As doenças autoimunes ocorrem quando o sistema imunológico ataca o próprio corpo, resultando em condições de diferentes naturezas e gravidades.
Embora destinado a proteger contra patógenos, como vírus e bactérias, o sistema imunológico pode, por vezes, perder o equilíbrio, tornando-se sensível a certos elementos externos.
Isso leva ao desenvolvimento de alergias ou reações prejudiciais, bem como de doenças autoimunes.
Essas condições representam respostas crônicas do sistema imune devido à falha do corpo em reconhecer seus próprios componentes.
Anticorpos desencadeiam danos celulares ou nos tecidos, resultando em uma variedade de sintomas, cuja gravidade pode variar.
Para enfrentar essas doenças complexas, os pesquisadores estão trabalhando em novas abordagens terapêuticas para controlar o sistema imunológico hiperativo.
Para descobrir quais são estas abordagens e outras informações importantes sobre o tema, preparamos este artigo.
Prossiga com a leitura para aprender sobre os seguintes tópicos:
- O que são as doenças autoimunes?
- Quais são as causas das doenças autoimunes?
- Quais são os sintomas das doenças autoimunes?
- Como é feito o diagnóstico de doenças autoimunes?
- Quais as principais doenças autoimunes?
- Existe cura para doenças autoimunes?
- Como é o tratamento de doenças autoimunes?
- Cannabis medicinal no tratamento de doenças autoimunes
- Como iniciar um tratamento à base de Cannabis medicinal?
- O que fazer para evitar doenças autoimunes?
O que são as doenças autoimunes?
A doença autoimune é uma enfermidade crônica inflamatória em que o sistema imunológico ataca incorretamente células saudáveis, resultando em danos parciais ou destruição dos próprios tecidos do organismo.
Essa reação do sistema imunológico pode impactar um único órgão ou um sistema inteiro do corpo.
Consequentemente, a resposta inflamatória desencadeada pode levar a condições que afetam as vias aéreas, intestinos, pele, sistema nervoso, rins, vasos sanguíneos ou tireoide, entre outras áreas.
As doenças autoimunes têm origem em uma anormalidade no funcionamento do sistema imunológico.
Esta disfunção pode se manifestar através da produção de anticorpos contra as próprias células do indivíduo.
As doenças autoimunes são muito numerosas. Sendo assim, podem ser classificadas como:
- Doenças autoimunes específicas de órgãos: afetam exclusivamente um órgão, como a tireoide, pâncreas ou, ocasionalmente, o fígado em certos casos de hepatites autoimunes.
- Doenças autoimunes não específicas de órgãos: também conhecidas como sistêmicas, que podem afetar múltiplos órgãos e sistemas.
Quais são as causas das doenças autoimunes?
O sistema imunológico é o principal responsável pela proteção do corpo contra patógenos, poluentes ambientais e mudanças celulares prejudiciais.
Ele também reconhece todas as células e substâncias presentes no organismo.
Cada substância desconhecida desencadeia um alerta no sistema imunológico, levando-o a atacar esse “invasor”.
Por exemplo, se um vírus entra no corpo, seus componentes são vistos como estranhos. Essas estruturas ou proteínas estranhas são chamadas de “antígenos”.
Os antígenos ativam o sistema imunológico para combater o invasor.
Contudo, nas doenças autoimunes, o sistema imunológico erroneamente identifica células saudáveis como estranhas, desencadeando uma resposta inflamatória.
A ocorrência das doenças autoimunes tem uma ligação parcial com a predisposição genética, contribuindo para aproximadamente 30% das causas.
Alguns genes influenciam o desenvolvimento de múltiplas doenças autoimunes, explicando a manifestação de diferentes condições dentro da mesma família.
No entanto, a transmissão de uma doença autoimune dos pais para os filhos é aleatória e inconstante.
Sendo assim, muitas doenças ocorrem esporadicamente, sem nenhum histórico na família.
Por outro lado, possuir genes associados a problemas autoimunes não garante o desenvolvimento dessas doenças.
Existem outros fatores que também estão relacionados, e estes envolvem:
1. Fatores hormonais
Há uma relação bilateral entre as doenças autoimunes e os hormônios.
Não apenas os desequilíbrios hormonais podem ser um fator no desenvolvimento de doenças autoimunes, mas as próprias condições têm o potencial de causar desordens hormonais.
Os hormônios são sintetizados por um conjunto de glândulas no corpo.
Quando essas glândulas se tornam alvos do sistema imunológico, resulta em perturbação e desequilíbrio.
Os hormônios, como estrogênio, testosterona, progesterona, cortisol, insulina e hormônio tireoidiano, são essenciais na homeostase interna.
Mesmo um pequeno desequilíbrio hormonal pode desencadear uma série de mudanças hormonais, levando à inflamação, disfunção celular e danos nos tecidos.
A maior incidência de doenças autoimunes em mulheres – chegando a uma proporção de até 10 para 1 em certas condições – tem sido objeto de debates.
O hormônio sexual estrogênio, mais predominante em mulheres do que em homens, é frequentemente apontado como uma possível razão.
Além de regular o sistema reprodutivo feminino, esse hormônio ajuda na manutenção da saúde do coração, ossos e pele.
O estrogênio também pode intensificar a resposta inflamatória, aumentando a produção de anticorpos no organismo.
Durante a pós-menopausa, quando os níveis de estrogênio diminuem, muitas mulheres observam uma melhora nos sintomas das doenças autoimunes.
No entanto, durante a perimenopausa, quando há desequilíbrios hormonais, existe o risco de desencadear surtos autoimunes.
Assim, é comum que as mulheres tenham sintomas como dor nas articulações, queda de cabelo e enxaquecas.
2. Fatores ambientais
Na doença autoimune, os fatores ambientais são os principais gatilhos, mas também podem ser a causa.
Hoje, a ligação entre os surtos de doenças autoimunes e fatores ambientais foi claramente estabelecida pela pesquisa científica.
Determinados fatores ambientais, como agentes infecciosos, parecem estimular reações autoimunes e influenciam as respostas aos tratamentos.
Por exemplo, o tabaco está envolvido tanto no desencadeamento, quanto na piora de doenças como artrite reumatoide ou lúpus.
A exposição solar e aos raios ultravioleta está correlacionada com o desencadeamento e a ocorrência de surtos de lúpus.
Além disso, a exposição a substâncias tóxicas, como a sílica, está implicada no desenvolvimento da esclerodermia.
É sabido que produtos químicos poluentes podem intensificar a inflamação crônica.
O aumento acentuado na incidência de muitas doenças autoimunes também se deve ao estilo de vida (como alcoolismo, deficiência de vitamina D, etc.).
3. Medicamentos
Certos medicamentos podem aumentar a probabilidade de certas doenças autoimunes.
Em alguns casos, um medicamento pode até ser o único responsável pela origem da doença autoimune, como é o caso do lúpus induzido, embora os mecanismos por trás disso sejam pouco compreendidos.
Alguns medicamentos têm a capacidade de desencadear uma resposta imunológica.
Outros, no entanto, podem modificar essa resposta e, assim, facilitar o desenvolvimento de doenças autoimunes.
Por exemplo, há casos de surtos autoimunes que são influenciados pelo aumento de estrogênio, que ocorre devido ao uso de certos medicamentos.
4. Fatores psicológicos
Em certos casos, fatores psicológicos são identificados como possíveis desencadeadores de doenças autoimunes.
Em cerca de 20 a 30% das vezes, uma doença autoimune pode surgir após um evento “estressante”, como um trauma físico ou emocional.
As conexões entre os mediadores químicos do cérebro e os processos inflamatórios ainda não são bem compreendidas.
No entanto, acredita-se que o estresse psicológico possa estar relacionado.
O estresse crônico leva o corpo a estimular constantemente as glândulas suprarrenais para a produção de hormônios, como cortisol e adrenalina.
Isso interfere nos receptores das células do sistema imunológico, enfraquecendo a imunidade.
Assim como algumas doenças autoimunes podem contribuir para o surgimento de problemas psicológicos, o inverso também é verdadeiro.
Estudos revelaram que a depressão aumenta a probabilidade de certas doenças autoimunes, como a doença celíaca e doença de Crohn.
O estresse, de forma geral, pode desencadear alterações no funcionamento do cérebro e do sistema nervoso.
Por sua vez, essas alterações podem ter um impacto negativo no sistema imunológico, culminando em doenças autoimunes.
Assim, a redução do estresse pode potencialmente ajudar a prevenir o desenvolvimento de doenças autoimunes.
Quais são os sintomas das doenças autoimunes?
A natureza e a intensidade dos sintomas variam principalmente de acordo com os órgãos afetados.
Por exemplo, sintomas gastrointestinais comuns, como náuseas, dores abdominais e episódios de diarreia, surgem de uma condição autoimune que afeta o fígado, o pâncreas ou o intestino.
Se os sintomas surgirem após a ingestão de alimentos contendo glúten, a doença celíaca poderá ser uma causa possível.
Por outro lado, a presença de sangue na urina pode ser um indicativo de uma condição autoimune nos rins.
No entanto, alguns sintomas costumam ser comuns: mudanças no peso corporal, boca seca, dores e dormência em algumas regiões do corpo.
Entretanto, se a dor persistir ou o desconforto durar por um longo período, é aconselhável consultar um médico para avaliar a possibilidade de uma condição autoimune.
O mesmo vale para alterações notáveis na pele. Em certos casos, o lúpus eritematoso pode se manifestar com vermelhidão na região das bochechas.
Outros possíveis sintomas incluem:
- Dor nas costas;
- Sangue nas fezes e urina;
- Dor crônica em todo o corpo;
- Diarreia;
- Febre;
- Dor nas articulações;
- Erupção cutânea ou outras alterações na pele;
- Coceira;
- Olhos secos.
Como é feito o diagnóstico de doenças autoimunes?
Diagnosticar doenças autoimunes é frequentemente desafiador.
Existem cerca de 90 doenças autoimunes diferentes, variando em gravidade e local afetado.
Portanto, pode ser difícil determinar qual é a doença autoimune. Isso, em especial, durante seus estágios iniciais e se vários órgãos ou sistemas estiverem envolvidos.
Alguns distúrbios, como o lúpus eritematoso, apresentam marcadores específicos no sangue, identificáveis por meio de análises laboratoriais.
Para outras condições, o diagnóstico se baseia nos sintomas clínicos dos pacientes, como é o caso da psoríase e da artrite reumatoide.
Em certos casos, exames hormonais são necessários para detectar desordens autoimunes que impactam os hormônios.
Testes sanguíneos são empregados pelos médicos para identificar sinais gerais de inflamação crônica.
Esses sinais são observados em exames que analisam:
- A elevação significativa de certos glóbulos brancos (linfócitos);
- Aumento na produção de determinadas proteínas sanguíneas;
- Aumento de marcadores inflamatórios, como a proteína C-reativa (PCR) ou a taxa de sedimentação de eritrócitos no sangue.
Qual o médico que trata doença autoimune?
Os distúrbios autoimunes são tratados por uma variedade de médicos especializados, dependendo do tipo específico de condição e dos sistemas orgânicos afetados.
O reumatologista é o profissional mais comumente consultado para tratar doenças autoimunes que impactam articulações, músculos e ossos, como artrite reumatoide e lúpus eritematoso sistêmico.
Para doenças autoimunes que afetam o sistema endócrino, como diabetes tipo 1 ou tireoidite de Hashimoto, um endocrinologista pode ser o especialista indicado.
Casos relacionados ao sistema digestivo, como doença inflamatória intestinal, são frequentemente tratados por gastroenterologistas.
Imunologistas também são consultados, principalmente ao lidar com distúrbios autoimunes mais complexos ou raros.
Adicionalmente, médicos de diferentes especialidades também podem trabalhar juntos para oferecer tratamento multidisciplinar para pacientes com doenças autoimunes.
Qual o exame de sangue que detecta doenças autoimunes?
Receber um diagnóstico de doença autoimune pode ser um processo demorado, exigindo uma variedade de testes para sua confirmação.
Os sintomas de diversas doenças autoimunes se assemelham, o que pode resultar em meses ou até anos para alcançar um diagnóstico preciso.
O médico inicia o processo entrevistando o paciente sobre os sintomas e histórico de saúde.
Em seguida, são realizados vários testes comumente utilizados para auxiliar no diagnóstico de doenças autoimunes.
Exames sanguíneos são frequentemente empregados, visando confirmar os sintomas descritos.
Um teste habitual, conhecido como triagem de autoanticorpos, busca por anticorpos que atacam os próprios tecidos do paciente.
No entanto, a presença desses autoanticorpos no sangue não é suficiente para confirmar o diagnóstico, mas é um ponto de partida.
Outros exames de sangue incluem:
- Teste de anticorpos antinucleares (ANA);
- Hemograma completo (CBC);
- Taxa de sedimentação de eritrócitos (ESR);
- Teste de Coombs;
- Painel metabólico abrangente;
- Proteína C-reativa (PCR);
- Testes imunoenzimáticos e de imunofluorescência.
Além disso, exames de imagens médicas, como ultrassonografias e radiografias, são utilizados.
Esses exames buscam evidências visíveis de doenças autoimunes ou danos corporais identificados por ressonâncias magnéticas.
Quais as principais doenças autoimunes?
As doenças autoimunes constituem um conjunto de mais de 90 condições distintas caracterizadas pela resposta anômala do sistema imunológico.
Para melhor compreensão, podemos categorizá-las em doenças autoimunes comuns e raras.
Doenças autoimunes comuns
Aqui está uma lista breve das doenças autoimunes mais frequentes:
Diabetes tipo 1
A diabetes é uma condição que tem duas variações: tipo 1 e tipo 2.
Enquanto a tipo 2 surge devido à resistência à insulina, a tipo 1 é desencadeada por mecanismos autoimunes.
Na diabetes tipo 1, seus anticorpos atacam e destroem as células produtoras de insulina em seu pâncreas.
Por conta disso, pessoas com diabetes tipo 1 precisam de injeções de insulina constantemente para sobreviver.
É uma patologia relativamente comum, registrando mais de 150 mil casos anualmente no Brasil.
Doença de Graves
Representa o tipo mais prevalente de tireoidite autoimune.
Afeta majoritariamente mulheres, onde os anticorpos atacam a tireoide, órgão responsável pela produção e regulação hormonal.
Isso leva a um excesso na secreção de hormônios tireoidianos, resultando no aumento do tamanho da glândula e hipertireoidismo.
Mais de 2 milhões de brasileiros são afetados por essa condição.
Artrite reumatoide
A artrite reumatoide é uma doença autoimune crônica que afeta principalmente as articulações.
Causa inflamação, dor, inchaço e eventual destruição das articulações afetadas.
Essa condição ocorre quando o sistema imunológico ataca erroneamente as articulações, resultando em danos progressivos.
Também pode resultar na degradação total da articulação afetada.
No Brasil, ocorrem mais de 900 mil casos desta patologia.
Psoríase
A psoríase é uma doença onde as células do sistema imunológico atacam e destroem as células da pele, ocasionando uma rápida multiplicação das mesmas e, consequentemente, na formação de crostas cutâneas.
Os sintomas incluem erupções generalizadas na pele, coceira, dor devido à dermatite e sangramento em áreas afetadas pela fragilidade cutânea, além de coçar constantemente.
Existem mais de 5 milhões de casos registrados desta condição no Brasil.
Alopecia areata
A alopecia areata é uma condição autoimune que provoca a queda de cabelo em áreas específicas do corpo, geralmente no couro cabeludo.
No Brasil, há mais de 200 mil casos dessa condição.
Nessa condição, o sistema imunológico ataca os folículos capilares, resultando em perda de cabelo em pequenas áreas ou à calvície total.
Algumas pessoas podem ter perda de cabelo pequena e isolada. No entanto, outras sofrem uma perda mais extensa, afetando todo o couro cabeludo ou outras áreas pilosas do corpo.
Em alguns casos, a região afetada pode coçar ou apresentar sensibilidade.
Lúpus eritematoso sistêmico
O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença autoimune que pode afetar várias partes do corpo, incluindo pele, articulações, rins, cérebro e órgãos vitais.
Há registro de mais de 65 mil casos dessa enfermidade no Brasil.
Caracteriza-se pela produção de anticorpos que atacam as células e tecidos saudáveis do corpo, levando à inflamação e danos em órgãos ou sistemas.
Os sintomas do LES incluem fadiga extrema, erupções cutâneas, dores articulares, febre, perda de cabelo e lesões na pele quando exposta à luz solar.
Além disso, o LES pode causar complicações graves, como danos renais, problemas cardíacos, distúrbios neurológicos e complicações pulmonares.
Doença celíaca
Caracterizada pela intolerância ao glúten, essa condição envolve inflamação intestinal e má absorção dessa proteína.
Os pacientes tornam-se sensíveis ao glúten encontrado no trigo e em outros cereais, o que os impede de consumir alimentos contendo essa substância.
Mais de 2 milhões de brasileiros são afetados por essa condição.
Doenças autoimunes mais raras
Após cobrirmos as doenças autoimunes frequentes, vamos explorar aquelas menos prevalentes.
Síndrome de Sjögren
A síndrome de Sjögren é uma condição autoimune crônica que afeta principalmente as glândulas responsáveis pela produção de saliva e lágrimas.
Os sintomas incluem secura persistente na boca, olhos ressecados e sensação de areia nos olhos, além de aumentar o risco de infecções oculares.
Essa síndrome também pode afetar outras áreas do corpo, levando a sintomas como fadiga, dores articulares e musculares, além de problemas neurológicos.
As complicações associadas à síndrome de Sjögren incluem maior risco de cáries dentárias, lesões na córnea e dificuldades na deglutição e na fala devido à boca seca.
Esclerose múltipla
A esclerose múltipla (EM) é uma doença neurológica crônica na qual o sistema imunológico ataca a bainha de mielina que envolve os nervos do cérebro e da medula espinhal.
Ela resulta na deterioração da comunicação entre o cérebro e o resto do corpo, levando a uma variedade de sintomas.
Os sintomas da EM incluem fadiga, dificuldades de visão, problemas de coordenação, perda de equilíbrio, formigamento, fraqueza muscular e até dificuldade para raciocinar.
Esses sintomas podem se manifestar em episódios de surtos agudos intercalados com períodos de remissão.
Embora não haja cura definitiva para a EM, existem tratamentos para diminuir a frequência e a gravidade dos surtos, além de retardar a progressão da doença.
Síndrome de Guillain-Barré
A síndrome de Guillain-Barré (SGB) é uma condição neurológica grave, na qual o sistema imunológico ataca o sistema nervoso periférico.
Geralmente desencadeada após uma infecção viral ou bacteriana, essa resposta autoimune causa inflamação nos nervos.
Resulta em fraqueza muscular progressiva e, em casos graves, paralisia.
Os sintomas da síndrome podem se desenvolver rapidamente, começando com formigamento e fraqueza nos membros inferiores e se espalhando para membros superiores.
Em algumas situações, a fraqueza muscular pode progredir rapidamente, levando à paralisia dos músculos respiratórios.
Se não tratada, essa condição leva a complicações graves e até mesmo à morte súbita.
O tratamento inicial inclui terapias de suporte, como fisioterapia para manter a força muscular e assistência respiratória, se necessário.
Em casos mais graves, são administradas imunoglobulinas intravenosas ou plasmaférese para reduzir a resposta autoimune.
Hepatite autoimune
A hepatite autoimune é uma doença rara na qual o sistema imunológico ataca as células do fígado, desencadeando inflamação hepática (hepatite).
Esse processo pode levar a danos no fígado e, em casos mais graves, à falência hepática.
Os sintomas podem variar, indo desde fadiga e desconforto abdominal até icterícia, acúmulo de líquido no abdômen e coceira intensa na pele.
Como essa condição pode progredir lentamente ao longo do tempo, muitas vezes é diagnosticada quando já causou danos consideráveis ao fígado.
Síndrome dos anticorpos antifosfolípides
A síndrome dos anticorpos antifosfolípides (SAF) é uma condição caracterizada pela presença de anticorpos que afetam o sistema de coagulação sanguínea.
Esses anticorpos podem induzir a produção de coágulos nos vasos sanguíneos, resultando em eventos trombóticos em artérias e veias.
Esses coágulos podem levar a complicações graves, como acidentes vasculares cerebrais (AVCs), infartos e tromboses venosas profundas.
Além dos problemas de coagulação, a síndrome também está associada a complicações obstétricas, como abortos espontâneos recorrentes, pré-eclâmpsia e parto prematuro.
Nesta condição, alguns pacientes podem ser assintomáticos, enquanto outros enfrentam eventos trombóticos graves.
Outros sinais incluem manchas roxas na pele, dores nas pernas devido a coágulos sanguíneos e, em casos mais graves, problemas neurológicos.
Polimiosite
A polimiosite é uma condição inflamatória rara que afeta os músculos, resultando em dores musculares, fraqueza e dificuldade de movimento.
Esta doença crônica debilitante pode comprometer a capacidade do paciente de realizar atividades cotidianas, como subir escadas, levantar-se de uma posição e carregar objetos pesados.
Os sintomas não impactam apenas os músculos dos membros, mas também os músculos do esôfago, peito e garganta, interferindo na deglutição e na respiração.
A polimiosite pode levar a complicações perigosas, como disfagia e dificuldade respiratória.
Existe cura para doenças autoimunes?
Hoje, há diversos tratamentos disponíveis para as doenças autoimunes, porém uma cura definitiva ainda não foi encontrada.
No entanto, é importante compreender esses tratamentos se você ou alguém próximo enfrenta uma condição autoimune, buscando maneiras de lidar mais eficazmente com essa situação.
A abordagem terapêutica foca em diminuir a atividade do sistema imunológico para reduzir a resposta autoimune.
Assim, é possível que a pessoa afetada obtenha alívio e consiga, em alguns casos, levar uma vida completamente normal e de qualidade.
Como é o tratamento de doenças autoimunes?
O tratamento varia conforme a gravidade e o tipo de doença autoimune, sendo comum a utilização de imunossupressores.
As doenças autoimunes costumam manifestar-se em episódios de inflamação crônica, conhecidos como surtos.
Para controlar esses surtos, frequentemente se utiliza corticoides, que atuam na desaceleração dos processos inflamatórios típicos.
Além disso, analgésicos combinados com agentes anti-reumáticos e anti-inflamatórios são empregados para aliviar o desconforto e a dor.
Também é necessário que o paciente adote um estilo de vida saudável como parte do protocolo de tratamento.
Medicamentos
O tratamento para doenças autoimunes geralmente implica o uso de medicamentos prescritos que têm como alvo o sistema imunológico.
No entanto, nem todos os medicamentos são adequados para todas as condições autoimunes.
Os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) e os glicocorticoides (esteroides) são eficazes na redução da inflamação e costumam proporcionar alívio rápido dos sintomas.
No entanto, seu uso regular não é recomendado devido aos efeitos colaterais a longo prazo, como sangramento gastrointestinal e perda óssea.
Os tratamentos mais eficazes são os modificadores da doença, que atuam para modular a atividade imunológica.
Esses medicamentos ajudam a reduzir os danos causados pela inflamação crônica nos tecidos e órgãos.
Entre os medicamentos convencionais estão:
- Azatioprina;
- Clorambucil;
- Ciclofosfamida;
- Ciclosporina;
- Micofenolato;
- Metotrexato.
Já os mais recentes, chamados de biológicos, são produzidos por biotecnologia e incluem anticorpos monoclonais projetados para atingir partes específicas do sistema imunológico.
Esses medicamentos, por influenciarem o sistema imunológico, podem aumentar o risco de infecções graves, além de apresentarem outros possíveis efeitos colaterais.
Imunoglobulina intravenosa
O tratamento de substituição de imunoglobulinas visa prevenir a ocorrência de infecções graves ou repetidas como parte da deficiência imunológica, fornecendo anticorpos em quantidade suficiente.
Esses anticorpos vêm de uma mistura de plasma de vários milhares de doadores de sangue.
A injeção é feita sob a pele usando um cateter e uma bomba portátil.
Este tratamento semanal pode ser auto-administrado em casa pelo próprio paciente na maioria dos casos.
A administração é feita inserindo uma injeção na parede abdominal, braços ou coxas, sendo possível tratar tanto adultos, como crianças.
Plasmaferese
A plasmaferese é um procedimento médico que envolve a remoção, processamento e retorno do plasma sanguíneo ao paciente.
Durante a plasmaferese, o sangue é coletado por um equipamento especializado que separa o plasma das células sanguíneas.
Esse plasma, que contém substâncias responsáveis por certas condições médicas, é filtrado ou substituído por uma solução de substituição.
O processo é utilizado para remover toxinas, anticorpos ou substâncias indesejadas do sangue.
Assim, pode ser empregado no tratamento de várias doenças autoimunes, como miastenia grave, síndrome de Guillain-Barré, doenças renais, entre outras.
A plasmaferese é uma abordagem terapêutica eficaz para controlar crises agudas ou reduzir sintomas graves, mas seu uso é direcionado para apenas alguns casos.
Cannabis medicinal no tratamento de doenças autoimunes
Os distúrbios autoimunes envolvem um aumento na resposta inflamatória do sistema imunológico.
Nesse contexto, cientistas têm explorado as potenciais contribuições da Cannabis medicinal para aliviar os sintomas dessas condições.
A Cannabis contém canabinoides que possuem semelhança estrutural com os endocanabinoides presentes naturalmente em nosso organismo.
Os endocanabinoides, por sua vez, auxiliam na regulação e equilíbrio de diversos processos fisiológicos no corpo humano, integrando o sistema endocanabinoide.
Ao ativar os receptores desse sistema, os canabinoides da Cannabis regulam a inflamação, modulam a resposta autoimune e reduzem os sintomas das condições crônicas.
Os terpenos presentes na Cannabis também são úteis neste processo.
Por exemplo, o beta-cariofileno, por suas propriedades anti-inflamatórias, pode estimular o receptor CB2 e mediar processos inflamatórios.
Em sinergia, os compostos da Cannabis podem inibir a proliferação de leucócitos, induzir a apoptose de células inflamatórias e macrófagos, e reduzir a secreção de citocinas pró-inflamatórias.
Estes são mecanismos úteis para quem sofre com doenças autoimunes, pois ajuda a prevenir surtos e reduzir os sintomas crônicos.
Quais são os benefícios da Cannabis para doenças autoimunes?
O reconhecimento crescente das propriedades terapêuticas dos canabinoides resultou na autorização de medicamentos à base de Cannabis para o tratamento de doenças ou para alívio de efeitos colaterais.
As propriedades relaxantes, anti-inflamatórias, antioxidantes, antieméticas, antiespasmódicas, analgésicas e ansiolíticas da Cannabis a tornam uma aliada importante no controle de vários sintomas das doenças autoimunes.
Dessa forma, observam-se os seguintes benefícios:
- Redução da inflamação: A Cannabis tem propriedades anti-inflamatórias reconhecidas, capazes de atenuar a inflamação de forma interna e externa por meio de várias vias.
- Eficiente como tratamento tópico: Além do uso oral para redução da inflamação interna, a aplicação tópica de pomadas contendo Cannabis é considerada um tratamento eficiente. Assim, pode ser um complemento útil no caso de psoríase e outras doenças que atacam a pele.
- Alívio das dores: As dores associadas às doenças autoimunes são variadas, mas as propriedades analgésicas da Cannabis oferecem uma maneira segura de gerenciá-las.
- Redução da pressão arterial elevada: O uso de medicamentos para doenças autoimunes, em sua maioria, aumentam o risco de doenças cardiovasculares como um efeito colateral. No entanto, a Cannabis também exibe efeitos vasodilatadores e cardioprotetores, úteis para prevenir danos à saúde cardiovascular.
Como o canabidiol (CBD) atua no sistema imunológico?
O canabidiol (CBD) é um dos muitos compostos extraídos da Cannabis sativa.
Ele representa aproximadamente 40% da composição da planta, dependendo da variedade cultivada.
Nos últimos tempos, o CBD tem sido extensivamente estudado por seus efeitos anti-inflamatórios e moduladores do sistema imunológico.
Os efeitos imunossupressores do canabidiol (CBD) estão associados à regulação das vias e receptores essenciais na sinalização do sistema imunológico.
Estudos mostraram que o CBD é capaz de proteger contra danos celulares provocados durante os surtos imunológicos, ao modular a sinalização da adenosina.
O CBD pode se ligar aos receptores TRPV1, que são conhecidos por mediar a percepção da dor, a inflamação e a temperatura corporal, sintomas comuns associados a condições autoimunes.
O canabidiol também é capaz estimular o sistema endocanabinoide a aumentar a produção de seus próprios canabinoides naturais, enquanto inibe a enzima responsável por sua decomposição.
Isso resulta em uma maior circulação de endocanabinoides no corpo por um período prolongado, permitindo que o organismo os utilize de maneira mais eficaz para restaurar o equilíbrio interno.
Mesmo em doses pequenas, o CBD tem o potencial de promover efeitos imunossupressores.
Este canabinoide também é capaz de combater o estresse oxidativo, reduzindo os danos causados pelos ataques do sistema imunológico.
Além disso, ele retarda a produção excessiva de células T e suprime a memória do sistema imunológico, proporcionando proteção contra crises futuras.
Estudos que demonstram a eficácia dos canabinoides no tratamento
A pesquisa científica tem se dedicado cada vez mais a compreender os mecanismos pelos quais a Cannabis pode contribuir para o tratamento de doenças autoimunes.
Embora não existam conclusões definitivas, estudos realizados até o momento apontam para um cenário promissor.
Por exemplo, de acordo com o estudo intitulado Cannabinoid receptors as therapeutic targets for autoimmune diseases: where do we stand?, a Cannabis tem potencial para modular o sistema imunológico e reduzir suas respostas reativas através da interação de seus componentes com os receptores CB.
Segundo o estudo, os receptores CB1 e CB2 podem influenciar a ativação de células T, células B, monócitos e células microgliais.
Essas células são as principais responsáveis pela resposta inflamatória desencadeada pelo sistema imunológico
Esses receptores também têm a capacidade de inibir a expressão de citocinas pró-inflamatórias e regular os mediadores envolvidos no início de processos inflamatórios.
Dessa forma, os receptores canabinoides interagem com o ambiente autoimune, mostrando potencial para suprimir o desenvolvimento e a ativação das células auto-reativas.
Consequentemente, a ativação dos receptores CB1 e CB2 por meio dos canabinoides é vista como vantajosa no tratamento de doenças autoimunes, como esclerose múltipla, diabetes mellitus tipo 1 e artrite reumatoide.
Outra revisão de 2010, intitulada Cannabinoids and the immune system: an overview, fortaleceu essa suposição.
Segundo o estudo, os canabinoides possuem a capacidade de modular as respostas imunológicas não apenas no sistema periférico, mas também no cérebro.
Eles têm influência no equilíbrio de subconjuntos de células T, na expressão de citocinas e na regulação entre neuroinflamação e neurodegeneração.
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O que fazer para evitar doenças autoimunes?
O número de pessoas afetadas por doenças autoimunes está crescendo globalmente.
Como as causas dessas doenças ainda não são definitivamente conhecidas, a prevenção absoluta continua incerta.
Apesar disso, algumas orientações podem proteger o corpo dos impactos ambientais e fortalecer o sistema imunológicos:
- Ao identificar sintomas súbitos ou infecções, é preciso consultar um médico e iniciar o tratamento o mais rápido possível para preservar a saúde do sistema imunológico;
- Observe a alimentação e promova uma dieta mais saudável. Também é relevante investigar possíveis intolerâncias alimentares;
- Evite exposição a produtos químicos altamente tóxicos;
- Diminua ou cesse o tabagismo;
- Gerencie o estresse e garanta um sono adequado.
Conclusão
As doenças autoimunes surgem quando o sistema imunológico ataca incorretamente os próprios componentes do corpo, desencadeando reações de defesa.
Como as doenças autoimunes envolvem um desequilíbrio no sistema imunológico, seus tratamentos visam restaurar esse equilíbrio.
Nesse contexto, a Cannabis medicinal demonstrou benefícios para pessoas com disfunções imunológicas, com poucos efeitos colaterais.
Além de ajudar no controle dos sintomas, a planta também é capaz de influenciar na resposta imunológica do corpo.
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