genética que afeta as mulheres e causa problemas de crescimento, problemas cardíacos e problemas de fertilidade.
- Síndrome de Angelman: A síndrome de Angelman é uma doença genética que afeta o desenvolvimento neurológico.
- Síndrome de Ehlers-Danlos: A síndrome de Ehlers-Danlos é um grupo de doenças genéticas raras que afetam o tecido conjuntivo do corpo. Os sintomas incluem hiperflexibilidade articular, pele frágil e cicatrização anormal.
- Síndrome de Marfan: síndrome rara que afeta o tecido conjuntivo do corpo. Os sintomas incluem estatura alta, dedos longos e finos, problemas cardíacos e oculares.
- Síndrome de Sjögren-Larsson: doença genética rara que afeta a pele, o sistema nervoso e os olhos.
Doenças de U – Z
- Urticária aquosa: uma doença que afeta a pele e causa coceira e vermelhidão em resposta ao contato com a água.
- Vasculite: um grupo de doenças raras que afetam os vasos sanguíneos e causam inflamação e danos nos tecidos circundantes.
- Síndrome de West: patologia do desenvolvimento neurológico que afeta principalmente crianças e causa convulsões e atraso no desenvolvimento.
- Xeroderma pigmentoso: doença que afeta a pele e causa sensibilidade extrema à luz solar e um risco aumentado de câncer de pele.
- Síndrome de Yasargil: síndrome rara que afeta o cérebro e causa hemorragias e outros sintomas neurológicos.
- Síndrome de Zellweger: esta doença rara do metabolismo afeta o fígado, o cérebro e outros órgãos e causa problemas de desenvolvimento e deficiência intelectual.
Doenças raras que matam
Infelizmente, muitas das doenças raras são graves e algumas podem até ser fatais. Abaixo, listamos algumas das doenças raras que têm uma alta taxa de mortalidade:
- Doença de Creutzfeldt-Jakob: condição rara e fatal do cérebro que é causada por proteínas anormais chamadas príons.
- Fibrose cística: embora a expectativa de vida dos pacientes com fibrose cística tenha melhorado significativamente nas últimas décadas, a doença ainda pode ser fatal em alguns casos.
- Doença de Huntington: embora a doença de Huntington não seja fatal em si, ela pode levar a complicações graves que podem ser fatais.
- Leucodistrofia: um grupo de doenças raras que afetam a mielina, a substância que protege os nervos, e que podem ser fatais em alguns casos.
- Doença de Niemann-Pick: afeta as células do corpo e pode ser fatal em alguns casos.
- Síndrome de Guillain-Barré: uma doença rara do sistema nervoso que pode causar paralisia e, em casos graves, pode ser fatal.
- Síndrome hemolítico-urêmica: causa danos nos rins e pode ser fatal em alguns casos.
- Doença de Tay-Sachs: a forma infantil da doença de Tay-Sachs é geralmente fatal antes dos 4 anos de idade.
- Síndrome de Leigh: afeta o sistema nervoso e pode ser fatal em alguns casos.
Existe cura para doenças raras?
As doenças raras são caracterizadas por afetar um número limitado de pessoas em todo o mundo, e muitas vezes são difíceis de diagnosticar e tratar.
Infelizmente, a maioria das doenças raras ainda não tem cura conhecida, e muitos pacientes acabam sofrendo com sintomas debilitantes e crônicos durante toda a vida.
No entanto, apesar das dificuldades enfrentadas pelos pacientes com doenças raras, existem diversas pesquisas sendo realizadas em todo o mundo para encontrar novos tratamentos e terapias.
Algumas dessas pesquisas têm levado a avanços significativos na compreensão das doenças raras e na descoberta de novas opções de tratamento, incluindo terapias genéticas, terapias celulares e terapias baseadas em RNA.
Embora a cura completa ainda possa estar distante para muitas doenças raras, é importante lembrar que os avanços na pesquisa médica estão em constante evolução, e novas descobertas podem surgir a qualquer momento.
Doenças raras no Brasil
No Brasil, as doenças raras são definidas como aquelas que afetam menos de 65 em cada 100.000 pessoas. Estima-se que existam cerca de 13 milhões de pessoas afetadas no país, o que representa aproximadamente 6% da população.
Embora haja um grande número de doenças raras diferentes, algumas das mais comuns no Brasil incluem a Doença de Gaucher, a Síndrome de Ehlers-Danlos e a Hemofilia.
Infelizmente, muitos pacientes com doenças raras enfrentam dificuldades para obter um diagnóstico preciso e para acessar tratamentos adequados, o que pode levar a um grande impacto na qualidade de vida.
Nos últimos anos, tem havido um aumento no reconhecimento e na conscientização sobre as doenças raras no Brasil, bem como um aumento no financiamento para pesquisa e tratamento.
No entanto, ainda há muito trabalho a ser feito para melhorar a situação dos pacientes com doenças raras no país.
O uso da Cannabis no tratamento médico de doenças raras
A Cannabis tem sido objeto de interesse crescente na área médica, especialmente no tratamento de doenças raras.
A planta contém mais de 100 compostos químicos conhecidos como canabinoides, que têm propriedades analgésicas, anti-inflamatórias, ansiolíticas, antieméticas e anticonvulsivantes que podem ser úteis no tratamento das doenças raras.
Como se sabe, pacientes com doenças raras geralmente têm poucas opções de tratamento. Por outro lado, em alguns casos, a Cannabis tem sido muito procurada por estes pacientes para ajudar a reduzir os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos mesmos.
Inúmeras pessoas com doenças raras relatam uma melhora de seus sintomas com o uso da Cannabis. Isso ocorre porque a planta contém compostos químicos chamados canabinoides, que interagem com o sistema endocanabinoide do corpo humano.
O sistema endocanabinoide é uma complexa rede de receptores espalhados por todo o corpo, incluindo o cérebro, que tem como função regular várias funções do organismo, como o apetite, a dor, a inflamação e a memória.
Quando a Cannabis é consumida, seus canabinoides se ligam a esses receptores, podendo ajudar a aliviar os sintomas de várias doenças raras.
Um dos principais canabinoides presentes na Cannabis é o THC (tetrahidrocanabinol). Ele tem propriedade analgésica e anti-inflamatória, além de ajudar a controlar a náusea e o vômito em casos de quimioterapia.
Outro canabinoide importante é o CBD (canabidiol), que tem propriedades ansiolíticas, antipsicóticas e antiepilépticas.
A interação dos canabinoides com os receptores do sistema endocanabinoide pode promover benefícios no alívio dos sintomas dos pacientes com doenças raras.
Por exemplo, em pacientes com Síndrome de Dravet, que é uma forma rara de epilepsia, o uso de CBD pode reduzir a frequência e a gravidade das convulsões. Já em pacientes com Esclerose Múltipla, seu uso pode ajudar a reduzir a dor, a espasticidade e a fadiga.
Efeitos terapêuticos da Cannabis medicinal
Uma das propriedades mais conhecidas da Cannabis é seu efeito analgésico, que pode ajudar a aliviar a dor crônica em pacientes com condições como artrite, esclerose múltipla e fibromialgia.
Além disso, a Cannabis possui propriedades relaxantes que podem ajudar a aliviar a ansiedade e o estresse, tornando-a uma opção potencialmente útil para pacientes com transtornos de ansiedade e depressão.
Outra propriedade importante da Cannabis medicinal é sua capacidade antioxidante. Os antioxidantes ajudam a proteger as células do corpo contra danos causados pelos radicais livres, que podem contribuir para o envelhecimento e o desenvolvimento de doenças como o câncer.
Por outro lado, as propriedades anti-inflamatórias da Cannabis podem ajudar a reduzir a inflamação em pacientes com condições como artrite, doenças autoimunes e outras doenças inflamatórias.
A Cannabis também é conhecida por suas propriedades antieméticas, que podem ajudar a aliviar náuseas e vômitos em pacientes que estão passando por tratamentos de quimioterapia ou que sofrem de distúrbios gastrointestinais.
Outra propriedade importante da Cannabis medicinal é sua capacidade vasodilatadora, que pode ajudar a melhorar o fluxo sanguíneo em pacientes com doenças cardiovasculares.
Por fim, as propriedades anticonvulsivantes da Cannabis podem ajudar a reduzir a frequência e a intensidade das convulsões em pacientes com epilepsia e outras condições neurológicas.
Como funciona o tratamento com canabidiol (CBD)?
O canabidiol (CBD) é um dos principais compostos químicos encontrados na planta da Cannabis. Ele tem ganhado destaque nos últimos anos como um tratamento potencialmente eficaz para uma ampla variedade de doenças e condições raras. Mas como funciona o tratamento com CBD?
Em primeiro lugar, é importante lembrar que o CBD interage com o sistema endocanabinoide do corpo humano.
Quando o corpo está em desequilíbrio, o sistema endocanabinoide pode não funcionar corretamente, o que pode levar ao desenvolvimento ou piora de doenças e condições médicas.
O CBD interage com o sistema endocanabinoide do corpo humano, ajudando a equilibrá-lo e a restaurar a homeostase. Ele faz isso ativando os receptores endocanabinoides no corpo, que por sua vez ajudam a regular as funções do sistema.
O tratamento com CBD pode ser administrado de várias formas, incluindo óleos, tinturas, cápsulas, cremes e até mesmo produtos comestíveis.
A dosagem e o método de administração variam de acordo com a condição médica e as necessidades individuais do paciente. É importante lembrar que o tratamento com CBD deve ser feito sob supervisão médica e em conformidade com as leis locais.
Benefícios da Cannabis medicinal no tratamento de doenças raras
Como mencionado anteriormente, a Cannabis medicinal possui propriedades capazes de melhorar a qualidade de vida dos pacientes de diversas doenças raras.
A ciência tem encontrado evidências de possíveis benefícios da Cannabis nestas doenças, desde a redução da dor até a melhoria do humor. Neste sentido, a Cannabis tem sido útil como uma terapia auxiliar nas seguintes doenças:
Doença de Crohn
A Cannabis tem propriedades anti-inflamatórias que podem ajudar na Doença de Crohn. De acordo com o estudo Cannabinoid Receptor-2 Ameliorates Inflammation in Murine Model of Crohn’s Disease, a estimulação de receptores canabinoides pode ter efeitos positivos em pacientes com doença inflamatória intestinal [DII] através de efeitos analgésicos e anti-inflamatórios.
O receptor canabinoide 2 (CB2) é expresso principalmente em células imunes, incluindo células T, e sua ativação pode reduzir a inflamação e promover um alívio em pacientes com doenças inflamatórias.
Doença falciforme
A dor é um dos sintomas predominantes na doença falciforme e a Cannabis pode ajudar em seu manejo.
O estudo Cannabis use in sickle cell disease: a questionnaire study acompanhou pacientes do Central Middlesex Hospital em Londres com doença falciforme.
Os pacientes foram convidados a preencher um questionário sobre o uso da Cannabis para sua condição.
Os resultados mostraram que 31 pacientes (36%) usaram cannabis nos 12 meses anteriores para aliviar os sintomas associados à doença falciforme.
As principais razões para o uso foram reduzir a dor em 52% e induzir relaxamento ou aliviar a ansiedade e a depressão em 39%. Sintomas relacionados à sedação e efeitos de humor foram relatados em 77% dos pacientes.
Doença de Huntington
A deficiência de canabinoides pode agravar a doença de Huntington. De acordo com o estudo Delayed onset of huntington′s disease in mice in an enriched environment correlates with delayed loss of cannabinoid CB1 receptors, a exposição de camundongos à canabinoides e a ativação de receptores CB1 atrasam o aparecimento de distúrbios motores e retarda a progressão da doença.
Esclerose lateral amiotrófica
A Cannabis pode ser uma ferramenta auxiliar altamente promissora para tratar os sintomas da esclerose lateral.
A administração de Cannabis no início dos tremores atrasou a incapacidade motora e a sobrevivência prolongada em camundongos tratados com THC.
É o que o estudo Amyotrophic lateral sclerosis: delayed disease progression in mice by treatment with a cannabinoid diz. De acordo com os pesquisadores, o THC foi extremamente eficaz na redução do dano oxidativo em culturas da medula espinhal.
Esclerose múltipla
Além da Esclerose lateral, a Cannabis pode ser usada no tratamento da Esclerose múltipla (EM). O estudo The (Endo)Cannabinoid System in Multiple Sclerosis and Amyotrophic Lateral Sclerosis encontrou uma ligação entre disfunções do sistema endocanabinoide e várias condições neuroinflamatórias e neurodegenerativas.
Alterações ou disfunções no sistema endocanabinoide podem agravar a EM. Além disso, a neuroinflamação, ativação microglial, estresse oxidativo e excitotoxicidade, fatores que promovem o avanço da EM, podem ser controlados por endocanabinoides e pela Cannabis.
Lúpus eritematoso sistêmico
O sistema endocanabinóide desempenha um papel fundamental em muitas condições fisiológicas e patológicas e sua desregulação tem sido descrita em várias doenças reumatológicas e autoimunes.
O estudo Endocannabinoid system in systemic lupus erythematosus: First evidence for a deranged 2-arachidonoylglycerol metabolism revelou um metabolismo de 2-AG deficiente em pacientes com lúpus. Dessa forma, com o uso da Cannabis, poderíamos regular o sistema endocanabinoide e evitar surtos da doença.
Hipotireoidismo congênito
O hipotireoidismo congênito é uma condição em que um bebê recém-nascido não consegue produzir quantidades normais do hormônio tireoidiano.
O sistema endocanabinoide e sua rede de receptores canabinoides podem influenciar diretamente a liberação adequada de hormônios tireoidianos, essencial para a saúde homeostática geral e o funcionamento saudável dos órgãos.
Dessa forma, os pacientes podem usar o CBD para auxiliar no tratamento de praticamente todas as formas de distúrbios da tiroide.
Doenças Mitocondriais
As propriedades neuroprotetoras e anti-inflamatórias dos canabinoides, como o canabidiol (CBD) e THC em múltiplos eventos e doenças neurodegenerativas foram bem estabelecidos pelo estudo Cannabinoids Δ9-tetrahydrocannabinol and cannabidiol may be effective against methamphetamine induced mitochondrial dysfunction and inflammation by modulation of Toll-like type-4(Toll-like 4) receptors and NF-κB signaling.
O estudo diz que os canabinoides exercem efeitos anti-inflamatórios e neuroprotetores e causa biogênese mitocondrial. Assim, a Cannabis pode ser útil na inibição da neurodegeneração, neuroinflamação e disfunção mitocondrial.
Além destas, diversas outras doenças raras podem ter seus sintomas melhorados ou sua progressão evitada pela Cannabis. No entanto, mais pesquisas são necessárias para que possamos confirmar algo.
Como obter remédios à base de Cannabis medicinal?
A utilização terapêutica da Cannabis medicinal deve ser feita com acompanhamento médico e seguindo todas as orientações do profissional de saúde.
Além disso, é necessário ter em mente que é preciso possuir uma prescrição médica para a obtenção dos produtos à base de Cannabis.
Como ainda existem poucos médicos prescritores de Cannabis no Brasil, pode ser difícil saber onde encontrar um profissional para fazer sua consulta.
Neste sentido, estamos aqui para te ajudar! O Portal Cannabis & Saúde é uma plataforma online que tem como objetivo fornecer informações e orientações sobre a utilização terapêutica da Cannabis medicinal. Para isso, reunimos mais de 250 profissionais que podem te auxiliar neste processo.
Agende uma consulta com um dos médicos do Portal Cannabis & Saúde. A consulta pode ser realizada de forma presencial ou online.
Durante a consulta, o médico irá avaliar o seu histórico médico e identificar se você é elegível para o tratamento com Cannabis medicinal.
Caso seja elegível, o médico irá prescrever um tratamento personalizado com base na sua condição de saúde e na dose adequada para o seu caso.
Você também receberá informações sobre os diferentes tipos de remédios disponíveis e como utilizá-los de forma segura e eficaz.
Com a prescrição em mãos, você poderá adquirir os remédios à base de Cannabis medicinal em farmácias especializadas ou por meio da importação.
Conclusão
As doenças raras são um grande desafio para a medicina moderna. A baixa prevalência dessas doenças torna difícil o desenvolvimento de tratamentos específicos e a conscientização da população sobre essas doenças é fundamental para melhorar o diagnóstico e o tratamento dos pacientes.
Com isso em mente, os pesquisadores têm aumentado seus esforços na busca pela confirmação dos benefícios da Cannabis no tratamento dos sintomas e da progressão destas doenças.
Enquanto esperamos por mais respostas, podemos utilizar a Cannabis medicinal como uma forma de tratamento paliativo para melhorar a qualidade de vida de pessoas que sofrem de doenças raras.