A endometriose é uma doença que afeta cerca de 5 a 15% das mulheres em idade reprodutiva. No Brasil, cerca de 6,5 milhões de brasileiras são diagnosticadas com endometriose.
Tem este nome porque decorre da presença de endométrio, isto é, o tecido que recobre a parte interna da cavidade uterina, fora do útero. O endométrio pode estar presente em diferentes órgãos e locais do abdômen. Por exemplo, entre o útero e o intestino, nos ovários, no intestino, na bexiga e até em órgãos distantes, porém, isto é bem raro. A dor é uma das principais consequências da endometriose.
Dor como principal sintoma
Geralmente as mulheres com endometriose se queixam de dor severa que tem grande impacto na qualidade de vida. A dor normalmente está associada ao estresse psicológico e fadiga que ajudam a piorar ainda mais a dor. Além da dor, a mulher também pode apresentar cólicas menstruais intensas, dor durante a relação, dor pélvica fora do período menstrual, dor para urinar e dor lombar. Estima-se que 30 a 40% das mulheres com endometriose possam ter problemas relacionados à infertilidade.
Tratamentos para endometriose
O tratamento pode ser medicamentoso ou cirúrgico, ou ainda a combinação desses. O tratamento medicamentoso é realizado com hormônios com intenção de produzir uma pseudogravidez, pseudomenopausa ou ciclos anovulatórios, desfavorecendo o crescimento e manutenção dos focos da endometriose. Como tratamento cirúrgico, temos o conservador (preservando a fertilidade da paciente) ou radical (levando à retirada do útero). Estes tratamentos muitas vezes são ineficazes e normalmente acompanhados de importantes efeitos colaterais. Até o momento não existe cura definitiva para endometriose. Os tratamentos tem como objetivo melhorar a qualidade de vida das pacientes.
Tratamento com Cannabis
O aparelho reprodutor feminino contém uma das maiores concentrações de receptores canabinóides do organismo e uma concentração de endocanabinóides maior do que no cérebro.
Os receptores mais conhecidos e estudados estão presentes, o receptor CB1 e o CB2. Eles são estimulados pelos endocanabinóides (substâncias que nós produzimos) para recuperar o equilíbrio do organismo quando este se desequilibra. A Cannabis possui substâncias que se ligam a estes receptores e tem a mesma ação dos endocanabinóides. As substâncias mais conhecidas da Cannabis são o THC e o CBD (canabidiol), mas existem mais de 500 substâncias ativas.
Através desta ligação a Cannabis é importante no tratamento dos sintomas, principalmente da dor e da endometriose em si, diminuindo o tecido que se encontra fora do útero e impedindo uma migração maior.
Além dos sintomas relacionados à endometriose, a Cannabis pode ser eficaz também nos tratamentos de:
- Cólica Menstrual
- Dispareunia (dor durante a relação sexual)
- Infecções Vaginais
- Ovários Policísticos
- Síndrome da Tensão Pré Menstrual
- Menopausa
A grande vantagem do uso da Cannabis é a ausência de efeitos colaterais importantes
Efeitos como sonolência e sedação podem ocorrer durante o período de dosificação, isto é, até determinar a dose ideal para a paciente, mas normalmente são de leves a moderadas.Por se tratar de uma patologia crônica não existe tempo pré determinado para o tratamento da endometriose, podendo ser usado de forma contínua sendo interrompido somente em caso de gravidez ou amamentação.
Portanto, através do conhecimento das ações do sistema endocanabinoide no órgão reprodutor feminino, podemos utilizar os fitocanabinóides que, atuando no nosso sistema endocanabinóide diminuíram a dor inflamatória, e a proliferação do endométrio para fora do útero, além da regressão das lesões já existentes.