Ao longo da década passada, o oftalmologista Tiago Di Girolamo Vita passou a acompanhar notícias do uso da Cannabis para o tratamento de glaucoma nos EUA. Usuário recreativo durante a juventude, abandonou o uso quando percebeu que estava interferindo negativamente em seu dia-a-dia. Quando soube que poderia ter propriedades medicinais, a curiosidade foi imediata.
Decidiu que começaria a estudar sobre o tema. Fez cursos, leu muito e, conforme aprendia, crescia seu interesse pelo tema. Só tinha um problema: ele não encontrava muita aplicação prática para a indicação da Cannabis como oftalmologista.
Cannabis e o oftalmologista
Mesmo o glaucoma. O canabidiol aumenta a pressão ocular, justamente o que se busca evitar na doença. Já o THC, reduz. No entanto, seu efeito é passageiro e limitado. A pessoa teria que consumir altas doses de THC ao longo do dia para se tratar, o que não é viável. Alguns colírios contendo THC estão disponíveis por importação, mas não possuem eficácia comprovada e custam caro.
“O CBD tanto o quanto o THC tem efeito neuroprotetor. Isso a gente quer para o paciente com glaucoma. Teoricamente seria bem interessante o THC com essas duas finalidades: baixa pressão e a neuroproteção. Mas teria que tomar de quatro em quatro horas e me parece inviável”, afirma.
“Pro meu paciente, eu falo que tem um efeito neuroprotetor, que eu acho bem interessante, mas a gente não pode esquecer da pressão. Então não vamos abandonar o tratamento com colírio e, se precisar, da indicação cirúrgica para controlar a pressão.”
“Efeito neuroprotetor nenhuma tem, e eu vejo um potencial muito grande, só que nossa sociedade não reconhece, a sociedade de canadense não reconhece, a sociedade americana ainda não reconhece, pro tratamento do glaucoma. As principais sociedades do mundo não reconhecem, então a gente até fica meio pisando em ovos.”
Expandindo os horizontes
Apesar de ainda não ser tão efetivo para a pressão ocular, em seus estudos encontrou diversas indicações que a Cannabis medicinal poderia melhorar a qualidade de vida das pessoas, inclusive dele próprio. Para a ansiedade e ajudar na recuperação muscular pós atividade física, iniciou o tratamento com o óleo de Cannabis medicinal. Logo começou a prescrever para familiares, como sua mãe que está em tratamento oncológico.
Começou a publicar os resultados nas redes sociais, e logo amigos vieram procurá-lo para indicação. “Uma das primeiras pacientes é a avó de uma oftalmo com Alzheimer que teve um resultado impressionante. Ela já me procurou com essa intenção, dizendo que o neurologista era contra. A gente começou a prescrever e, em torno de um mês, me mandou um áudio relatando a melhora da paciente.”
“Aí comecei a ver que tinha outras aplicações, mas que os especialistas não estavam querendo prescrever. Eu falei: bom, como eu me interesso muito pelo assunto, vou fazer até as pessoas abrirem a cabeça e começaram a prescrever,” continuou, se referindo à Ilhéus, na Bahia. “Eu acho que vai ser uma realidade no futuro e o médico que não souber prescrever, vai estar realmente para trás. Até lá, eu quero poder oferecer esse tratamento aos pacientes da cidade.”
Tapando buraco
Hoje, Vita divide sua atuação entre pacientes oftalmológicos e qualquer outro que busque o tratamento com Cannabis medicinal. Define sua atuação como uma consultoria médica, já que acompanha os pacientes semanalmente por dois meses até se certificar da correção das doses e que o potencial da Cannabis medicinal será todo atingido. O tratamento é sempre como adjuvante, acompanhando o tratamento convencional já prescrito pelo especialista.
Seu trabalho é preencher a lacuna de conhecimento de seus colegas a respeito do potencial dos fitocanabinoides. “A medicina tradicional não fala disso. Eu, há 15 anos, na faculdade, nunca tinha ouvido falar em sistema endocanabinoide, e olha que já tinha sido descoberto faz tempo. A maioria dos médicos sequer ouviu falar desse tema, enquanto deveria estar na grade escolar. O caminho é longo, mas eu sou um entusiasta da medicação.”
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