Segundo a Médica Dra. Renata Areosa, o aleitamento materno é um dos maiores legados relacionados à saúde que podemos passar para os nossos filhos. Mas você sabe qual é a relação da Cannabis com o leite materno?
Cannabis e o leite materno
Primeiramente, para entender a relação entre leite materno e Cannabis, é necessário esclarecer que o leite materno contém endocanabinoides, que são compostos semelhantes aos canabinoides encontrados na planta de Cannabis. Os endocanabinoides são produzidos naturalmente pelo corpo humano e desempenham um papel importante em diversos processos fisiológicos, incluindo a regulação do apetite, sensação de dor, humor e memória.
“Temos endocanabinoides, produzidos pelo nosso organismo. Conforme a nossa necessidade são gerados, liberados para o leite materno e levado para os bebês através do leite materno”
Portanto, como acontece em muitos casos, as substâncias que são extraídas da Cannabis são, também, excretadas pelo leite materno e, consequentemente, ingerida pelos pequenos durante a alimentação.
Escrever sobre o uso de Cannabis medicinal já é delicado. Escrever sobre Cannabis durante a amamentação é ainda mais complexo. O tópico suscita muitas dúvidas, tabus e preocupações. E as informações sobre os efeitos dos canabinoides no bebê que está sendo amamentado ainda são limitadas e muitas vezes inconclusivas, o que torna a discussão ainda mais difícil. Experiências empíricas também podem contar a favor ou contra o uso.
“Como paciente de dor crônica, usava um óleo full spectrum para minhas hérnias de disco. Mas, quando descobri a gravidez, eu descontinuei o uso pelos riscos. Na fase do aleitamento materno, sabemos que os canabinoides passam pelo leito e há a orientação de não usar. Isso porque a criança está com o sistema nervoso central e o sistema endocanabinoide em pleno desenvolvimento. E, se entramos com canabinoides exógenos, eles podem interferir neste desenvolvimento. Até o dia de hoje, as referências indicam que não podemos fazer uso dos fitocanabinoides enquanto estamos amamentando”, pontua a médica.
Sendo assim, o ideal é não fazer nenhum tipo de uso de Cannabis durante a amamentação. Isso porque, como outras medicações, a Cannabis pode impactar a saúde dos bebês
Pessoalmente, decidi suspender o uso da planta, e seus derivados, durante ambas as gravidezes. Igualmente, no período de amamentação. Na primeira gestação, só voltei a contar com os benefícios terapêuticos da Cannabis para o controle da ansiedade após dez meses do bebê. O uso era esporádico, apenas em momentos de extrema necessidade, sempre com acompanhamento médico e utilizando flores da quais eu sabia a procedência.
CBD também deve ser descontinuado? “Sim, há casos e casos, mas o ideal é descontinuar”
Segundo a médica, a maioria dos especialistas recomenda que o CBD, assim como outros produtos à base de Cannabis, seja descontinuado durante a amamentação. Isso ocorre porque ainda há muitas incertezas sobre os efeitos do CBD no bebê que está sendo amamentado. Ou sejaEm outras palavras, o CBD pode passar para o leite materno e, consequentemente, para o bebê.
Veja a entrevista com a Dra. Renata Areosa
Cannabis para lactantes
Por outro lado, há várias razões que levam gestantes e lactantes a utilizar produtos derivados da planta, como depressão pós-parto, dores, estresse, ansiedade ou condições mais graves como epilepsia e hiperêmese gravídica. Porém, ainda não há consenso entre a comunidade médica e científica sobre esse assunto.
A recomendação é sempre consultar um profissional experiente e atualizado, que possa orientá-la da melhor forma possível
Assim, vocês poderão juntos avaliar os prós e contras do uso de Cannabis durante a amamentação. Embora algumas pesquisas associem o uso da planta a riscos para a saúde do bebê, outras não encontraram problemas no desenvolvimento da criança.
É através do leite materno que garantimos uma maior imunidade ao bebê
Os benefícios imunológicos que o leite materno proporciona à criança, com uma variedade de componentes, ajudam a fortalecer o sistema imunológico. E também a protegê-lo contra infecções e doenças.
“O ganho de peso é possível alcançar com uma fórmula, mas a ligação do bebê com a mamãe não. O aleitamento materno é um grande provento. É difícil e dolorido. Mas persistam, pois, realmente, para quem consegue, vale a pena”, destaca Dra. Renata.
Segundo dados do Ministério da Saúde, o aleitamento materno é capaz de diminuir em até 13% a morte de crianças menores de 5 anos por causas preveníveis. Isso revela o impacto que a amamentação tem na redução da mortalidade infantil. Outro ponto fundamental é que simplesmente não existe outra estratégia capaz de alcançar esse feito. Fato é que amamentar é muito mais que alimentar um bebê.
Desafios de amamentar
Com um bebe em casa, vivo diariamente a força e os desafios de amamentar. E há que se dizer: é realmente um privilégio alimentar o filho direto do próprio peito, mas nem tudo são flores nestes momentos.
Além do puerpério e das mudanças hormonais, muitas mães sofrem com a amamentação e simplesmente não conseguem seguir com a prática. E com estas mães a empatia deve ser soberana.
“Só vemos como é difícil amamentar quando somos mães. Tive mastite e fiz laser na hora de amamentar. Só quando passamos por isso entendemos que amamentar vai muito além do querer. Às vezes, as mães não conseguem e está tudo bem. É importante acolher e dizer que elas podem fazer isto de outra forma e ter momentos íntimos com os filhos”, conclui Dra. Renata.
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