Revolta. Foi esse o sentimento da fisiatra Isolda de Araújo quando escutou falar das propriedades medicinais da Cannabis e do funcionamento do sistema endocanabinoide pela primeira vez.
Especialista em fisiatria pela possibilidade de tratar o paciente como um todo, melhorando a função e qualidade de vida da pessoa. Pela recorrência de casos de dor crônica, cursou uma especialização de dor e, só então, após quase uma década de formação, teve seu primeiro contato com a Cannabis medicinal.
“Eu nunca tinha ouvido falar disso. Depois de tanto tempo, eu ouvi falar de um sistema que a gente tem no corpo e nunca aprendi sobre, me deixou eu revoltada”, lembra.
“Para área médica é um absurdo. Você pode não gostar de maconha, mas o sistema endocanabinoide faz parte dos seres humanos e diversos outros. Deveria ter sido, pelo menos, mencionado. A revolta foi nesse sentido.”
“É hipocrisia”
Era o ano de 2018 e logo seus colegas fisiatras também começaram a comentar sobre a possibilidade de utilizar substâncias retiradas da planta de Cannabis para o tratamento de diversas patologias.
“É um recurso terapêutico que dá para ser utilizado, se tiver cuidado, com qualquer faixa etária. Tem indicações de otimizar a reabilitação dos pacientes, a qualidade de vida, que é o foco principal do meu atendimento.”
Como todo bom médico que se depara com uma nova alternativa para tratar seus pacientes, a fisiatra se dedicou a estudar. “Eu comecei a procurar saber o que era. Não sei se não se falava muito porque é maconha, mas para mim é hipocrisia.”
“O grande número de pacientes que atendo são de dor crônica e eu via a possibilidade de melhorar a qualidade de vida ao melhorar a dor.”
Com a chegada da pandemia e a redução do número de pacientes, Araújo decidiu mergulhar de vez nos estudos. Fez cursos, pós graduação, e logo pode começar a receitar. “Tenho ótimos resultados.”
A fisiatra e a Cannabis
Para a fisiatra, o grande diferencial da Cannabis em relação às demais opções terapêuticas de sua especialidade é por agir em diversos sintomas ao mesmo tempo.
“Ela é multialvo. A gente tem receptores em várias partes do corpo e usa um produto fitofármaco só para várias condições.”
“Eu falo de dor crônica porque é 70% dos pacientes que eu atendo atualmente. Doença crônica vem com a questão do humor, ansiedade, depressão, transtorno de sono. O paciente chega no consultório já com 20 medicamentos. Como a Cannabis pode tratar várias coisas, então para o paciente que toma muitos remédios é um ganho.”
“Com a Cannabis eu consigo reduzir a quantidade de opioides e benzodiazepínicos que uma pessoa toma. Para mim foi uma coisa fantástica. Paciente que toma Rivotril por conta do sono e não consegue controlar, usando a Cannabis consegue reduzir esses remédios, que tem mais efeitos colaterais e riscos à saúde, e a pessoa consegue ficar melhor. Para mim é um ganho incrível.”
“Pode até não gostar, mas vai ter que encarar”
Para a fisiatra, já existe literatura científica suficiente para a comprovação da eficácia do tratamento com Cannabis. “Eu atualmente eu acho uma grande hipocrisia essa questão de ficar discutindo se funciona ou não funciona. Já tem uma literatura robusta falando da segurança.”
“Tem mais estudos saindo a respeito de eficácia em determinadas patologias, mas precisa melhorar regulamentação para poder ter mais estudos com o desenho que a academia pede. Atualmente o pessoal tem que tirar leite de pedra para fazer pesquisa.”
Há quase três anos trabalhando com a prescrição de Cannabis, a médica acredita que cada vez menos seus colegas poderão negar a indicação do medicamento para os pacientes.
“Os médicos tem que estudar. Não pode ter uma opinião formada só porque é maconha. As pessoas têm que se informar sobre essa que é uma possibilidade terapêutica. Um tratamento válido, com muitos resultados e segurança, porque já tem muita literatura que demonstra isso.”
“Você pode até não gostar, mas vai ter que encarar a Cannabis como uma possibilidade de tratamento aos pacientes.”
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