Afinal, essa substância era cercada de muito estereótipo e preconceito, sendo considerada um psicotrópico de uso proibido e que nada tinha a ver com saúde e desporto. Pois bem, os tempos mudaram, e os países considerados desenvolvidos, como o Canadá, Estados Unidos e outros muitos do velho continente, passaram a reconhecer os verdadeiros benefícios trazidos por essa planta tantas vezes discriminada.
Foram eles que deram os primeiros passos em busca do conhecimento bioquímico e farmacológico de seus derivados. E fizeram do seu cultivo um importante aliado para suas economias, assim como uma alternativa medicinal e industrial, tanto na área têxtil, cosméticos, gastronômica e agora no esporte.
E para nossa surpresa, as barreiras preconceituosas foram então quebradas. Este fato se deve muito ao uso empírico por parte de atletas amadores, que ao fazer uso da Cannabis (seja na forma inalada ou através do óleo) constataram na prática seus reais benefícios no esporte, tanto na utilização dela em fases de treinamento, assim como em fase de competições e descanso. Se não fosse por esses entusiastas e amantes do esporte dificilmente alcançaremos o conhecimento hoje adquirido sobre a influência da Cannabis no exercício físico.
Lista de benefícios
Os principais benefícios alegados por aqueles que experimentaram o seu consumo durante a atividade física, já estão mais do que enraizados e comprovados. E a lista de seus atrativos é grande, e podemos listar os mais importantes abaixo:
- Como o potencial de recuperação muscular no pós-treino (aumento da vascularização muscular periférica, com aumento da oxigenação local)
- A melhora da qualidade do sono e da higiene do sono (sono não pausado, profundo e restaurador; maior facilidade de pegar no sono);
- Melhora no padrão alimentar (alguns componentes da Cannabis podem aumentar o apetite, como o THC e outros podem ajudar na saciedade, como o CBD)
- O controle da ansiedade e depressão (sabe-se que tanto os endocanabinoides como fitocanabinoides, são potentes moduladores dos diversos neurotransmissores do sistema nervoso central);
- A diminuição nos episódios de lesões (com a melhora da vascularização muscular e articular assim como relaxamento dessas estruturas, a chance de lesões são minimizadas)
- Broncodilatadores (os canabinoides em geral são broncodilatadores potentes, aumentam a oxigenação a nível broncoalveolar, melhoram a captação de oxigênio e geração de energia-atp)
- Melhora do foco intratreino. Sabe-se que o THC, em doses adequadas, antes do seu feito psicotrópico ficar pronunciado, melhora a sensibilidade dos diversos sentidos básicos e aumenta a concentração na atividade e o foco. Com isso, o atleta melhora a execução do gesto esportivo, o que traz melhores resultados.
- São importantes anti-inflamatórios e analgésicos naturais (e isso faz o atleta diminuir o uso de medicações alopáticas, carregadas de efeitos adversos já conhecidos).
O CBD tem um papel importante na modulação da inflamação, enquanto o THC é um ótimo analgésico. Já sabemos dos seus benefícios no esporte e em outras áreas, mas será que os derivados da cannabis não podem também trazer prejuízos importantes ao nosso organismo?
Pois bem, partindo do principio que o nosso próprio corpo produz substâncias análogas ao da planta (os endocanabinoides anandamida e 2AG, por exemplo) e que estes são importantíssimos no equilíbrio e homeostase dos nossos diversos sistemas, deixa claro que o impacto negativo do seu uso não parece ser tão importante.
Além de que, os efeitos adversos experimentados pelos seus usuários são brandos e de pouca relevância. Já foi confirmada através de estudos robustos, que durante a atividade física ocorre um aumento expressivos dos endocanabinoides no plasma sanguíneo, o que corrobora sua importância durante a prática de esporte.
Sem falar que, a presença de receptores endógenos de canabinoides nos diversos sistemas, prova sua importância no organismo como um todo.
Agora a pergunta que não quer calar: o uso da Cannabis em ambiente competitivo poderia ser considerada uma forma do atleta ter vantagem em relação aos seus adversários?
Estaria ele se beneficiando em relação aos outros de forma injusta? Isso não seria uma espécie de doping? A resposta seria sim e não.
A WADA (Agência Mundial Antidoping) não aceita o uso do THC, pois alega que os seus efeitos alteram os sentidos do atleta, e isso poderia trazer de alguma forma vantagem competitiva. Por isso, nas últimas olimpíadas, foi liberado apenas a substância CBD isoladamente, sem os outros canabinoides.
Por outro lado, grandes ligas esportivas já liberam o uso de todos os derivados da Cannabis, como é o caso da NFL, NBA e UFC.
E o atleta amador, ou mesmo o praticante de atividade física do cotidiano? Teria benefícios de seu uso, mesmo não participando de competições?
A resposta é de que estes atletas, por não terem de passar por exames antidoping, se beneficiaram até mais do que atletas profissionais. Pois podem experimentar compostos mais completos e com todos os elementos da planta. Assim o uso de Cannabis Broad – spectrum e full spectrum podem fazer parte de sua rotina, assim como doses mais elevadas de THC (com a devida orientação e prescrição médica, é claro).
Concluímos com isso, que o uso da Cannabis durante a prática de atividade física (seja amadora ou profissional) só traz benefícios aos seus adeptos, muito pelo contrário do que se acreditava no passado. E que, após vencer barreiras e preconceitos, essa planta e seus derivados estão cada vez mais inseridos nas nossas vidas, para o bem da medicina, do bem estar e agora dos esportes.