O tratamento para glaucoma envolve a utilização de colírios, medicamentos e cirurgias corretivas. O uso de medicamentos à base de substâncias da Cannabis também têm despontado como uma alternativa promissora.
O glaucoma é um dos grupos de doenças oculares mais comuns tanto no Brasil quanto no mundo. Estima-se que apenas no país, cerca de 150 mil diagnósticos sejam feitos todos os anos nesse tipo de doença.
O glaucoma é caracterizado por ser causado por danos ao nervo óptico. O nervo óptico é a estrutura corporal responsável por conectar o olho ao cérebro, que faz a formação e identificação das imagens.
Para fazermos uma analogia: imagine que você está vendo uma televisão e o cabo interno dela, responsável por formar as imagens, é cortado. A televisão continuará ligada e funcionando, provavelmente com som e outras características, mas a imagem não aparecerá (ou aparecerá com defeitos).
O mesmo ocorre com pacientes de glaucoma: esses danos ao “cabo” que é o nervo óptico podem levar a visões embaçadas, turvas ou até mesmo à cegueira total.
Assim como outras doenças oculares (a catarata é um exemplo), o seu aparecimento se dá de forma prevalente em idosos. Os olhos dos idosos têm uma maior presença de fluído na parte frontal e isso pode aumentar a pressão, rompendo ou danificando o nervo.
Embora esse grupo de doenças não tenha cura, há uma série de tratamentos para ele. Em alguns casos, o médico oftalmologista pode recomendar o uso de cirurgias oculares à laser ou medicamentos sob prescrição.
Em muitos casos, essas estratégias trazem uma melhora na condição da visão dos pacientes com glaucoma.
No entanto, em outros casos, é preciso buscar alternativas mais eficientes e, com isso, o tratamento auxiliar com o uso da Cannabis medicinal tem despontado como uma excelente alternativa.
Neste artigo, nós do PORTAL CANNABIS & SAÚDE trouxemos para você, detalhes sobre o tratamento para glaucoma mais tradicional e essa nova alternativa.
No conteúdo desse texto, você vai encontrar informações a respeito de:
- O que é o glaucoma?
- Tratamento para glaucoma: Confira as opções de tratamento
- Existe um tratamento natural para glaucoma?
- Cannabis medicinal auxilia no tratamento do glaucoma?
- Dúvidas frequentes sobre o glaucoma
Continue lendo e descubra sobre esses pontos e mais!
O que é o glaucoma?
O glaucoma é uma das condições mais comuns em doenças oculares. A sua causa mais comum é o acúmulo de fluido lacrimal e sujeira na parte frontal do olho, que aumenta a pressão interna e traz problemas e danos aos nervos ópticos.
Os nervos ópticos são estruturas que ligam o olho às estruturas cerebrais. Através desses nervos é que se dá a formação de imagens de uma pessoa.
Sintomas do Glaucoma
O glaucoma por si só não tem nenhum tipo de sintoma exclusivo que permite o diagnóstico imediato. No entanto, com o passar dos anos, pode-se perceber uma deterioração da visão.
Essa deterioração começa dos cantos para o centro do olho, fazendo com que muitos só percebam o avanço da doença depois de muito tempo. Isso também faz com que a visão periférica fique prejudicada.
Nesse aspecto, uma pessoa pode enxergar de forma praticamente perfeita alguém que está à sua frente, mas não quem está passando ao seu lado. Isso traz complicações ao dia-a-dia, visto que a pessoa não consegue perceber muitas coisas que acontecem ao seu redor.
Por isso, muitos têm que adaptar condições e ambientes de trabalho, colocando a maior parte das coisas relevantes exatamente à sua frente e não aos lados.
É muito comum que o glaucoma apareça em pacientes idosos, embora seu início possa se dar mesmo em faixas etárias anteriores. Muitas pessoas relatam ter tido uma perda progressiva da visão a partir dos 40 anos.
Entre os sintomas de glaucoma, há também relatos dos seguintes sinais:
- Dores oculares intensas;
- Dor de cabeça frequente sem nenhuma outra causa aparente;
- Náuseas e vômitos;
- Vermelhidão nos olhos e em regiões adjacentes (pálpebras, por exemplo);
- Visão turva, embaçada ou escurecida;
- Visualização de anéis ao redor de pontos iluminados como lâmpadas, faróis e leds.
Tratamento para glaucoma: Confira as opções de tratamento
O tratamento para glaucoma normalmente é feito com o acompanhamento do oftalmologista, que receita as seguintes opções:
Tratamento do glaucoma com o uso de laser
O uso do laser no tratamento de doenças e problemas oculares já é bastante conhecido e traz eficácia em boa parte das vezes.
Um exemplo é a trabeculoplastia seletiva a laser, usada para pacientes com glaucoma de ângulo aberto.
O tratamento a laser do glaucoma consiste em utilizar um pequeno feixe do laser que é capaz de abrir canais entupidos na malha trabecular.
Através disso, ele escoa o fluido para fora da parte frontal do olho, evitando que a pressão interna aumente.
O laser atua como se fosse uma espécie de “rodo”, que leva o fluido problemático para um “ralo”, onde há a eliminação desse líquido.
O tratamento para glaucoma com colírios e medicamentos
O uso de medicamentos e colírio para glaucoma também pode ser indicado pelo oftalmologista. Estes podem ajudar a minimizar a pressão intraocular (PIO), diminuindo a quantidade de fluido produzido no olho ou aumentando o fluxo do fluido.
Alguns dos colírios e medicamentos mais comuns usados para tratar o glaucoma são:
- Colírios de prostaglandina: Estes são os colírios mais comuns usados para tratar o glaucoma. Eles funcionam aumentando o fluxo de fluido para fora do olho;
- Colírios betabloqueadores: estes colírios funcionam reduzindo a produção de fluido no olho;
- Colírios alfa-adrenérgico: esses colírios funcionam diminuindo a quantidade de fluido produzido no olho e aumentando o fluxo para fora do olho;
- Colírios anidrase carbônica: estes colírios funcionam aumentando o fluxo de fluido para fora do olho;
- Colírios de pilocarpina: estes colírios funcionam aumentando o fluxo de fluido para fora do olho;
- Gotas orais de carbonato de cálcio: estas gotas funcionam aumentando o fluxo de fluido para fora do olho;
- Brimonidina: este colírio funciona reduzindo a produção de fluido no olho;
- Dorzolamida: este colírio funciona diminuindo a quantidade de fluido produzido no olho e aumentando o fluxo para fora do olho.
Tratamento para glaucoma por cirurgia
A cirurgia de glaucoma é um tratamento opcional para aqueles que não estão respondendo bem a outros tipos de tratamento ou para aqueles com glaucoma avançado.
Cirurgias de glaucoma podem ajudar a diminuir a PIO de várias maneiras diferentes, dependendo do tipo de cirurgia.
As cirurgias de glaucoma mais comuns são:
- Trabeculectomia: esta cirurgia envolve a remoção de uma pequena porção da íris para permitir que o fluido seja drenado para fora do olho;
- Trabeculoplastia: esta cirurgia envolve o uso de um laser para aumentar o fluxo de fluido para fora do olho;
- Implante de drenagem: esta cirurgia envolve a colocação de um tubo no olho para permitir que o fluido seja drenado para fora.
Cannabis medicinal auxilia no tratamento do glaucoma?
Por ajudar a diminuir a pressão ocular e promover a saúde no nervo óptico, a Cannabis vem se tornando uma alternativa viável para tratar os sintomas do glaucoma.
Estudos que apontam benefícios da Cannabis para glaucoma
Uma revisão publicada no Brazilian Journal of Health Review aponta que a Cannabis pode tratar o glaucoma.
De acordo com a publicação, os canabinoides, tanto por via oral, aplicação tópica ocular ou aspirados, reduzem a pressão intraocular e tem o potencial de se tornar uma opção para o tratamento do glaucoma.
No estudo Cannabinoids in glaucoma II: The effect of different cannabinoids on intraocular pressure of the rabbit, trinta e dois canabinóides diferentes foram testados quanto à sua capacidade de reduzir a pressão intra-ocular (PIO) em coelhos.
Estes incluíam muitos dos derivados e metabólitos Δ9 e Δ8 -THC juntamente com outros canabinóides naturais e sintéticos. Além disso, alguns componentes não canabinoides da Cannabis foram testados usando o mesmo modelo.
Todos os compostos foram administrados por via intravenosa, enquanto apenas alguns poucos foram testados topicamente em óleo mineral. Os derivados hidrossolúveis de Δ9- e Δ8-THC foram preparados e testados topicamente em solução aquosa.
Os dados revelaram que certos derivados de Δ9- e Δ8-THC foram mais ativos na redução da PIO do que os canabinoides de origem. Além disso, outros compostos além de Δ9- e Δ8-THC e seus derivados mostraram ter atividade.
No estudo Cannabinoids in the Brain: New Vistas on an Old Dilemma mostra que evidências crescentes sugerem que a modulação do sistema endocannabinoide pode atuar no tratamento do glaucoma.
A administração de canabinoides em modelos experimentais pode diminuir a PIO e reduzir a perda de células ganglionares da retina, possivelmente por mecanismos independentes.
Novas estratégias terapêuticas, incluindo modulação alostérica e inibição da quebra do endocanabinoide, podem aumentar os efeitos terapêuticos observados com a administração direta de canabinoides.
Entretanto, ainda falta uma melhor compreensão dos componentes do ECS, sua expressão tecidual específica e o papel funcional do ECS ocular.
Estas informações continuam sendo essenciais para avançar na identificação de novos alvos de medicamentos ECS para evitar a perda de células da retina.
Como é feito o tratamento auxiliar por meio da Cannabis medicinal?
O tratamento do glaucoma com a cannabis pode ser feito de diferentes maneiras. Isto é, a melhor opção depende da adaptação do paciente.
Uma delas é a via oral, por meio de óleos, que são ingeridos por via sublingual. Outro uso possível é tópico, como um colírio para pingar nos olhos.
No entanto, esse tipo não está disponível no mercado brasileiro nem tem autorização da ANVISA para isso.
Vale lembrar ainda, que o risco de efeitos colaterais é bastante reduzido em comparação a outros tipos de terapia convencionais.
Onde buscar ajuda para tratamento à base de Cannabis Medicinal?
Tanto a compra quanto a importação de produtos canábicos para fins medicinais pode ser feita sem grandes entraves burocráticos.
Hoje uma das únicas exigências a respeito, é que o paciente deve contar com uma prescrição feita por um profissional habilitado para prescrição de tratamentos de saúde.
Porém, boa parte dos médicos brasileiros ainda não conhecem de maneira suficiente os benefícios da Cannabis medicinal.
Nesse sentido, nem sempre é fácil encontrar um médico que tenha experiência com esse tipo de tratamento, sendo necessário buscar de forma mais minuciosa esses profissionais.
O caminho mais rápido para agendar uma consulta com um médico com experiência em tratamentos à base de Cannabis é por meio da plataforma de conexão da Cannabis e Saúde.
Nela, conectamos médicos prescritores de cannabis e pacientes que estejam em busca de tratamento.
Você pode realizar o agendamento com médicos em todo o Brasil, selecionando-os de acordo com a sua especialidade, patologia, atendimento por planos de saúde ou via telemedicina.
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Dúvidas frequentes sobre o glaucoma
O que uma pessoa com glaucoma não pode comer?
Há alimentos que as pessoas que vivem com glaucoma devem evitar, como os que que contribuem para a síndrome metabólica, obesidade, anormalidades da pressão arterial e diabetes.
Esses alimentos são fatores de risco para glaucoma primário de ângulo aberto (GPAA). Portanto, uma dieta que ajuda a manter a pressão arterial e as concentrações de glicose no sangue normais ajuda a reduzir o risco substancial de glaucoma.
Sendo assim, é importante evitar alimentos que possam aumentar a pressão ocular, como café, chá, chocolate e bebidas alcoólicas.
Dietas ricas em carboidratos também foram correlacionadas a um maior risco de glaucoma, enquanto uma menor ingestão de carboidratos está correlacionada a um risco menor.
Quem tem glaucoma pode fazer esforço físico?
Sim. Inclusive, as atividades e exercícios físicos são uma boa forma de controle da doença. A prática de exercícios físicos em intensidade moderada pode reduzir a pressão intraocular. Com isso, pode-se reduzir as chances de agravamento da doença.
No entanto, tanto o sedentarismo quanto os esforços em excesso devem ser evitados, visto que podem causar agravamentos no quadro de glaucoma.
Exemplos de atividades físicas que podem ser prejudiciais são aquelas que exigem muito esforço físico contínuo (sem descanso) ou que façam você ficar de cabeça para baixo.
Nesse sentido, pessoas em tratamento de glaucoma devem evitar situações que exijam muito fôlego (tocar instrumentos de sopro e esportes como o ironman).
Também devem ser evitadas atividades que façam o paciente se colocar em situações de risco e de cabeça para baixo como paraquedismo, bungee jump ou mesmo certos exercícios de pilates.
Quais são os melhores alimentos para quem tem glaucoma?
Pessoas que têm glaucoma precisam estar atentas à sua alimentação. Afinal, da mesma forma que há alimentos prejudiciais, há outros que atuam em favor do paciente.
Algumas vitaminas e nutrientes são importantes para manter a saúde ocular. Entre as principais substâncias nesse sentido estão as vitaminas A, C, E e o Zinco.
Outras substâncias importantes são a luteína e os ácidos graxos ômega-3 e ômega 6, que podem ser encontrados principalmente em peixes e frutos do mar.
Os melhores alimentos para quem tem glaucoma são exatamente os que tem esses nutrientes. E nisso, podemos destacar:
- Cenoura;
- Proteínas naturais (ovos e carnes);
- Peixes;
- Frutas cítricas (laranja, acerola, maracujá, abacaxi, limão);
- Alho;
- Sementes e oleaginosas;
- Alimentos ricos em zinco (ex: feijão, semente de abóbora e etc).
Muitos desses nutrientes encontrados nos alimentos são importantes na prevenção da degeneração macular e também na prevenção de outras doenças oculares como a catarata.
O ideal é que o consumo seja feito de modo natural e não por meio de suplementos vitamínicos. Mesmo que você não goste, o ideal é que a sua dieta esteja equilibrada e contenha frutas, legumes, cereais, sementes e proteínas.
Isso garantirá não só um melhor nível de saúde ocular como também uma melhor saúde no geral.
O que pode piorar o glaucoma?
Alguns hábitos do dia-a-dia e doenças adicionais (mesmo não relacionadas) podem trazer piora ao quadro de glaucoma.
Os principais motivos que podem levar a uma piora do glaucoma são:
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- Não seguir o tratamento médico recomendado: alguns pacientes utilizam os colírios e medicamentos de forma inadequada (ou não usam). Isso pode fazer com que o quadro de glaucoma evolua e traga ainda mais efeitos adversos para a vida da pessoa.
- Paciente realizando automedicação: cada caso é um caso. E para o glaucoma isso é uma verdade absoluta. Se você conhece alguém que teve glaucoma e melhorou utilizando algum tipo de remédio ou colírio, isso não garante que você irá melhorar também. Há diferentes tipos de glaucoma e obviamente, também há diferentes tipos de tratamento para a doença.
- Sedentarismo ou esforço excessivo: Como dissemos anteriormente, ambas as condições são capazes de agravar a doença. Por isso, realizar atividades físicas em ritmo moderado e que estejam de acordo com o grau da sua doença é importante para não trazer mais um fator agravante. Não fazer atividades pode fazer com que a pressão intraocular seja ainda maior, pela concentração de fluido externo.
- Doenças e condições de saúde adicionais: Fatores como a hipertensão e a diabetes podem aumentar as chances de uma pessoa ter glaucoma. Quando ambas as condições estão presentes de forma conjunta, o risco aumenta ainda mais.
- Tenha atenção ao estresse e às condições de estresse a que você está submetido: é muito comum que fatores do trabalho e da vida cotidiana causem estresses. No entanto, o estresse pode ser muito prejudicial, pois provoca a produção de certas substâncias que geram respostas corporais. Um exemplo disso é que o estresse aumenta a pressão arterial e dilata a pupila.
Como é a visão de uma pessoa que tem glaucoma?
A verdade, no entanto, é que isso depende de dois fatores. Em primeiro lugar, qual o tipo de glaucoma que acomete uma pessoa; em segundo lugar, qual é o estágio da doença.
Por exemplo, uma pessoa com glaucoma de ângulo aberto, de início, tem a visão normal. No entanto, uma pessoa com glaucoma avançado pode até mesmo estar completamente cega.
O sintoma mais comum, contudo, é a perda do campo visual. Como a visão central fica mais preservada até as últimas fases da doença, o normal é que o paciente demore a perceber que está perdendo a visão periférica.
Por outro lado, é possível notar a perda do campo visual ao encontrar dificuldade para dirigir, assim como em esbarrões e tropeços que se tornam frequentes.
Conclusão sobre tratamento para glaucoma
O glaucoma, ainda nos dias de hoje, é uma doença que suscita uma série de dúvidas. Ainda não se sabe qual a sua causa, ainda que se saiba que alguns grupos são mais propensos a desenvolvê-la.
Pessoas que possuem histórico familiar da doença, acima dos 60 anos, negros, que tenham hipermetropia, diabetes ou hipertensão, por exemplo, segundo o Ministério da Saúde, devem estar atentos.
Ter uma rotina saudável, com a prática de exercícios físicos e uma boa alimentação, são regras gerais.
Contudo, é importante destacar a evolução dos estudos que relacionam o tratamento com a cannabis medicinal a uma melhora na qualidade de vida dos pacientes.
A expectativa, além disso, é que surjam mais certezas no decorrer dos anos, com mais avanços às pessoas que tratam a doença.