The Burnout Society (A Sociedade do cansaço), é o trabalho que trouxe o filósofo coreano radicado na Alemanha, Byung-Chul Han, à um modo específico de crítica contemporânea. Escrito em 2010, a obra reflete sobre as formas pelas quais o paradigma neoliberal extremo afeta o bem-estar psicológico do indivíduo da modernidade tardia.
O questionamento central do autor reflete como uma sociedade que opera sobre o ser humano a partir de qualidades robóticas como multitasking, velocidade, desempenho, etc, possa ser a causa do fenômeno generalizado das doenças neuronais.
A hipótese
Han pensa a partir de uma categoria hipotética básica: passamos de uma sociedade disciplinar, regida pelo determinismo, hierarquia, horários e rigidez, para a sociedade do desempenho. Segundo o autor:
“A sociedade de hoje não é mais o mundo disciplinar de Foucault de hospitais, hospícios, prisões, quartéis e fábricas. Há muito tempo foi substituído por outro regime, ou seja, uma sociedade de estúdios de ginástica, torres de escritórios, bancos, aeroportos, shopping centers e laboratórios genéticos. A sociedade do século 21 não é mais disciplinar, mas uma sociedade da performance”.
Essa nova modalidade de inter relações sócio- econômicas, se caracteriza por um paradigma oposto: somos agora empreendedores naturais, self made women/men: atendemos não mais às expectativas de instituições, patrões ou outros modos de rigidez hierárquica – antes, internalizamos todo esse pacote e o convertemos em um status quo de cobrança por resultados intermitente.
As consequências
A primeira das consequências mais evidentes desse novo paradigma de produção, é o próprio burnout, não visto apenas como uma categoria nosológica, mas como um novo estado de coisas dentro da sociedade do cansaço.
A mobilidade, o home office, a flexibilidade de horários- todos esses elementos nos trazem uma ambivalência: a liberdade pela não liberdade. Podemos viajar trabalhando – é fato- mas acabamos “trabalhando viajando” quando estamos presos aos recados em redes sociais até às 22 horas de um domingo; podemos operar máquinas à beira da praia, contudo transformamos o ambiente natural em artificial, não interagindo com o mesmo por mais do que um ou dois minutos contínuos; temos maior flexibilidade para encontrar amigos e familiares- mas nunca o fazemos em razão do…. trabalho remoto!
Das alternativas
Apesar de não se tratar de uma obra de autoajuda, Han reflete e aponta em seu texto que o caminho para a ” alforria” da sociedade do cansaço é uma espécie de culto ao tédio, uma adaptação do “dolce far niente” contemporâneo: a apreciação temporal pelo simples ato de fazê-lo: sem previsões, expectativas ou metas.
O fracasso do animal laborans responde à um eixo de expectativas que deixou em segundo plano valores cultiváveis como amizades (não virtuais), contemplação, reflexão crítica e hábitos saudáveis de vida em geral. Nos últimos anos, põe exemplo, a cannabis medicinal tem sido prescrita em conjunto com as psicoterapias para auxiliar no manejo do estresse.
Além disso, práticas como retorno à espiritualidade, racionamento de tempo nas redes, fomento de relação interpessoais e outras, propiciam ao retorno do
estado mais “primitivo” de nossas condições humanas: a felicidade em estado puro e simples- e não embalado e entregue em casa.
Consulte um médico prescritor para uma eventual necessidade do uso de medicina canabinóide para o combate auxiliar ao stress.