Hoje é o Dia Internacional da Epilepsia, data para conscientizar a sociedade sobre a epilepsia, seus impactos e para destacar a importância da inclusão e da acessibilidade para as pessoas com a doença. Nesta data é imprescindível informar sobre os benefícios que a Cannabis pode causar na vida das pessoas que tem esta condição.
Derrubar o tabu sobre a epilepsia: a luta da conscientização e da informação
Conforme informações oficiais do governo brasileiro, ainda existem tabus sobre a epilepsia. Os estigmas associados à condição podem surgir devido a falta de compreensão sobre a condição, crenças culturais antigas ou mitos infundados. Mas a educação e a conscientização sobre a condição desempenham um papel crucial para promover a compreensão e apoiar aqueles que vivem com a condição.
50 milhões de pessoas em todo o mundo
A epilepsia afeta em torno de 50 milhões de pessoas em todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).
A condição é uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro, que não tem relação com febre, drogas ou distúrbios metabólicos. Além disso, ela se expressa por crises epilépticas repetidas.
4 milhões de brasileiros
Aqui no Brasil cerca de 2% da população tem algum tipo de epilepsia, o que equivale a quase 4 milhões de pessoas atingidas. Portanto, é imprescindível falar sobre esta condição e esclarecer como a Cannabis pode trazer benefícios no tratamento.
Para tratar epilepsia refratária, CBD pode ser a solução
A epilepsia refratária é uma condição de saúde que impõe desafios imensos para os pacientes e suas famílias, além dos médicos, que buscam incessantemente novas maneiras de ajudar essas pessoas. Nesses casos, mesmo depois de tentarem diferentes tipos de medicação, as convulsões são frequentes e afetam a qualidade de vida e o desenvolvimento, sobretudo, quando em indivíduos jovens.
Nos últimos anos, pesquisadores mundo afora identificam que a Cannabis e os seus componentes são uma possibilidade para combater a epilepsia refratária. Isso acontece porque a planta reduz drasticamente o número de convulsões e contribui para que os médicos possam, dessa forma, reduzir a medicação convencional, que antes era usada.
Nesse contexto, cientistas de Israel realizaram uma novo estudo retrospectivo multicêntrico, para avaliar como o Canabidiol (CBD) isolado contribui para o tratamento de pacientes com epilepsia refratária. Esse tipo de estudo faz uma análise de registros médicos de pacientes com essa condição, que foram tratados em diferentes centros médicos israelenses.
Tratando epilepsia refratária com CBD
Para o artigo Real-Life experience with purified cannabidiol treatment for refractory epilepsy: A multicenter retrospective study, os cientistas tiveram acesso aos registros médicos de 139 jovens e crianças com epilepsia refratária. Esses pacientes foram tratados com CBD isolado, entre os anos de 2018 e 2022, e trouxeram dados encorajadores.
Os resultados revelaram que o CBD isolado foi eficaz na redução da frequência das convulsões em uma parte considerável dos pacientes. Entre todos os voluntários, 92% deles tiveram uma diminuição na frequência das crises. Entre esses que tiveram redução, 41% passaram a ter menos da metade das convulsões que tinham antes de incluir o canabidiol.
Além disso, 38% de todos os pacientes tiveram experiências positivas com a inclusão do CBD no tratamento. Incluindo melhora no estado de alerta, comunicação verbal e outros passos no desenvolvimento.
Melhor para os reincidentes
Entre os pacientes com epilepsia refratária, os diagnósticos mais comuns incluem algumas síndromes raras como a síndrome de Lennox-Gastaut, de Dravet e também a esclerose tuberosa. Geralmente, elas aparecem em pacientes muito jovens, muitos ainda nos primeiros meses de vida. Assim, acaba sendo mais fácil incluir a Cannabis nesses jovens, que ainda não criaram nenhum tipo de resistência à planta.
Os pesquisadores observaram uma outra relação curiosa entre os pacientes com epilepsia refratária e o CBD. Aqueles que já haviam passado por tratamento com canabidiol anteriormente experimentaram uma maior redução nas crises.
Além de sua eficácia, o CBD isolado não teve problemas de tolerância entre os pacientes. Os efeitos adversos do uso da planta são consideravelmente leves, se comparados à medicação convencional. Os efeitos mais comuns incluem sonolência e irritabilidade. Outro detalhe importante é que o uso concomitante do composto da Cannabis com outros tratamentos, como ácido valproico e clobazam, não influenciaram significativamente na eficácia do CBD.
Com a Cannabis há uma redução do uso de muitos remédios por parte dos pacientes com epilepsia
Além disso, um dos benefícios do uso da Cannabis para tratar epilepsia reside na possibilidade de fazer com que o paciente deixe de usar muitos medicamentos simultaneamente.
Basicamente, a polifarmácia é uma prática não muito bem-vista pela área da saúde. Afinal, cada medicamento tem os seus efeitos adversos e podem interagir uns com os outros, trazendo consequências nada positivas para o organismo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), polifarmácia é definida como “o uso rotineiro e concomitante de quatro ou mais medicamentos (com ou sem prescrição médica) por um paciente”.
Neste fator, também destaca-se que são praticamente inexistentes os efeitos colaterais que o uso de óleos de Cannabis apresentam nos pacientes.
Além do CBD para epilepsia: Estudo comprovou que extratos de Cannabis da planta inteira são mais eficientes para tratar a epilepsia do que as formas isoladas de CBD
Já outro estudo também comprovou que extratos de Cannabis da planta inteira são mais eficientes para tratar a epilepsia do que as formas isoladas de CBD. A descoberta foi feita na Universidade de Melbourne, na Austrália, e publicada no periódico Journal of Cannabis Research.
Foi o cientista brasileiro Dr. Elisaldo Carlini o primeiro a detectar que o CBD é eficaz contra convulsões há mais de 40 anos. Agora, os acadêmicos australianos fundamentam as alegações de que o efeito entourage é mais eficiente contra a epilepsia. Estes efeitos anticonvulsivantes que a Cannabis pode trazer são apresentados aqui neste estudo realizado pelo Dr. Carlini e publicado em 1982.
A pesquisa investigou o efeito do extrato de Cannabis da planta inteira em canais de sódio dependentes de voltagem na epilepsia. É por esses canais que começa a ação nos neurônios que resultam em crises epilépticas. E é justamente na inibição desses canais que muitos medicamentos anticonvulsivantes atuam, inclusive os que têm CBD em sua composição.