Empresária bem sucedida, Cátia Bensoussan tinha uma vida “normal” aos olhos da sociedade. O coquetel de alopáticos, no entanto, sempre demonstrou que algo não andava bem.
Ainda aos 13 anos, a primeira crise depressiva. Episódio que se repetiu aos 23, quando buscou os cuidados de um clínico geral, que receitou medicamentos antidepressivos.
Sua primeira visita a um médico psiquiatra aconteceu apenas aos 27, diante de mais uma crise que a fazia pensar em atentar contra a própria vida. Saiu com um diagnóstico de transtorno afetivo bipolar.
O tratamento com medicamentos alopáticos conseguiu estabilizar seu humor. Eram antidepressivos, ansiolíticos, soníferos e antipsicóticos, combinados de acordo com a necessidade de Bensoussan no momento.
“Eu me lembro que durante a pós-graduação, eu não conseguia ficar acordada, como efeito colateral dos medicamentos. Comecei a tomar um remédio e a ficar acelerada. Ai eu não conseguia mais dormir e tinha que tomar sonífero”, conta.
“Parecia um robô”
“Ai fica nessa brincadeira de remédio para acordar e remédio para dormir. Assim a gente vai executando as tarefas da vida e vai sendo vista como uma mulher funcional perante a sociedade.”
Esta imagem superficial deixou de se sustentar depois que completou os 40 anos de idade. Com problemas pessoais que se estenderam também para a vida profissional, passou a adicionar outra substância à sua rotina na tentativa de se manter produtiva.
“Eu fiz uso abusivo de cocaína. Não foi um uso prolongado, mas me causou muito prejuízo em minha saúde mental. Eu não compreendia porque fazia aquilo. Eu tava com 44 anos, já era um laboratório de medicações e não entendia oque se passava comigo. Isso tudo fez com que eu tentasse novamente o suicídio.”
Sua família a internou em um instituto psiquiátrico, onde permaneceu por 18 dias. “O médico disse que eu não era dependente química. Eu era depressiva e tinha que voltar para minha casa, para minha vida. Que aquilo ali tinha sido uma coisa pontual.”
No retorno, porém, teve dificuldades de seguir as orientações médicas e buscou uma outra especialista para lidar com sua situação. “Fiquei bem para os outros. Por dois anos eu vivi extremamente medicada. Parecia um robô.”
“Eu quase morro”
Anos de medicações extremamente tóxicas, porém, cobraram a conta. “Eu adoeci e comecei a ficar muito magra. Infecções, dores no corpo, problemas renais. Foi um ano e meio tomando antibióticos para prevenir infecções, mas seguia perdendo peso e sem energia.”
A volta do uso de cocaína e das ideações suicidas foram consequência. Para tentar descobrir o que estava acontecendo com ela, retornou aos instituto de psiquiatria, onde permaneceu por 48 dias.
“O médico me virou do avesso. Estava comendo uma dieta hipercalórica seis vezes por dia, mas seguia emagrecendo. Perdi seis quilos no hospital. Estava me sentindo muito sozinha.”
Sem qualquer solução para o seu problema, foi para a casa da avó, mas os problemas persistiam. “Eu estava desnutrida. Meu metabolismo estava muito acelerado e acabava queimando tudo que ingeria. Hoje eu compreendo que as medicações que eu estava tomando aceleraram ainda mais meu metabolismo que já é acelerado.”
Mesmo livre de qualquer substância que não fosse prescrita pelos médicos, o corpo de Cátia seguia definhando. “Comecei a sofrer quedas. Acordava com o rosto todo quebrado.”
Junto com a família, buscou um neurologista e foi diagnosticada, no ano de 2020, com um quadro inicial de demência frontotemporal. “Essa demência você perde o sistema inibitório o primeiro. É demência da inconveniência. A primeira coisa que você perde é a noção social. Eu fiz algumas coisas que envergonharam meus filhos e familiares.”
Fragilizada, era acometida por frequentes infecções intestinais. A última, a levou para a UTI com um quadro de infecção generalizada. “Eu quase morro.”
Intoxicação por alopáticos
Já recuperada da sepse e sob os cuidados da neurologista Silvia Laurentino, professora na Universidade Federal de Pernambuco, Cátia seguiu para mais uma jornada de exames para que seu quadro pudesse ser compreendido.
Dessa vez, o diagnóstico a colocava dentro de espectro autista. A condição fazia com que seu organismo fosse mais sensível aos medicamentos. A demência foi causada pela intoxicação decorrente anos de uso de medicamentos alopáticos.
A via de tratamento deveria necessariamente reduzir o volume de medicamentos que Bensoussan ingeria diariamente, além de cuidar dos sintomas que acumulava. A neurologista Laurentino sabia que a única opção terapêutica que poderia proporcionar essa melhora sistêmica seria a Cannabis medicinal, cujo tratamento contava com o acompanhamento de Wilson Freire e Evaldo Melo, clínico e psiquiatra, respectivamente.
“Eu tenho diagnóstico também de artrite reumatoide. Eu acordava com o dedo engatilhado, com dores nas juntas. Tudo característica do autismo, que traz uma sobrecarga sensorial. Eu passei a vida tomando remédio para dor, conta.
Na terceira semana com o óleo rico em CBD, sua vida começou a mudar. “Eu fiz as pazes com o meu corpo. Eu era uma pessoa travada. Você não tem qualidade de vida com dor.”
“Eu me lembro que eu ficava: meu Deus, olha, eu me mexo. Eu consigo me mover. Abrir e fechar a mão. Para a dor foi o primeiro remédio que abandonei.”
Sem dores, passou a dormir melhor. Mais disposta, conseguiu adotar uma vida mais saudável. Este foi somente o início.
“Estou em paz”
Em julho de 2022 completou um ano que está em tratamento com Cannabis medicinal, em associação com terapias e estabilizante de humor.
“Quando penso que eu estava escrevendo cartas para meus filhos, com medo de perder a memória. Eu só vivia com acompanhante, cuidadora. Eu cheguei ao ponto de não conseguir acertar o garfo na boca.”
“Hoje eu faço absolutamente de tudo. Saio, pego Uber, faço minha feira, cuido da casa, dos cachorros.”
“Ninguém divide a minha patologia comigo. As pessoas podem cuidar de mim, me alimentar, mas ninguém divide. A doença é só minha e eu que tenho que lutar. Foi por isso que fui atrás da Cannabis.”
“Ganhei 12 quilos, tenho uma vida funcional, um estado clínico saudável e psiquiátrico estável. Estou em paz.”
“Às vezes até estranho. Fico esperando acontecer alguma coisa ruim. A sensação que eu tenho é porque foi tanta coisa ruim na minha vida que, às vezes, eu acho que vai acontecer de novo. Mas acho que finalmente.”
“Eu tenho orgulho”
Hoje, Cátia só lamenta o fato deste medicamento que lhe resgatou a vida não ser mais acessível e difundido. “Tantas pessoas não têm essa chance. Pessoas que conseguem êxito do suicídio. Você se sente um rato de laboratório e não compreende porque você não vai para frente. Você se esforça e não consegue. As pessoas sentam na sua frente e dizem: não fica assim, vai dar certo, e você não vê dá certo. E aí você cansa.”
“É tão insuportável que você quer ir embora. Eu sou uma minoria que não conseguiu sobreviver. Espero que meu exemplo sirva para que as pessoas tenham acesso à Cannabis e que a lei facilite. O preconceito é um absurdo. Eu não tenho um pingo de vergonha da minha trajetória. Eu tenho orgulho.”
Bensoussan se tornou pesquisadora de Saúde Mental, com foco em Autismo adulto de diagnóstico tardio.
Cannabis para a redução de alopáticos
A Cannabis é diferente dos medicamentos alopáticos convencionais pois atua diretamente no sistema endocanabinoide, que é responsável pela regulação do funcionamento – homeostase – de órgãos, células e sistemas do organismo. Pesquisas cientificas demonstram que muitas doenças são em decorrência do mal funcionamento do sistema endocanabinoide.
A Cannabis possui componentes – fitocanabinoides – muito semelhantes aos produzidos por nosso corpo para que o sistema endocanabinoide cumpra seu papel de manter o organismo em equilíbrio. Os medicamentos a base de Cannabis medicinal conseguem auxiliar o funcionamento do sistema endocanabinoide pois são entregues na dose e composição precisa para devolver o equilíbrio ao organismo.
Por esse motivo é tão importante buscar o acompanhamento de um médico com experiência na prescrição de Cannabis medicinal, além de ser a única maneira legalizada de acesso ao tratamento no Brasil.
Na plataforma de agendamento do portal Cannabis & Saúde reunimos mais de 200 médicos, com variadas especialidades, com experiência na prescrição do medicamento. Nosso sistema de busca te ajuda a encontrar aquele que melhor se adequa a sua condição.