Quando Nísia Trindade Lima, cientista e pesquisadora, foi oficialmente apresentada como nova ministra da Saúde afirmou que sua gestão será “pautada pela ciência”. Confirmando este posicionamento, recentemente a Ministra afirmou em entrevista à GloboNews que é imprescindível quebrar o preconceito em relação à Cannabis:
“Existe muita evidência científica. No caso da Cannabis medicinal vários países do mundo a utilizam para tratamentos que vão da epilepsia a Alzheimer e outros problemas de saúde. Convivi de perto com este problema com crianças afetadas pela Síndrome congenita de Zica. Que são crianças que sofrem convulsões com períodos muito curtos, um sofrimento enorme. E em muitos casos justamente a administração do Canabidiol permitiu uma melhora de qualidade de vida com impacto para toda família, principalmente para as mães. Precisamos das evidências científicas, precisamos do diálogo com a sociedade, para romper com os preconceitos e cuidar, que é a palavra-chave”, disse.
De olho no PL 399 e na Resolução do CFM
Já a fundadora da Associação Médica Brasileira de Endocanabinologia, Dra. Ana Gabriela Hounie chamou atenção para a importância da aprovação do PL 399 aqui no Brasil:
“A fala foi extremamente importante, principalmente no momento em que a gente está no início de governo e ainda não sabe que tipo de atitude virá por parte do governo. Sabemos que o governo Lula tem uma tendência a ser mais favorável a entrada da Nísia como ministra como a gente já sabia que ela tinha um posicionamento favorável foi também super bem-vindo. Mas a gente depende da aprovação do PL 399 para permitir o cultivo aqui no Brasil e fazer com que a indústria possa fabricar aqui os remédios, reduzindo custos e gerando empregos. Permitindo o cultivo vai mobilizar também muita a economia. E a gente vê muitas vantagens em que o projeto seja aprovado”.
Por fim, Dra. Hounie também destacou que a fala da Ministra de Saúde vai de encontro com a polêmica resolução do CFM, que ficou conhecida como a Resolução do retrocesso:
“E precisamos também desse apoio, tendo em vista que a normativa do CFM 234 tinha limitado a prescrição a somente o CBD puro e somente para três tipos de epilepsia. Então sabendo que a ministra da Saúde teve uma experiência pessoal de observar a eficácia em crianças com Zika mostra que é uma realidade o uso de produtos derivados de Cannabis em outras patologias que não somente a epilepsia refratária”.
Garantia de saúde e bem-estar
Igualmente a Dra. Maria Teresa Jacob valorizou o posicionamento da Ministra:
“Considero importantíssimo essa nova postura do Ministério da Saúde em relação a Cannabis de uso médico. Porque vai permitir a melhora da qualidade de vida de milhares de brasileiros que vão se beneficiar muito com esse tipo de medicamento, essa nova abordagem que a medicina tem dado para doenças crônicas refratárias a tratamentos habituais, como é o caso da epilepsia, dor crônica, doenças neurodegenerativas e doenças da Saúde de mulher. E eu considero importante que o Ministério forneça para os pacientes produtos de qualidade farmacêutica para que os brasileiros tenham tratamento de saúde com produtos seguros para tratamento, tanto humano quanto animal”.