Você sabia que se estima que cerca de 5 milhões de pessoas em todo o mundo sejam afetadas pelas Doenças Inflamatórias Intestinais?
Conversamos com exclusividade com a Dra. Beatriz Jacob Milani, para entender de que maneira os produtos à base de Cannabis atuam no tratamento destas doenças, proporcionando qualidade de vida.
“Quando a gente pensa em produtos à base de Cannabis tratando qualquer tipo de patologia, qualquer tipo de doença, relacionada a uma possível alteração de sistema endocanabinoide, a primeira coisa que a gente tem que entender é como funciona o nosso sistema endocanabinoide. E qual é a relação com as doenças inflamatórias intestinais. Na verdade, a relação da Cannabis com dores intestinais é muito antiga. Existe um antigo herbário inglês do século 11, que já mostrava e já citava o cânhamo como uma terapia para a dor nas estranhas. E agora, com esse robusto conhecimento que a gente tem do sistema endocanabinoide, faz todo sentido entender como que isso pode ajudar nos sintomas de doença inflamatória intestinal”, explica a profissional.
Maio Roxo: mês dedicado à conscientização sobre as Doenças Inflamatórias Intestinais
Estamos iniciando o Maio Roxo, mês dedicado à conscientização sobre as Doenças Inflamatórias Intestinais (DII). As principais doenças inflamatórias intestinais são a doença de Crohn e a colite ulcerativa, sendo que as duas se caracterizam por inflamação crônica do trato gastrointestinal.
A princípio, essas doenças são causadas por um desequilíbrio no sistema imunológico do corpo, que leva a uma inflamação excessiva do trato gastrointestinal. Consequentemente, os sintomas incluem dor abdominal, diarreia, perda de peso, fadiga e sangramento retal. Embora a causa exata das DII ainda não seja completamente compreendida, acredita-se que fatores genéticos e ambientais possam desempenhar um papel importante na sua ocorrência.
Assim, o tratamento das DII pode incluir medicamentos para reduzir a inflamação e controlar os sintomas. Por outro lado, recomenda-se mudanças na dieta e estilo de vida. Por fim, em casos mais graves, a cirurgia pode ser necessária. É importante que as pessoas com suspeita de DII procurem um gastroenterologista, para obter um diagnóstico correto e um plano de tratamento individualizado.
De fato, a conscientização sobre as DII é essencial para ajudar a educar a população sobre essas doenças e aumentar a compreensão sobre seus efeitos físicos e emocionais. Por isso, durante o mês de Maio Roxo, várias organizações ao redor do mundo promovem campanhas, para aumentar a conscientização sobre as DII. Além disso, também procuram fornecer suporte para aqueles que vivem com essas doenças.
Importância do eixo intestino-cérebro e o potencial dos canabinoides
“O diagnóstico da doença inflamatória intestinal, que inclui a retocolite ulcerativa e a doença de Crohn, ainda não tem causa totalmente esclarecida, mas parece ter uma relação grande de componentes genéticos, que são ativados por componentes ambientais, bem como alteração de sistema imunológico, microbiota e exposições como tabagismo e poluição. Como é uma doença multifatorial, com várias causas, é muito bom que o nosso sistema endocanabinoide esteja amplamente distribuído pelo nosso corpo, inclusive no eixo importantíssimo, que hoje é bem estabelecido como o eixo intestino e cérebro. Ou seja, faz sentido a terapia com Cannabis porque os fitocanabinoides vão ajudar os sintomas da doença inflamatória intestinal.
Nós temos receptores distribuídos pelo nosso corpo, em células imunológicas, que também fazem parte da fisiopatologia da doença intestinal. Essa é uma doença considerada autoimune, com motivações neuroendócrinas e imunológicas. Além disso, como nós temos esses receptores no sistema nervoso central e periférico, faz sentido pensar que a modulação do eixo intestino e cérebro, pelo nosso sistema endocanabinoide e pelos fitocanabinoides, vai ser vantajosa na evolução e na não progressão dessas doenças. Isso porque a gente não tem cura para essas doenças, nós temos hoje tratamentos de controle, que colocam um paciente em remissão”.
Mas porque chamam o intestino de segundo cérebro?
Ainda segundo a médica, existe uma íntima relação entre cérebro e intestino. Dessa forma, ao contrário do que muitas pessoas acham, não há independência entre os nossos sistemas. Todos eles trabalham juntos, simultaneamente, com o objetivo de garantir que as nossas funções vitais funcionem da forma como deveriam. Neste sentido, já sabemos que o sistema endocanabinoide é amplamente expresso no intestino.
O eixo intestino-cérebro é bidirecional, o que significa que tanto o intestino quanto o cérebro podem enviar sinais um para o outro. O intestino pode enviar sinais para o cérebro, através de neurotransmissores, hormônios e até mesmo bactérias intestinais, que são capazes de produzir substâncias químicas, que afetam o humor e o comportamento. Por sua vez, o cérebro pode enviar sinais para o intestino, que afetam a digestão, a motilidade intestinal e até mesmo a permeabilidade intestinal.
Qualidade de vida com produtos à base de Cannabis
“Quando a gente pensa em qualidade de vida dentro de doença inflamatória intestinal, o que acontece com muitos patentes que evoluem para a forma grave, eles acabam tendo até um isolamento social. É muita dor, muito sofrimento e muita restrição alimentar. Quando a gente entra nessa comunidade de pacientes de doença inflamatória intestinal é muito nítido que algumas pessoas preferem se isolar. É um impacto emocional e social. Isso vem acompanhado de alterações emocionais, como ansiedade e tristeza. E o CBD tem um efeito muito legal na dissociação do sofrimento. Então, muitos pacientes, até de dor crônica, relatam sobre isso. E se gente pensa na importância do eixo intestino cérebro, você tem um manejo e lida melhor com os pensamentos automáticos negativos e isso também vai influenciar na evolução da doença”, avalia.
Essencialmente, o desequilíbrio no eixo intestino-cérebro pode contribuir para uma variedade de distúrbios, incluindo doenças gastrointestinais, transtornos de humor e distúrbios alimentares. A compreensão da conexão entre o intestino e o cérebro pode levar a novos tratamentos para essas condições, incluindo o uso de probióticos, prebióticos e mudanças na dieta, para afetar positivamente a microbiota intestinal e o equilíbrio do eixo intestino-cérebro.
“A gente tem uma melhora da qualidade do sono também. O CBD melhora os pensamentos acelerados ao longo do dia e a ruminação de pensamentos. Com essa com essa atuação no sistema nervoso central, a gente tem a melhora da ansiedade e muitos estudos relatam nos pacientes a melhora de sintomas associados, como insônia, alteração de humor, dor e fadiga”.
Potencial da Cannabis para o tratamento de doenças intestinais
Especificamente para a Doença de Crohn, um estudo realizado na Inglaterra, chamado The effect of medical cannabis in inflammatory bowel disease: analysis from the UK Medical Cannabis Registry , identificou que o uso diário de produtos à base de Cannabis está associado à melhora dos sintomas, em pacientes com doença inflamatória intestinal.
Os investigadores britânicos avaliaram a segurança e a eficácia dos produtos de Cannabis em 76 pacientes diagnosticados com doença de Crohn ou colite ulcerativa.
Os participantes da pesquisa tinham prescrição médica, registro no UK Cannabis Medicinal e consumiram óleos de cannabis, flores com predominância de THC ou ambos, por um período de três meses.
Os autores relataram que o início da terapia com medicamentos à base de Cannabis se associa a uma melhora na qualidade de vida de curto prazo dos pacientes. “Observamos melhorias estatisticamente significativas, em resultados específicos e gerais de qualidade de vida, para pessoas com doença inflamatória intestinal em 1 e 3 meses após o início do tratamento”, informa o estudo.
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