Em um espaço de apenas 26 anos — entre os anos de 1990 e 2016 —, aconteceu um aumento de 117% nos casos de demência em todo o mundo, atingindo a marca de mais de 40 milhões de pessoas. No mesmo período, o número de mortes pelo problema subiu 148%. São números bem expressivos, não é mesmo?
Você sabia que a demência não é uma doença, mas sim um grupo de alterações com funcionamento parecido? Em nosso bate-papo de hoje, falaremos sobre esse assunto e vamos tirar as suas dúvidas sobre o funcionamento desse problema e as estratégias utilizadas para o tratamento nesses casos.
Continue a leitura e descubra quais são os medicamentos para demência, os seus sintomas e entenda, também, qual é o papel da Cannabis Medicinal em todo esse processo.
O que é a demência?
Demência é o termo técnico para designar um grupo de patologias que têm características semelhantes. A principal delas é o dano às células nervosas, o que faz com que essas sejam enfermidades neurodegenerativas, ou seja, que se agravam à medida que o tempo passa.
Além disso, as demências podem ser vistas como um quadro. Há doenças, mesmo que não sejam ligadas ao sistema nervoso, que geram sintomas de demência. Sendo assim, ela pode ser lida como uma consequência de alguns tipos de patologias.
Quais problemas de saúde fazem parte desse grupo?
Agora, é hora de conhecer algumas das alterações que são enquadradas no grupo das demências. Confira!
Demência senil
A demência senil é uma exclusividade do paciente idoso. Ela acontece de forma progressiva e normalmente irreversível e pode ter causas muito variadas, que vão desde deficiências nutricionais até traumas ocorridos na região da cabeça. Em alguns casos, ela pode ser revertida e controlada.
Doença de Alzheimer
A Doença de Alzheimer é o tipo mais comum de demência. Ela é caracterizada pela perda progressiva e sempre irreversível de perda das conexões entre as células do cérebro, chamadas de neurônios. Os principais sintomas desse problema envolvem a perda de memória e a dificuldade em realizar tarefas do dia a dia.
Demência vascular
A demência vascular acontece após a perda de regiões cerebrais por conta da interrupção no fluxo sanguíneo. Esse é um grande problema pois o sangue é o que oxigena os nossos tecidos. Um bom exemplo de problema que pode gerar essa consequência é o acidente vascular cerebral (AVC).
Demência com Corpos de Lewy
Corpos de Lewy é o nome dado a uma condição que se caracteriza pelo acúmulo de proteínas em determinadas áreas do cérebro, levando a uma perda também progressiva das funções naquela região. Os seus sintomas são bem semelhantes aos da Doença de Parkinson, que veremos a seguir.
Demência da doença de Parkinson
Os tremores são o principal sintoma da Doença de Parkinson, enfermidade que também pode ter a demência como um quadro presente. No entanto, o paciente também apresenta dificuldades de comunicação, rigidez muscular e uma perda progressiva das capacidades cognitivas.
Demência frontotemporal
A demência frontotemporal é um tipo específico de quadro de demência, que afeta apenas a região da frente do cérebro. As suas causas ainda não foram bem determinadas, mas se especula que ela tem uma origem parecida com a da Doença de Alzheimer.
O que leva uma pessoa a ter demência?
Chegou a hora de descobrir algumas das possíveis causas para o desenvolvimento da demência. Vamos lá?
Patologias neurodegenerativas
A primeira causa para o desenvolvimento da demência é o surgimento de doenças neurodegenerativas. Sendo assim, ela é um quadro apresentado nesse tipo de enfermidade, como é o caso do Alzheimer.
Nesses casos, há um dano progressivo às células nervosas, o que compromete gradativamente a qualidade de vida do paciente acometido pelo problema.
Traumas ao cérebro
Traumas cerebrais, ou seja, machucados e pancadas que atingem a região do cérebro, também podem ser possíveis causas de demência.
Ou seja: se você se acidentar e lesionar uma determinada área cerebral, é possível que ela se torne inativa. Com isso, há uma redução dos neurônios e, consequentemente, da função motora e social do indivíduo.
Doenças variadas
Problemas como a presença de tumores cerebrais também podem fazer com que o paciente apresente um quadro de demência. A causa é a mesma do tópico anterior: a inatividade de certas áreas do cérebro por conta do aumento do tumor.
Nesses casos, a demência pode ser revertida caso o paciente consiga realizar a remoção cirúrgica do agente causador dos sintomas.
Idade
Ainda que a demência não seja um problema exclusivo da população idosa, é inegável que pessoas acima dos 65 anos têm uma maior chance de desenvolver esse tipo de quadro.
No entanto, é importante salientar que não há impedimentos para que pessoas mais jovens desenvolvam a demência, ok? Essa é apenas uma questão estatística.
Genética
Pessoas que têm casos de demência na família têm uma maior chance de desenvolver o mesmo problema em algum momento do futuro.
Mas novamente: isso não é uma regra. A predisposição genética não é uma sentença de que você também terá demência. Um estilo de vida saudável pode ajudar bastante na prevenção!
Sedentarismo
Há evidências de que o sedentarismo pode colaborar para o aumento das chances de desenvolvimento da demência no futuro.
Por isso, sempre que possível, se mexa! A prática regular de atividades físicas, ainda que seja uma simples caminhada, só tem a fazer bem para o seu organismo e para a saúde como um todo.
Uso excessivo de álcool
Assim como há evidências de que o sedentarismo prejudica a saúde dos neurônios, é importante ressaltar que cada vez mais a ciência chega próxima de respostas sobre a relação entre o álcool e a demência.
A resposta? Ela não é nada boa. Há fortes indícios de que o costume de ingerir bebidas alcoólicas não faz nada bem para as células nervosas.
Poluição do ar
Você sabia que a presença de poluentes no ar atmosférico também pode ser um fator de risco para o desenvolvimento da demência? Por incrível que pareça, pessoas que vivem em cidades poluídas saem perdendo nesse contexto.
Isso acontece porque as substâncias químicas presentes na composição desse ar têm o poder de mexer com as células nervosas, os neurônios, prejudicando a sua saúde. Sendo assim, cuidar da poluição é, também, uma questão de saúde pública.
Tabagismo
Estudos também mostram que há uma relação entre a aceleração do processo de degeneração dos neurônios entre fumantes.
Ou seja: fumar é algo que só traz prejuízos para a saúde, prejudicando inclusive o bem-estar neuronal dos indivíduos. Caso você ainda tenha esse hábito, é hora de buscar alternativas para deixá-lo de lado o quanto antes.
Deficiências nutricionais
As vitaminas e minerais participam, em nosso corpo, de milhares de reações. Muitas delas atuam na renovação celular e carência ou deficiência desses nutrientes podem representar um risco aumentado de demência.
Bons exemplos de vitaminas que estão relacionadas com o sistema nervoso são a B12 — além de outros exemplares do complexo B — e a vitamina D.
Uso de medicações
Por fim, não podemos deixar de salientar que há uma relação entre o uso de alguns medicamentos e o risco aumentado do desenvolvimento da demência no futuro. Isso acontece por conta das reações que os fármacos realizam em nosso organismo.
O mais interessante é que estamos falando de medicamentos simples, como os remédios para aliviar os sintomas da gripe. Por isso, evitar a automedicação é sempre o melhor caminho.
Lembrando que algumas dessas causas são confirmadas, enquanto outras ainda são hipóteses que precisam de mais confirmações científicas. A demência ainda é um problema relativamente desconhecido e que faz parte do dia a dia de pesquisa de muitos estudiosos em todo o mundo!
Quais são os sinais da demência?
A demência pode trazer sinais bem diferentes, a depender do seu tipo, grau e de outras características de cada paciente. No entanto, os sintomas mais frequentes são:
- alterações na memória;
- dificuldade para falar;
- complicações na hora de se locomover;
- perda de reflexos;
- incontinência urinária;
- esquecimento de como fazer atividades simples, como escovar os cabelos;
- mudança de hábitos;
- mudanças de personalidade;
- desorientação;
- dificuldade de aprender;
- dificuldade em reconhecer pessoas ou se lembrar de nomes;
- comportamentos inadequados em sociedade;
- agressividade;
- dificuldade em engolir, entre outros.
Quais são as possíveis complicações da demência?
Em casos graves, a demência traz consequências que são incompatíveis com a qualidade de vida dos pacientes acometidos. Elas incluem:
- desnutrição;
- pneumonia;
- pressão em órgãos;
- perda total da capacidade de socialização, entre outros.
A morte pela demência acontece, na maioria das vezes, por conta das dificuldades que o paciente apresenta em se alimentar ou respirar. Como ele não consegue engolir da maneira adequada, é normal que ocorra a chamada pneumonia por aspiração, quando o alimento ou o líquido vai parar no pulmão. Esse quadro pode evoluir para uma infecção grave e levar as pessoas ao óbito.
Além disso, a desnutrição é um grande problema, gerando alterações na imunidade e deixando o paciente mais propenso a se infectar com um vírus ou bactéria que, em casos de pessoas debilitadas, pode ser fatal.
Por fim, há o risco de dificuldade respiratória e outros comprometimentos ligados a essa enfermidade.
Quais são os fatores de risco da demência?
Com as causas da demência, já temos algumas ideias de quais seriam os seus fatores de risco. No entanto, é bom ressaltá-los para que você possa compreender esses pontos de uma vez por todas. Eles incluem:
- idade;
- genética;
- sedentarismo;
- abuso de álcool;
- tabagismo;
- problemas cardiovasculares, que aumentam o risco da ocorrência de um AVC;
- presença de alterações cromossômicas, como a síndrome de Down;
- poluição do ar;
- traumas à cabeça;
- deficiências de vitaminas e minerais;
- uso de alguns tipos de medicação.
Como identificar a demência?
O diagnóstico da demência é feito, muitas vezes, a partir da exclusão de outras possíveis causas para os sintomas apresentados. O médico fará uma avaliação minuciosa do paciente, com perguntas e exames físicos para avaliar reflexos, força muscular, equilíbrio e outros pontos que podem estar relacionados a essa enfermidade.
Depois, solicitará exames laboratoriais para identificar alguma possível causa para os sinais vistos durante a consulta. Caso tudo venha inconclusivo, o paciente vai precisar fazer alguns exames de imagem, como a tomografia computadorizada e a ressonância magnética, para que o profissional busque evidências de modificações cerebrais compatíveis com a demência.
Qual profissional recorrer?
Os primeiros atendimentos de um paciente com sintomas de demência pode ser feito pelo clínico geral, no caso de adultos, e pelo geriatra quando o indivíduo for idoso. Ele será capaz de identificar sintomas importantes e de realizar testes iniciais para fechar um diagnóstico.
O acompanhamento, no entanto, é feito entre esses profissionais e outros especialistas, como é o caso do neurologista. Casos de demência gerados por outras causas que não as neurodegenerativas serão avaliados por médicos relacionados à origem do problema.
Muitas vezes, o médico psiquiatra também pode participar de todo esse processo, prescrevendo classes de medicamentos sobre as quais falaremos um pouco mais à frente.
Como funciona o tratamento para a demência?
O tratamento para a demência é multifatorial. Ele envolve terapias tradicionais e medicamentosas e, também, abordagens integralistas e diferenciadas. Bons exemplos destas são a acupuntura, a fisioterapia, o uso de estratégias da Fonoaudiologia e muito mais.
Além disso, o paciente pode fazer psicoterapia, técnica que também é indicada aos seus cuidadores e entes queridos. Afinal, todos estão passando por um processo de adaptação e aceitação e é imprescindível lidar com esses sentimentos da melhor forma possível.
Conheça os principais medicamentos para a demência
Agora que você já conhece algumas estratégias relacionadas com o tratamento da demência, é importante compreender, também, quais são as classes de remédios envolvidas nessas terapias. Confira!
Medicamentos para demência: fármacos antipsicóticos
Medicamentos antipsicóticos são indicados para pessoas que apresentam sintomas de psicose, tendo efeitos de sedação (ou seja, sonolência) e ajudando também nas habilidades motoras.
Por conta dessas propriedades, eles são comumente prescritos para pacientes que têm variados tipos de demência.
Medicamentos para demência: fármacos anticonvulsivantes
Ainda que os anticonvulsivantes sejam, como o nome já diz, para tratar convulsões, nem sempre essa é a única aplicação desse tipo de remédio.
Nas demências, essa classe de medicamentos é bem útil para controlar sintomas motores, como os tremores e até mesmo a dificuldade de se locomover.
Medicamentos para demência: fármacos antidepressivos
Os antidepressivos são utilizados em quadros de depressão, já que atuam nas reações químicas do cérebro, a fim de tentar estabilizar o humor e deixar o paciente emocionalmente equilibrado.
Pacientes com demência podem se sentir deprimidos, o que já justificaria o uso desse tipo de fármaco em seus tratamentos. No entanto, os antidepressivos também ajudam em sintomas como a agitação e a agressividade.
Medicamentos para demência: suplementos dietéticos
Por fim, outro tipo de tratamento muito utilizado nos casos de demência são os suplementos dietéticos. Eles são tanto apresentados na forma de reposição de vitaminas, quanto na nutrição.
Pacientes com deficiências vitamínicas devem fazer a suplementação adequada e os que não conseguem se alimentar sozinhos precisam de apoio nesse quesito. A nutrição pode ser feita com auxílio por via oral ou até mesmo com a utilização de outras vias, normalmente supridas pela colocação de sondas para alimentação.
Cannabis Medicinal auxilia no tratamento para demência?
Os compostos canabinoides são substâncias extraídas de várias plantas, sendo a Cannabis sativa uma das mais comumente faladas por aí. Há vários tipos de remédios na Medicina Canabinoide e, entre todos eles, os mais famosos e utilizados são o canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC).
Mas, afinal, como esse tipo de medicação funciona? A explicação é bem simples. Todos os seus benefícios (que não são poucos!) têm relação com a ativação do sistema endocanabinoide. Este, por sua vez, é composto por receptores que se encontram em todo o organismo.
Quando ingerimos ou utilizamos algum canabinoide, há a ativação desses receptores e, consequentemente, mensagens são enviadas para o cérebro, que completam o ciclo endocanabinoide. Nele, é enviada a ordem para que reações do corpo — todas ligadas ao bem-estar, como propriedades para regular o sono, a fome, a dor e as inflamações do organismo — sejam melhoradas.
No caso da demência, as evidências mostram que a Cannabis Medicinal não ajuda apenas com o controle de sintomas como tremores, dores e insônia, mas também com a proteção de neurônios, a redução da oxidação de moléculas e a modulação de células do sistema nervoso em geral. Assim, há uma desaceleração no processo degenerativo, fazendo com que o paciente permaneça estável por muito mais tempo.
Estudos que apontam benefícios da Cannabis
Entendeu mais sobre o funcionamento da Cannabis Medicinal? Agora, é hora de falarmos sobre alguns estudos sobre o tema. Eles comprovam a eficácia desses fármacos e se somam aos relatos de pacientes que se beneficiaram com o tratamento. Vamos lá!
A primeira publicação selecionada se chama “Safety and effectiveness of cannabinoids for the treatment of neuropsychiatric symptoms in dementia: a systematic review”. Ela é uma revisão de literatura, ou seja, um estudo que selecionou outras pesquisas para avaliar e cruzar dados encontrados entre elas.
Para os autores, os resultados encontrados em 12 pesquisas diferentes foram satisfatórios quanto aos benefícios da Cannabis para o tratamento da demência, melhorando os sintomas da maior parte dos pacientes envolvidos. Os compostos também foram considerados seguros, com a sedação como efeito colateral mais comumente observado.
Em seguida, temos mais uma revisão da literatura. Dessa vez, ela se chama “Effectiveness of Cannabinoids for Treatment of Dementia: A Systematic Review of Randomized Controlled Trials” e avaliou 5 pesquisas, coletando informações importantes em cada uma delas. Houve um resultado satisfatório na resolução da anorexia, sintoma muito frequente entre pacientes com demência.
O próximo estudo se chama “The Use of Cannabinoids in Treating Dementia” e analisou estudos em busca de evidências de melhoras em sintomas como a agitação e problemas motores, com sucesso nos resultados encontrados.
O mesmo foi observado na publicação “Cannabinoids for the Treatment of Agitation and Aggression in Alzheimer’s Disease”, que também avaliou melhora no sintoma da agressividade e no relato de caso “The cannabinoid receptor agonist nabilone for the treatment of dementia-related agitation”, focado exclusivamente na agitação.
Por fim, temos o estudo chamado “Neuroprotective antioxidants from marijuana”. Nele, foram observadas evidências da habilidade neuroprotetora dos canabinoides, que reduzem a toxicidade sofrida pelas células cerebrais (neurônios) em casos de demência. Assim, ele representa uma ótima possibilidade para tratar pacientes que lidam com esse tipo de enfermidade.
Como é feito o tratamento auxiliar por meio da Cannabis Medicinal?
Há várias vias de administração para a Cannabis Medicinal, como cápsulas, cremes e muito mais. No entanto, o tratamento da demência com esses fármacos é, na maior parte das vezes, realizada com óleos.
Boa parte das vezes o tratamento é feito com óleos de amplo espectro, ou seja, que têm mais do que um tipo de canabinoide em sua composição. Eles têm um melhor custo-benefício, são mais fáceis de serem encontrados e funcionam muito bem contra os sintomas dessas enfermidades.
A quantidade de gotas que o paciente utilizará por dia será determinada a partir do quadro clínico de cada um. Ela é completamente pessoal e o tratamento só pode ser iniciado após a prescrição de um médico.
Onde buscar ajuda para tratamento à base de Cannabis Medicinal?
Como é necessário uma prescrição para conseguir esse tipo de remédio, é necessário encontrar um profissional capacitado para tal tarefa. E, infelizmente, poucos médicos do Brasil têm a experiência e qualificação necessárias para fazer receitas como essa de maneira segura e eficaz.
A boa notícia é que você encontra os nomes que conseguem prescrever os canabinoides com apenas uns cliques! Eles estão todos reunidos no portal Cannabis & Saúde, por onde você pode realizar o seu agendamento de consulta com um médico prescritor de Cannabis sem dores de cabeça ou qualquer tipo de complicação. Prático, fácil e eficiente!
Conclusão
Como podemos observar, os medicamentos para demência incluem o tratamento com a Cannabis Medicinal. Essa é uma estratégia recente, mas que tem mostrado grandes avanços e tem sido cada vez mais utilizada em todo o mundo.
Se você deseja iniciar o seu tratamento com os canabinoides ou conhece alguém que se beneficiaria com essa estratégia, agende agora mesmo uma consulta com um médico prescritor da Cannabis Medicinal.