A qualidade de vida sempre foi o foco da geriatra Gleice Kely Campos. Especialista em psicogeriatria e envelhecimento saudável, descobriu uma nova ferramenta terapêutica visando o bem-estar de seus pacientes graças à filha de uma.
A mãe, com Alzheimer avançado, estava na casa de repouso em que Campos trabalhava e a filha insistia para que prescrevesse o tratamento com Cannabis medicinal.
“Ai eu falei: vou fazer o curso. Não vou prescrever assim sem saber de nada. Eu não me sentia segura. Só depois do curso que me senti autorizada.”
Primeiros resultados
Durante os estudos, já pôde observar de perto os benefícios da Cannabis na própria paciente com Alzheimer, que passou a ser acompanhada por outra médica prescritora.
“Ela conseguiu diminuir muito o uso de antipsicóticos e esse foi um feito grande. A filha até vinha falar que não tava fazendo muito efeito, mas só essa diminuição já é um benefício enorme.”
“Ela ficava achando que ia voltar o cognitivo da mãe, mas reduzir o uso de antipsicóticos já é um ganho muito grande.”
“Muito mais limpa”
Há pouco mais de um ano prescrevendo a Cannabis medicinal, a geriatra indica principalmente para síndromes demenciais e dolorosas. Assim como na paciente com Alzheimer, o principal benefício é poder reduzir o uso de medicamentos alopáticos.
“Por exemplo, o antipsicótico em alta dosagem vai ter muito efeito colateral. A Cannabis eu acho muito mais limpa nesse sentido. Consegue trazer benefícios para o paciente sem os efeitos colaterais.”
O bônus
Em suas observações clínicas, campos observa justamente o contrário: benefícios em fatores que não eram o foco terapêutico principal. “Outro dia eu atendi uma paciente com 90 e poucos anos, com um passado de dor neuropática. Ela já tinha tentado de tudo.”
“Eu iniciei com a Cannabis e ela está super bem com uma dose muito pequena. Falou que está mais animada, comendo melhor, mais ativa, além da questão da dor. Atendeu ao objetivo e teve bônus.”
No entanto, Campos alerta que a Cannabis não substitui todos os tratamentos convencionais. “A Cannabis é um plus na vida do paciente. Traz um benefício maior, além das medicações.”
“O antipsicótico não trará nenhum benefício para o Alzheimer em si, então se a gente consegue reduzir, é ótimo. Reduzir medicação para insônia, antidepressivo, traz um grande benefício. Quer dizer que a Cannabis deu super certo.”
“Não pesa tanto”
De acordo com a geriatra, a aceitação do medicamento é boa entre seus pacientes idosos. “Foram poucas vezes que um filho foi à consulta e não aceitou.”
“Eu tenho consultório particular, mas eu trabalho no SUS também, na unidade de referência de saúde do idoso. No consultório as pessoas já vem buscando a Cannabis, no SUS não. Prescrevo e eles aceitam.”
“Até na questão de ter que comprar, eles dão um jeito. Em idoso a dose é baixa e o frasco dura. Acaba que, no final das contas, não pesa tanto.”
“O bem-estar do paciente”
Sobre os colegas de profissão que insistem em negar o evidente potencial terapêutico da Cannabis, a geriatra coloca na conta do preconceito. “É você ter um conceito sem conhecer. Você não dá a oportunidade para o paciente por conta da ignorância.”
“Não é criar expectativa sobre uma coisa que não existe, mas é uma proposta terapêutica difundida há milênios e a gente está vendo resultados. Acho que os médicos deveriam se abrir para proporcionar o bem-estar do paciente.”
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