Pesquisas recentes comprovam que a Cannabis Medicinal melhora a função cognitiva e ao mesmo tempo reduz a tomada de decisões arriscadas, comum nos pacientes com Doença Bipolar. Aproximadamente 6 milhões de brasileiros, na faixa dos 20 -até os 40 anos, sofrem com os sintomas da Doença Bipolar (DB).
Também chamada de transtorno bipolar ou doença maníaco-depressiva ou transtorno afetivo bipolar que provoca oscilações significativas no comportamento e humor da pessoa e pode variar de depressão até mania, ou seja, da tristeza profunda até a euforia extrema, de forma repentina e com comprometimento da capacidade funcional.
Um estudo recente cujo objetivo foi entender como a Cannabis afeta a cognição e o comportamento orientado para um objetivo, revelou que a Cannabis possui benefícios únicos na DB. Pesquisadores apresentaram esses achados na Conferência Internacional de Neurociência 2022 e mostraram que a Cannabis era eficaz em melhorar a função cognitiva e a diminuir a tomada de decisões arriscadas.
Os pesquisadores também demonstraram que a Cannabis reduz a atividade dopaminérgica no cérebro suprimindo os sintomas da DB. “O uso crônico pode ter um efeito ainda mais benéfico e único em pessoas com DB. Estudos sugerem que algumas pessoas com DB aumentaram a atividade dopaminérgica devido à redução de expressão do transporte de dopamina” concluíram. Uso crônico de cannabis reduz a liberação de dopamina, resultando em um retorno da homeostase de dopamina em pessoas com DB e consequentemente normalizando seus déficits de comportamento direcionado ao objetivo.
Estudos realizados em 2018 demonstraram que o consumo de Cannabis causa uma melhora dos sintomas clínicos da DB, sem comprometer a performance cognitiva.
Pesquisadores da principal escola médica dos EUA – Harvard Medical Scholl, juntamente com McLean Hospital e Universidade de Tufts, analisaram o impacto da Cannabis na função cognitiva e humor entre os pacientes que foram diagnosticados de DB. Esta foi a primeira
pesquisa a ser conduzida com o objetivo de analisar como a Cannabis afeta a performance neurológica e a performance no humor.
Eles encontraram que o uso da Cannabis resultou na diminuição dos scores de depressão, raiva e tensão. Foi também associado ao aumento do vigor.
O estudo ressalta que pacientes com DB, que fumam regularmente Cannabis, relataram por um período alívio, indicando as propriedades estabilizadoras da Cannabis nos pacientes com DB. Uma proporção significativa da população não sabe que têm DB. Eles apresentam sintomas leves de mudança de humor e outros sintomas de desregulação de humor. Para estes indivíduos a Cannabis pode ajudar.
Pesquisadores da Universidade do Novo México fizeram em 2020 uma revisão envolvendo informações reais obtidas pela Releaf App (um app que acompanha pacientes em uso de Cannabis) e encontraram que a Cannabis foi eficaz no tratamento dos sintomas da depressão. Um dos achados mais interessantes encontrado neste estudo, é que a Cannabis Flower com altos níveis de THC (tetrahidrocanabinol) estão associado com a redução quase que imediata na intensidade da sensação de depressão explicou o pesquisador Jacob Miguel Vígil.
Sem o fim da epidemia de depressão que atingiu o mundo todo e os severos efeitos colaterais das tradicionais medicações antidepressivas, existe uma real necessidade para as pessoas tratarem dos distúrbios de humor com medicações que sejam seguras, eficazes e naturais, a Cannabis Medicinal possui essas propriedades. Estudo recente confirma que a Cannabis pode reduzir Ansiedade e Depressão.
Carregando o Sistema Endocanabinoide com produtos à base de endocanabinoides resultou em impacto positivo nos sistemas neuroendócrino, neurotransmissor e neuro imune.
Estes sistemas são todos muito afetados por quem sofre de depressão e outras doenças de humor como DB.
Em 2006 um estudo realizado na Universidade de Montreal, descobriu que aumentando a quantidade de endocanabinoides produzidos pelo cérebro, melhora o humor.
Investigadores da Universidade de McGill Centro Médico, revelaram que o uso de um canabinoide sintético URB579 resultou em potente ação antidepressiva em modelos animais devido à prevenção da degradação de canabinoides. Foi o primeiro estudo a provar que algo externo pode ajudar a aumentar os níveis de canabinoides e o humor de uma forma geral. De acordo com a pesquisadora líder Gabriela Gobbi, “Esta é a primeira vez que se mostrou que o aumento dos níveis de canabinoides no cérebro, pode melhorar o humor”.
Adicionalmente um estudo feito em 2020 pelo BMC Psychiatry encontrou que a planta como um todo foi eficaz em melhorar o humor e sono enquanto reduzindo a ansiedade e enfermidades psicóticas.
Canabigerol (CBG) um composto de alto potencial terapêutico
O que realmente sabemos a respeito da “mãe de todos os canabinoides”? Produtos de CBD (canabidiol) são vendidos nos Estados Unidos como produtos que curam tudo! O CBN (canabinol) não funciona bem como monoterapia nos casos de insônia. O Delta 8 e o Delta 9 THC foram desenvolvidos com o único objetivo de escapar das restrições legais do FDA.
Porém, o próximo canabinoide a chamar a atenção de todos será o Canabigerol.
Frequentemente chamado de a “mãe” de todos os canabinoides, devido seu precursor ácido o CBGA, que também é o precursor do THC (tetrahidrocanabinol) presente nas plantas Cannabis. Com o amadurecimento da planta a maioria do CBGA é convertido em outras moléculas deixando baixos níveis de CBG na flor madura e seca, tipicamente abaixo de 1% do peso seco.
Cepas desenvolvidas por agricultores podem produzir em torno de 20% de CBG (porém pouco THC) e isso pode ser um Boom para a
comunidade médica de Cannabis.
Potente, mas não intoxicante – CBG foi isolado em 1964 e sintetizada em 1971 pelo padrinho da pesquisa em Cannabis, Raphael Mechoulam.
Porém, ficou na obscuridade por várias décadas.
Recentemente pesquisas pré-clínicas mostraram sua versatilidade, não intoxicante e um agonista parcial ou ativador dos receptores
CB1 – CB2, antagonista da serotonina, receptores 1A, e um agonista inibitório do neurotransmissor GABA.
Também é um PPARy agonista e o único conhecido canabinoide a funcionar como um agonista do receptor adrenérgico Alfa-2. Apesar de sua farmacologia única e promissora, revisado em alguns trabalhos, pesquisas sobre seu efeito em humanos tem sido pouco.
O Dr. Dustin Sulak tem usado o CBG em sua prática por quase 2 anos: “Estou vendo fortes sinais de eficácia com ansiedade, dor crônica e alterações do sono, normalmente em doses menores das que se trata com CBD. Os efeitos adversos são mínimos e infrequentes, com cansaço sendo o mais prevalente. O CBG é promissor na melhora de doença inflamatória intestinal e em outras condições inflamatórias, alterações de humor, glaucoma e dor neural. O Dr. Bonni Goldstein prescreve CBG em crianças portadoras de autismo, ansiedade, hiperatividade, problemas digestivos e problemas de fala. Normalmente o CBG é adicionado a um tratamento com CBD e THC iniciando com baixas doses e aumentando gradativamente até atingir a janela terapêutica, ou seja, o efeito desejado sem efeitos adversos. Em adultos, o Dr Goldstein tem obtido boas respostas de CBG no tratamento de ansiedade, dor, incluindo paciente os quais CBD não foi eficaz.
As experiências clínicas do Dr. Sulak e Dra. Goldstein foram demonstradas nos achados da pesquisa com 127 usuários de CBG, publicado no jornal de pesquisa de Cannabis e Canabinoides no mês de outubro de 2022.
Dr Ethan Russo juntamente com os pesquisadores da Universidade do Estado de Washington e da Universidade da Califórnia, avaliaram pela primeira vez no final de 2020, o uso de CBG predominante cannabis. Os pacientes responderam que o CBG foi eficaz na ansiedade, dor crônica, depressão e insônia, melhor que as drogas convencionais, sem efeitos colaterais significativos.
Os pacientes estavam utilizando CBG em uma variedade de enfermidades e a maioria achou que ajudou na melhora de suas doenças, diz o Dr. Russo, autor principal do estudo. “Eu percebi por um longo tempo que o CBG estava chegando, mas que não estava tendo a atenção merecida. Nós temos visto uma revolução na terapia com Cannabis relacionada ao canabidiol (CBD) nos últimos 10 anos, mas eu acredito que o mesmo nível de atenção será dado ao canabigerol (CBG) “. diz Dr Ethan Russo.
Referências:
Gaoni Y, Mechoulam R. The structure and function of cannabigerol, a new hashish constituent. Proc Chem Soc. 1964;1:82
Gaoni Y, Mechoulam R. The isolation and structure of delta-1-tetrahydrocannabinol and other neutral cannabinoids from hashish. J Am
Chem Soc. 1971;93:217–224.
Nachnani, Rahul et al. “The Pharmacological Case for Cannabigerol.” The Journal of pharmacology and experimental therapeutics vol. 376,2 (2021): 204-212. doi:10.1124/jpet.120.000340
Jastrząb, Anna et al. “The Origin and Biomedical Relevance of Cannabigerol.” International journal of molecular sciences vol. 23,14 7929.
19 Jul. 2022, doi:10.3390/ijms23147929
Calapai, Fabrizio et al. “Pharmacological Aspects and Biological Effects of Cannabigerol and Its Synthetic Derivatives.” Evidence-based
complementary and alternative medicine : eCAM vol. 2022 3336516. 8
Nov. 2022, doi:10.1155/2022/3336516
Russo, Ethan B et al. “Survey of Patients Employing CannabigerolPredominant Cannabis Preparations: Perceived Medical Effects, Adverse Events, and Withdrawal Symptoms.” Cannabis and cannabinoid research vol. 7,5 (2022): 706-716. doi:10.1089/can.2021.0058