Selecionamos nesta matéria tudo que você precisa saber sobre Cannabis e lactância. Como o período de amamentação é uma fase de intensa conexão entre mãe e filho, e é determinante no desenvolvimento dos bebês, é importante que as mães estejam tranquilas em relação aos tratamentos que realizam. Além disso, sabe-se que algumas substâncias, como o ácido acetilsalicílico, não devem ser usadas durante a lactação.
Mas e as mães que fazem tratamentos com Cannabis? Sejam os óleos medicinais ou o uso adulto, as pesquisas sobre o uso da Cannabis durante o aleitamento materno ainda não são consistentes em suas conclusões. E, escrevo por experiência própria, sempre deixam uma dúvida sobre a segurança para os bebês, indicando assim a suspensão do uso por pelo menos os primeiros seis meses de amamentação.
Porém o que fazer quando a Cannabis é o único tratamento que resolve alguma condição desagradável durante a amamentação?
Para a pediatra Vanessa Matalobos a resposta é simples: usar Cannabis é seguro e as mães podem manter o tratamento com a planta.
Leite materno tem cannabinoides
“Minha avaliação pessoal consiste em achar que se o leite materno realmente tem canabinoides não tem como a planta de forma recreativa, ou através medicamento, trazer algum dano ao bebê”, opina a Dra. Vanessa.
Hiperêmese gravídica e o tratamento com Cannabis
Neste sentido de apoiar o uso da Cannabis durante a amamentação e a lactância, a Dra. Vanessa relatou sua experiência pessoal como usuária da Cannabis durante seu período de amamentação e também o caso de sua filha: “Há 1 ano minha filha mais velha ficou grávida de gêmeos e tinha uma hiperêmese gravídica (vômitos incoercíveis) que nenhum medicamento alopático cessava. E só a Cannabis resolveu. Hoje elas já estão completando 1 ano e são super saudáveis e normais”.
A experiência de Maya Elisabeth
Frente a tantas dúvidas sobre como o uso da Cannabis pode ou não impactar o desenvolvimento do bebê durante a amamentação, a empreendedora do setor da Cannabis medicinal, Maya Elisabeth, resolveu enviar para um laborátório seu próprio leite.
Basicamente, Maia já trabalhava diretamente com laboratórios da Califórnia, o que facilitou o envio do seu leite.
Derivados da Cannabis não foram detectados no leite de Maia
Os resultados do leite de Maia “não foram detectáveis” para todos os compostos derivados da Cannabis.
“Recebi tantos comentários e foram todas as pessoas marcando novas mães. É uma crença tão comum que de que de alguma forma é prejudicial fumar maconha quando você está amamentando, mas na verdade não há dados para apoiar isso. Ter acesso a um laboratório onde podemos testar nosso próprio corpo, isso é libertador”, disse Maia em uma reportagem após postar em suas redes o resultado do exame.
Estudos recomendam a abstenção do THC durante a gestação e lactância
Mesmo com o relato de Maia, não podemos deixar de citar este estudo realizado em 2021, que indicou que o THC pode sim ser detectado no leite materno em mães que usaram Cannabis durante a gestação.
“As diretrizes recomendam a abstinência do uso de Cannabis durante a gravidez e lactação, com dados limitados sobre a presença de THC no leite materno. Nosso objetivo foi estimar a quantidade e a duração da excreção de THC no leite materno entre mulheres com uso pré-natal conhecido de Cannabis”, concluiu o estudo.
Uso de Cannabis entre mulheres grávidas aumentou nos últimos anos nos EUA
Recentemente este estudo indicou que nos Estados Unidos, especificamente na Califórnia, o uso de Cannabis entre mulheres grávidas aumentou e foi ainda mais intensificado durante a pandemia de Covid-19.
Os relatos da grávidas estavam associados a tratamentos com Cannabis para alívio do estresse e ansiedade. O estudo concluiu que “o uso pré-natal de Cannabis está associado a riscos à saúde, incluindo baixo peso ao nascer do bebê e efeitos potenciais no neurodesenvolvimento da criança. Os médicos devem educar as mulheres grávidas sobre os danos do uso pré-natal de Cannabis, apoiar as mulheres a parar e fornecer recursos para redução do estresse”.
Princípio da segurança prevalece durante o pré-natal e lactância
Igualmente neste sentido de recomendar a precaução devido à falta de pesquisas que evidenciem segurança no uso da Cannabis, tanto no período pré-natal como durante a amamentação, a American Academy of Pediatrics e o American College of Obstetricians and Gynecologists publicaram um consenso que recomenda a abstinência de todos os produtos derivados da Cannabis durante a gravidez e lactação.
Já este estudo do Uruguai, concluiu que os efeitos do consumo de cannabis durante a gravidez não são conclusivos: “embora haja evidências crescentes de que o consumo possa estar relacionado a alterações no nascimento, como baixo peso ao nascer e dano ao desenvolvimento neurológico até os estágios da infância e adolescência tardias. Não foi encontrada relação com outros indicadores, como mortalidade perinatal e nascimentos pré-termo. Os estudos analisados apresentaram várias fragilidades, principalmente autorrelato e incertezas e confusão em relação ao consumo de outras substâncias. Até agora, temos evidências suficientes para adotar um princípio de precaução e recomendar contra o uso de cannabis durante a gravidez e a lactação”.
Importância do respeito à decisão de cada mãe
Cabe a cada mãe decidir junto ao seu médico se irá seguir com seus tratamentos com Cannabis ou não durante a gestação e lactância. Como vocês podem ver, minha gestação se desenvolveu em meio a um pequeno cultivo de Cannabis no Uruguai. Embora tenha tido contato direto com a planta, a minha decisão foi de pausar o uso de óleos de Cannabis. E também de qualquer outra maneira de uso durante a gestação.
É necessário também entender que um médico pode autorizar a uma mãe uma taça de vinho durante a lactância. Mas proibir qualquer uso de produtos à base de Cannabis. Isto se dá devido aos tabus que ainda existem em relação à Cannabis. Fato é que o acompanhamento médico é imprescindível para as mães tomarem suas decisões durante estas fases tão especiais.
Por fim, também relato que a minha pausa do uso da Cannabis segue vigente durante a amamentação. Apenas uma vez utilizei um óleo de Cannabis de uso tópico para aliviar uma forte dor nas costas. Minha expectativa é que após os seis meses do bebê irei lentamente voltar aos meus tratamento com Cannabis medicinal.
Agende sua consulta com médicas e médicos prescritores de Cannabis medicinal
É fundamental o acompanhamento médico durante o período pré-natal e após o nascimento do seu bebê. E se você optou por utilizar produtos com canabinoides e tem dúvidas sobre os usos, na nossa plataforma de agendamentos é possível marcar uma consulta com um dos nossos profissionais especializados que podem te orientar de maneira séria e com vigor científico.