Médico intensivista atuando na remoção dos pacientes em UTI Aérea, João Normanha Ribeiro viu uma reviravolta em sua carreira quando, em 2016, conheceu sobre o sistema endocanabinoide para ajudar no tratamento da mãe de um amigo que havia sofrido um AVC.
“Ela teve uma uma demência após AVC, ficou com uma sequela psiquiátrica, e o filho começou uma jornada com a mãe em busca de tratamento. Levaram ela em Boston (EUA), um neurologista especialista nesses casos, e a única coisa que ele ouviu falar que revertia esse quadro de demência pós AVC era a Cannabis.”
“Um dos filhos, que é meu amigo, me contou essa história e disse que ia plantar para a mãe. Eu conhecia o uso para enjoo, insônia, mas para AVC, não conheço. Eu fui estudar e, quando descobri sobre o sistema endocanabinoide, fiquei alucinado.”
Com o tratamento canabinoide, a mãe de seu amigo começou a responder. “Eu estava infantilizada e voltou a ser uma pessoa super funcional.”
Endocanabinologista autodidata
Logo a notícia se espalhou pela cidade, Goiânia (GO), e mais pacientes começaram a procurá-lo em busca do tratamento com Cannabis medicinal. “Fui procurado por um grupo de mães de autistas aqui de Goiás. Eles já tratavam com CBD, mas as mães queriam acrescentar o THC, pois não estavam tendo resultados.”
Diante a crescente demanda, estreitou a relação com o filho da paciente com AVC, Juiz Tejota, e juntos fundaram a Associação Goiana de Apoio e Pesquisa à Cannabis Medicinal (Agape). “Eu eu meio que imediatamente, sem saber, eu me tornei endocanabinologista.”
Logo, um outro filho de paciente o procurou. Filipe Suzin estava no início da busca por um tratamento para o Parkinson de seu pai, o Seu Ivo, e Normanha o acompanhou no tratamento (conheça a história de Curando Ivo). Com o bom resultado, participou da fundação de mais uma associação, a Curando Ivo.
“Era 2016 e não existiam muitos cursos. Eu fui me especializando sozinho mesmo. Até que a Eliane Nunes, da SBEC, me procurou e me colocou em um grupo com uns 30 médicos prescritores. Eu vi que não estava sozinho nessa, graças à Deus. Meu medo foi passando, porque eu comecei sozinho, sem orientação, como autodidata.”
O sistema endocanabinoide como um todo
Foi a confiança que precisava para seguir estudando e ajudando os pacientes a regular suas disfunções no sistema endocanabinoide. “É o protagonista do meu tratamento. Não é só o CBD e o THC, mas também os cannabimiméticos.”
“Tenho protocolos para potencializar a anandamida, um receptor. Eu quero melhorar a performance do sistema endocanabinoide, então, ao invés de fazer isso só com a Cannabis, uso outras substâncias naturais, como a cúrcuma, o betacariofileno, a copaíba, outros óleos essenciais.”
“Esse olhar de tratar o sistema endocanabinoide independente da patologia ainda me rende críticas de alguns médicos. Trata fibromialgia e não é reumatologista. Mas eu trato o sistema endocanabinoide e o que tá por trás dele.”
Para que pudesse atender da melhor forma seus pacientes, fundou o Instituto de Medicina Orgânica, uma clinica formada por médicos e profissionais da saúde com diversas especialidades voltada para o tratamento interdisciplinar dos pacientes. “É a tentativa de usar o mínimo de medicamento possível e o máximo que a natureza pode proporcionar.”
“Os pacientes que nos procuram são refratários. Eles já foram em neurologista, pediatra, médicos que já testaram o tratamento convencional. Quando me procura, eu falo para ir ao especialista, que vai dar o diagnóstico.”
“Eu não faço diagnóstico de doença. O que eu faço é o controle e tratamento do sistema endocanabinoide. É esse o meu papel. A gente tenta modular ele de diversas formas, encontrar o melhor óleo, qual deles ele vai usar mais, quantas vezes por dia. A gente chama de medicina personalizada porque é de acordo com a necessidade de cada um.”
Vai ser a revolução
Um procedimento que já repetiu com mais de mil pacientes desde que começou a cuidar do sistema endocanabinoide. “Ao longo desse tempo, eu posso dizer que eu vi muita coisa que eu nunca imaginei que iria ver na medicina, principalmente nessas doenças incapacitantes.”
“Eu tinha um certo desconforto em falar sobre dor crônica porque as soluções que a gente tinha, às vezes, são piores que a própria doença. Você fazer uma pessoa tomar corticoide a vida inteira, anti-inflamatório e a própria indústria sabe que o uso crônico contínuo é nocivo para a saúde. Medicamento é ótimo quando é utilizado pelo período que ele é seguro.”
João Normanha acredita que o cuidado com o sistema endocanabinoide ainda está dando seus primeiros passos na medicina. “No futuro, a Cannabis vai ser prioridade no tratamento de algumas patologias, como AVC, Fibromialgia, enxaqueca, intestino irritável.”
“Além disso, todo senhor, toda senhora, passou 50 anos, quando for no nutrólogo, vai sair com uma receita de vitamina, de proteína de cânhamo e de canabidiol. Vai demorar algum tempo, mas vai acontecer de entrar na rotina de polivitamínicos dos idosos.”
“Depois dos 50 anos, a gente tem a tendência a perder a potência do sistema endocanabinoide. Por isso que a gente vai perdendo as funções, vai ficando com a memória prejudicada, menos disposto. Eu acho que vai ser a revolução. Eu acho que esse é o próximo grande passo que a Cannabis vai dar na saúde.”
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