O transtorno dissociativo de identidade (identificado pela sigla TDI) é um dos transtornos psiquiátricos que envolvem a presença de pelo menos duas personalidades num só indivíduo. Essas identidades são capazes de controlar o comportamento dela em diferentes momentos.
Normalmente, os transtornos de dupla personalidade podem ser relacionados com traumas. O cérebro da pessoa tenta reagir como uma forma de evitar que memórias indesejadas ou desagradáveis voltem à cabeça do paciente.
A dupla-personalidade nem sempre está ligada a uma personalidade “malvada” e uma personalidade “boazinha”. As personalidades podem se manifestar de formas diametralmente opostas, mas em alguns casos há personalidades com várias características em comum (similaridades).
Em todos os casos, a personalidade dupla pode causar problemas na qualidade de vida de uma pessoa.
Por não ter o controle total dos seus pensamentos ou da forma com que se comunica com outras pessoas, é comum enfrentar problemas de relacionamento, confusão mental e problemas de memória.
Atualmente existem diversos tipos de tratamento que podem ajudar uma pessoa a enfrentar os sintomas do TDI, que incluem psicoterapia, medicamentos e uso complementar de canabinoides.
Neste artigo, contaremos em detalhes sobre como se manifesta o TDI e quais são as formas de combater os sintomas nos pacientes. Você saberá mais sobre os seguintes tópicos:
- O que é o transtorno dissociativo de identidade (TDI)?
- Quais são as formas de transtorno dissociativo de identidade?
- O que causa transtorno dissociativo de identidade?
- Quais são os sintomas de transtorno dissociativo de identidade?
- Como saber se você tem TDI?
- Como é o tratamento do transtorno dissociativo de identidade?
- Uso da Cannabis medicinal no tratamento de transtorno dissociativo de identidade
- Outros tipos de transtorno do desenvolvimento intelectual
O que é o transtorno dissociativo de identidade (TDI)?
O transtorno dissociativo de identidade (TDI) é uma condição de saúde mental em que uma pessoa tem duas ou mais personalidades. Por meio dessas personalidades, o indivíduo pode experimentar diferentes sensações em períodos curtos de tempo.
No entanto, o mais comum num paciente com dupla personalidade é que elas se alternem entre si e funcionem para o paciente como uma espécie de fuga ou alter-ego.
Cada uma das personalidades imprimem sua própria identidade na pessoa – elas têm sua própria história, gostos, desgostos e traços.
Na maior parte do tempo, o paciente tem a impressão de que está no controle de tudo e que aquela é a sua personalidade correta, mas o descontrole se manifesta após algum tempo.
Esse descontrole pode vir por meio de falas desconexas, alucinações, problemas de memória e confusão mental. Muitos pacientes podem ser diagnosticados com outros transtornos com esses sintomas e por isso, buscar auxílio especializado é fundamental para realizar o tratamento correto.
Entre os nomes alternativos para esse tipo de transtorno estão: transtorno de personalidade múltipla ou transtorno de personalidade dividida.
O nome “transtorno dissociativo”, porém, advém da capacidade que uma doença tem de alterar a forma que uma pessoa se conecta com a realidade. São transtornos dissociativos conhecidos a amnésia dissociativa e o transtorno de despersonalidade.
Quais são as formas de transtorno dissociativo de identidade?
São duas as formas principais de transtorno dissociativo de identidade. Neles, a mudança é a forma com que as personalidades se manifestam – podem ser executadas por agentes externos ou por personalidades do próprio indivíduo.
Entenda melhor nos próximos dois tópicos:
Possessão
O transtorno dissociativo de identidade na forma de possessão ocorre quando o paciente assume para si uma identidade de um agente externo. Esse agente externo pode ser outra pessoa ou um espírito sobrenatural.
Nesses casos, o agente externo faz com que as ações do indivíduo sejam totalmente diferentes e alheias às suas vontades naturais. As falas também podem ser alteradas, levando as pessoas do convívio do paciente a estranhar desde o primeiro momento o que está acontecendo.
Em algumas culturas e religiões, esse fenômeno é visto como algo de origem maligna, relacionado a criaturas como o diabo. No entanto, esse fenômeno tem explicações científicas que nada tem a ver com qualquer tipo de espiritualidade, mas sim alterações no cérebro.
Não possessão
Já na “não-possessão”, o transtorno dissociativo pode ser mais difícil de se perceber, mesmo por pessoas próximas. O diagnóstico dessa forma do transtorno é mais complicado, pois pode ser facilmente confundido com outras desordens mentais como a bipolaridade.
Esse é o tipo de transtorno mais comum e caracteriza por alterações no senso de identificação da pessoa. Em boa parte das vezes, pessoas com TDI não possessivo comportam-se como se fossem observadores das suas próprias atitudes e falas.
Isso pode fazer com que elas não reconheçam os seus próprios esforços ou culpa em determinados aspectos da vida. Assim, um TDI não possessivo pode ter dificuldades na forma com que lida com os problemas e com as pessoas próximas.
O que causa transtorno dissociativo de identidade?
O transtorno de personalidades múltiplas pode ser uma reação do cérebro a algum trauma, normalmente sofrido durante a infância. Esse tipo de transtorno pode se desenvolver por motivos como:
- Ter sofrido abusos sexuais ou físicos, sobretudo na infância e na adolescência;
- Presença em desastres naturais;
- Eventos traumáticos como presenciar um suicídio ou um assassinato;
Os especialistas dizem que o transtorno de identidade é tido como uma forma que uma pessoa tem de se distanciar do trauma.
No entanto, as personalidades nem sempre estão ligadas ao evento ou fenômeno vivido, o que pode trazer dificuldades inclusive para o diagnóstico e as causas para o transtorno.
Quais são os sintomas de transtorno dissociativo de identidade?
Identidades múltiplas
As identidades múltiplas são o principal sintoma de uma pessoa com TDI. Essas personalidades podem ser modificadas com o tempo ou levar a processos de incompreensão tanto para o indivíduo quanto para seus interlocutores.
Os pacientes com TDI normalmente não percebem quando estão em uma crise, nem as mudanças na personalidade. Isso faz com que muitas vezes eles entrem em rota de conflito com quem está por perto, visto não serem quase nunca compreendidos como esperado.
Amnésia
Por conviverem com diferentes tipos e níveis de pensamentos, muitos pacientes se deparam com a desconexão com a realidade. Quando isso acontece, além da confusão mental, a amnésia também pode ocorrer de forma temporária ou permanente.
Normalmente, os quadros de amnésia ocorrem pós-crise, fazendo com que os pacientes não consigam se lembrar de atitudes que tiveram com alguma personalidade alternativa.
O quadro de amnésia é ainda mais visto nos casos de TDI com possessão, onde os pacientes não lembram de nenhum ponto do que falaram ou fizeram.
Depressão
A maior parte das doenças e transtornos psiquiátricos traz consigo outras doenças e transtornos mentais. Nos casos mais comuns, a pessoa pode ter que lidar com quadros de ansiedade e depressão.
A depressão normalmente advém dos conflitos com a família decorrentes dos períodos de crise ou da dupla identidade. A não compreensão por parte dos familiares e o esquecimento também podem desencadear quadros depressivos graves.
Para melhores resultados, o tratamento desses transtornos devem ser feitos de forma conjunta com o tratamento de TDI.
É importante que o médico leve em consideração possíveis interações medicamentosas, reduzindo o tratamento desses transtornos que devem ser feitos em conjunto com os medicamentos para o TDI.
Como saber se você tem TDI?
Os sintomas do Transtorno Dissociativo de Identidade costumam aparecer logo na infância, entre os 5 e 10 anos. Muitas vezes esses sintomas são imperceptíveis para os adultos, que podem confundi-los com mudanças normais pela formação de comportamento nessa idade.
As personalidades múltiplas podem impactar de forma significativa essas crianças, que tendem a se isolar quando percebem algum tipo de conflito interno. Os pais, professores e profissionais de saúde devem ficar atentos com os primeiros sinais de uma dupla ou múltipla personalidade.
Entre os transtornos que podem ser confundidos com o TDI está o déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Ambos causam dificuldades de aprendizagem e nessa idade apresentam sintomas similares.
Se o paciente é uma pessoa adulta, os sintomas do TDI podem ser confundidos com o borderline. Por isso, é muito importante evitar o autodiagnóstico, visto que as estratégias de tratamento para cada um desses transtornos também é diferente.
Confira abaixo sobre como deve ser feito o diagnóstico.
Diagnóstico do transtorno dissociativo de identidade
O diagnóstico do transtorno dissociativo de identidade deve ser feito por um psiquiatra ou psicólogo.
Não há um único teste que permita ao médico diagnosticar um quadro de Transtorno Dissociativo de Identidade. Para realizar o diagnóstico, o profissional deve avaliar os seus sintomas e o histórico de saúde pessoal.
Por meio de anamneses, um psicólogo ou psiquiatra poderá inquirir de forma direta ou indireta ao paciente sobre a existência de determinados tipos de traumas. Normalmente essas anamneses são feitas num formato mais direcionado, como se houvesse uma espécie de roteiro a ser seguido.
Posteriormente, o médico também pode fazer perguntas ou avaliações sobre possíveis causas físicas para algum transtorno. Lesões e choques na cabeça, por exemplo, podem gerar confusões mentais muito similares ao TDI.
Descartar esse tipo de causa poderá dar ao profissional de saúde envolvido no caso uma maior assertividade a respeito do diagnóstico.
Como é o tratamento do transtorno dissociativo de identidade?
Após o diagnóstico, deve-se iniciar com o processo do tratamento. Medicamentos utilizados para a depressão e ansiedade podem ser úteis para o controle dos sintomas, mas nunca devem ser tomados por conta própria.
O tratamento deve ser prescrito por um profissional de saúde, baseado nos sintomas e outros tipos de transtorno que a pessoa apresente.
Além dos medicamentos, o profissional deve prescrever psicoterapia. Por meio de perguntas e análises, um psicólogo deverá ser capaz de compreender quais são os motivos que fazem o indivíduo a buscar uma fuga por meio de outras personalidades.
Quando isso ficar claro, novas estratégias devem ser tomadas para que o próprio paciente tenha a compreensão disso. Muitas vezes, a compreensão das situações que levaram o paciente a ter TDI são suficientes para que as crises se amenizem ou pelo menos diminuam a frequência.
As terapias para TDI normalmente são individuais, mas a presença da família ou dos grupos sociais do paciente é importante nesse momento. Todos devem compreender que as múltiplas personalidades do indivíduo são problemas psiquiátricos da pessoa e não algo que a pessoa busca ter.
Nesse sentido, tão importante quanto o tratamento por parte do paciente é o apoio familiar.
O transtorno dissociativo de identidade tem cura?
Não. Assim como outros transtornos e distúrbios mentais, o TDI não tem cura.
Por isso, todos os tratamentos do TDI envolvem a redução dos sintomas, fazendo com que eles inclusive sumam de forma temporária. No entanto, sempre deve ficar claro que os sintomas podem voltar no caso de abandono do tratamento por parte do paciente.
Muitos desses sintomas, inclusive, podem voltar de forma ainda mais agressiva.
Psicoterapia
O uso da psicoterapia no tratamento do Transtorno Dissociativo de Identidade atua basicamente em três frentes:
- Identificar e trabalhar com traumas ou abusos passados;
- Aumentar o controle sobre as mudanças repentinas de comportamento da pessoa;
- Mesclar identidades separadas em uma única identidade. Nesse ponto, é importante que as identidades possam ser convergentes.
Uso da Cannabis medicinal no tratamento de transtorno dissociativo de identidade
Atualmente não há estudos robustos que apontem o uso da Cannabis medicinal no tratamento do Transtorno Dissociativo de Identidade. A maior parte dos estudos está ligada a outras doenças e transtornos cujos sintomas têm algum nível de similaridade com o TDI.
Exemplos disso são a Síndrome do Pânico, o Transtorno do Estresse Pós-Traumático, a Ansiedade e a depressão. Todas essas doenças já contam com uma literatura que traz bons níveis de benefícios comprovados no uso da Cannabis ou pelo menos indícios disso.
Um estudo de 2011 mostrou que o CBD é capaz de reduzir a ansiedade e desconforto para falar em público em boa parte das pessoas que têm algum tipo de transtorno de ansiedade social.
Para essa análise, foi feito um teste duplo-cego, onde metade de um grupo de 24 pessoas foi submetido ao tratamento com canabidiol e a outra metade a placebo.
Numa revisão bibliográfica realizada em 2011, descobriu-se que há benefícios no uso da Cannabis medicinal no tratamento de pessoas com o Transtorno de Ansiedade Social Generalizada.
Por meio de escaneamento de imagens do cérebro, os pesquisadores analisaram o fluxo sanguíneo antes e depois da administração de canabidiol. O procedimento adotado envolveu um teste duplo-cego, onde metade recebeu placebo e metade recebeu 400 mg de CBD via oral.
Nas comparações de imagens, o CBD foi associado a uma diminuição significativa dos sintomas da ansiedade. Isso porque, de acordo com as imagens, houve uma mudança nos fluxos exatamente nas áreas cerebrais ligadas à ansiedade.
Isso sugere que o Canabidiol age de forma eficaz fazendo alterações nas áreas cerebrais límbicas e paralímbicas.
Por fim, uma revisão bibliográfica de 2015 envolvendo 49 estudos apontou benefícios consideráveis no uso do canabidiol como ferramenta de tratamento para síndrome do pânico, transtorno obssessivo-compulsivo e transtorno de estresse pós-traumático.
A maior parte desses resultados foi encontrada por meio da administração de CBD por via oral junto aos cuidados psiquiátricos de rotina. Numa amostra total de 11 pacientes, 91% (10) tiveram uma diminuição significativa na gravidade dos sintomas do transtorno após 8 semanas de tratamento.
Não foram relatados efeitos colaterais ou contraindicações, tendo todos os 11 pacientes continuado o tratamento usando CBD.
Outros tipos de transtorno do desenvolvimento intelectual
Existem vários transtornos de desenvolvimento intelectual que podem ocorrer na infância e adolescência de um indivíduo. Boa parte desses transtornos podem perdurar por toda a vida e causar impactos como a dificuldade de aprendizagem.
TDAH
O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é um dos transtornos mais diagnosticados em pacientes pediátricos. Só no Brasil são cerca de 2 milhões de novos casos todos os anos.
Essas pessoas costumam ter mais dificuldade para se concentrar numa só atividade, demonstrando interesse por situações e atividades paralelas. Desde a infância, o TDAH causa problemas na vida da pessoa, pois traz dificuldades na aprendizagem, que podem persistir até à vida adulta e profissional.
O TDAH também tem outros sintomas ou consequências secundárias como a dificuldade em estabelecer vínculos, procrastinação e esquecimentos.
Como conseguir medicamentos à base de Cannabis?
Os medicamentos à base de Cannabis podem ser usados para diversos distúrbios e transtornos psiquiátricos e mentais.
No Brasil, seu uso é legalizado e de acordo com normas da ANVISA, para obtê-los é necessário uma prescrição feita por um profissional de saúde legalmente habilitado.
Porém, a maior parte dos médicos ainda não tem experiência com esse tipo de tratamento.
Mesmo que existam indícios e pesquisas científicas que apontam o baixo nível de efeitos colaterais e contra indicações, muitos deles não se sentem seguros para prescrever tratamentos canábicos.
Pesquisas apontam que as causas para isso envolvem tanto o desconhecimento das pesquisas científicas quanto questões morais.
Por isso, ao buscar um tratamento à base de Cannabis, procure um médico que já faça esse tipo de prescrição. A experiência é fundamental para obter um bom tratamento, pois o médico saberá trazer orientações que permitirão à você se sentir seguro para usar as substâncias canabinoides.
A plataforma de conexão entre médicos e pacientes do Portal Cannabis e Saúde permite encontrar prescritores de Cannabis.
Por lá, você pode buscar um profissional utilizando filtros como especialidade, localização e preço. Com isso, você pode escolher o profissional que melhor se adeque no seu caso e pode agendar a sua consulta.
Agende já a sua consulta com um médico prescritor de Cannabis!
Conclusão
O Transtorno Dissociativo de Identidade é um distúrbio que pode causar problemas na qualidade de vida da pessoa, sobretudo no que diz respeito à convivência com a família e seus grupos sociais.
Por isso, é muito importante que todos estejam envolvidos e entendam bem o tratamento e a condição da pessoa. Na maior parte das vezes, o TDI é causado por algum tipo de trauma na infância.
A necessidade de fuga faz com que a pessoa crie personalidades múltiplas sem perceber.
Os tratamentos envolvem o uso de medicamentos – principalmente ansiolíticos e antidepressivos, além da psicoterapia.
Atualmente não há literatura suficiente que relacione o uso da Cannabis com o tratamento para o TDI. No entanto, médicos podem receitar substâncias como o canabidiol por causa dos seus efeitos no tratamento de outras doenças como a síndrome do pânico, ansiedade e depressão.
Se você busca algum tipo de tratamento que envolva o uso da Cannabis medicinal, procure um médico que tenha experiência nesse tipo de prescrição.