Já na década de 70, as ciências acumulavam evidências dos benefícios da Cannabis medicinal, como no trabalho do professor Elisaldo Carlini. Graças a esses trabalhos que o neuropediatra José Vinicius Martins teve o primeiro contato com os canabinoides. “Durante a residência em neurologia eu me apaixonei pela neuropediatria. Acabei fazendo especialização e comecei a ter contato com o autismo”, conta Martins.
“Fui estudando, me especializando cada vez mais, e passei a ter contato com algumas situações em que as medicações tradicionais não traziam tanto benefícios, ou até traziam, mas com um custo elevado por conta dos efeitos colaterais.”
Diante da realidade, alguns de seus colegas de residência passaram a buscar na literatura científica alternativas que entregassem uma melhor qualidade de vida aos pacientes.
Da utopia à realidade na neuropediatria
Há dez anos, no entanto, a possibilidade de utilizar a Cannabis de forma medicinal soava como uma realidade distante.
“Já tinham alguns trabalhos descrevendo o uso do canabidiol na neurologia, principalmente na área de epilepsia. Mas era uma coisa quase utópica, pois na época a gente quase não tinha experiência e, apesar dos trabalhos mostrarem benefícios, era uma acesso bem dificultoso.”
Com o passar do tempo, a luta de pais e cuidadores pelo direito ao acesso ao tratamento canabinoide deu um novo impulso à medicina canabinoide e cada vez mais pacientes passaram a se beneficiar com o potencial terapêutico da Cannabis.
“Há uns cinco anos mais ou menos a coisa se disseminou e eu comecei a receber pacientes usando. O primeiro paciente que recebi, não foi prescrição minha. Ele já chegou bem ao consultório, mas quando você escuta sobre a evolução, como era antes e depois do uso, e o resultado incrível, é emocionante.”
Benefício sem efeito colateral
Diante da evidência viva e da constatação de que o uso estava se tornando mais frequente entre os pacientes, decidiu que precisava se aprofundar no assunto. “Após estudar, rever bastante artigo sobre o assunto, eu fiz minha primeira prescrição. Não dá para atirar às escuras só para pegar experiência.”
Há cerca de quatro anos, fez sua primeira prescrição de Cannabis medicinal na neuropediatria. “Vou admitir que o resultado é muito satisfatório, muito positivo. Hoje eu estou impressionado com a quase ausência de efeitos colaterais.”
“Não é que eles não ocorram. Eu vejo alguns pacientes que apresentam, mas me deixa muito tranquilo de usar porque eu sei que é uma medicação realmente segura.”
“Tem sido segura no dia-a-dia dos pacientes, enquanto que nos outros medicamentos o que nos guia são os efeitos colaterais, muito mais que os benefícios, e a gente acaba ficando mais atento e preocupado.”
“Por bula, a gente sabe dos efeitos colaterais, mas eu não tenho visto com a frequência tão prevalente quanto das medicações alopáticas. Isso tem me surpreendido.”
Martins explica que as prescrições mais comuns na neuropediatria são para casos de autismo. “Também pego pacientes com ansiedade e tiques. Com síndrome de Tourette tem alguns pacientes utilizando e alguns com epilepsia também.”
“O efeito sempre se mostrou muito envolvido com a parte neurológica e psiquiátrica, então, dentro da minha área, está sendo bem satisfatórios os resultados e o espectro de doenças que a gente consegue cobrir com a Cannabis.”
Mais uma medicação
Mesmo com o número de pesquisas científicas, pacientes em tratamento e médicos prescritores crescendo vertiginosamente, Martins revela que o preconceito ainda se faz presente.
“É falta de conhecimento. A gente não está falando da planta, do cigarro de maconha, mas de um remédio. Se começar a pesquisar historicamente, a gente tem inúmeras medicações que foram ilegais, mas quando vias os benefícios, que poderia ser utilizada para o bem da sociedade, e o preconceito caiu por terra e passou a ser considerado como mais uma medicação disponível para a gente.”
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